• Nenhum resultado encontrado

CARACTERIZAÇÃO DO RCC PRODUZIDO NO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA

Fluxograma 1 Etapas do trabalho

6.3 CARACTERIZAÇÃO DO RCC PRODUZIDO NO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA

Com a estimativa de RCCs coletados pelas empresas A e B, pode-se presumir a quantidade de 1.170 m³/mês de resíduos da construção civil produzidos pelo município de Ilha Solteira, tendo assim, uma geração per capita aproximada de 1,87 kg/hab.dia, como mostra a Tabela 12.

Tabela 12 - Quantidade de RCC coletados no município.

Adotada massa específica do RCC de 1,2 t/m³ (PINTO, 1999).

O Gráfico 4 representa a caracterização dos RCCs do município segundo a Resolução CONAMA nº 307, os dados apresentados foram obtidos através da média da composição dos resíduos coletados pelas empresas A e B.

Ilha Solteira

Coleta de caçambas/mês 390

Geração de RCC (m³/mês) 1.170

Geração de RCC (t/dia) 46,8

População (IBGE, 2010) 25.064

Gráfico 4 - Distribuição percentual da composição dos RCCs de Ilha Solteira.

O Gráfico 4 ilustra a composição das amostras de RCCs coletadas no município de Ilha Solteira, dos quais cerca de 78,14% são resíduos classe A; 17,77% são resíduos classe B; 0,71% são classe C e 0,68% são resíduos classe D. Dentre os resíduos pode-se observar a presença de matéria orgânica, como folhas, gramas e galhos de árvore, sendo estes cerca de 2,7% do RCC analisado.

Sabendo que a geração mensal de RCC do município é de aproximadamente 1.170 m³ e que 78,14% desse valor corresponde aos resíduos classe A, pode-se estimar a geração de RCC classe A em m³/ano, m³/mês e m³/hora, estes valores estão demonstrados na Tabela 13.

Tabela 13 - Quantidade gerada de resíduo classe A. Resíduos Classe A Porcentagem presente no RCC 78,14% Geração em m³/ano 10.970,88 Geração em m³/mês 914,24 Geração em m³/hora 1,73 78,14% 17,77% 0,71% 0,68% 2,7% Classe A Classe B Classe C Classe D

Outros - Folhas, gramas e galhos de árvore

Portanto, com os valores apresentados na Tabela 13, e através de pesquisas e levantamentos bibliográficos a respeito das máquinas e equipamentos responsáveis pela reciclagem dos resíduos da construção civil, tem-se que são necessários para o processo de reciclagem, equipamentos como: alimentador vibratório, transportadores, britador, eletroímã e peneira vibratória.

Com o intuito de determinar o orçamento da instalação de uma usina de reciclagem de RCC que atenda as necessidades do município, e sabendo, através do estudo realizado, que a produção de entulho classe A em Ilha Solteira é de aproximadamente 1,73 m³/hora, encontrou-se disponível em mercado um conjunto de equipamentos com produção de 2 m³/hora, que transforma o entulho em três frações de material reciclado.

O fabricante do conjunto de equipamentos para reciclagem apresenta a produção da máquina equivalente a 24 horas de funcionamento, portanto a produção de entulho do município, gerado em m³/hora, foi calculada com o mesmo parâmetro. Para o estudo, não foram considerados gastos em relação à energia elétrica e mão-de-obra necessária para o funcionamento de uma usina de reciclagem. Porém, esses custos devem ser levados em consideração e orçados pela prefeitura do município, optando por uma quantidade viável de horas de funcionamento da usina.

O orçamento para o ano de 2014 e os equipamentos que compõem o conjunto de reciclagem são mostrados na Tabela 14 e na Figura 15.

Tabela 14 - Conjunto de equipamentos para a reciclagem do RCC. Equipamento Quantidade Preço (un)

Alimentador 1 R$ 18.000,00 Transportador (500x4) 1 R$ 9.000,00 Britador 1 R$ 46.800,00 Transportador (400x4) 3 R$ 8.700,00 TOTAL R$ 99.900,00 Fonte: Vegedry (2014).

Figura 15 - Conjunto para a reciclagem de RCC Fonte: Vegedry (2014).

Para a instalação de uma usina de reciclagem, também devem ser avaliados os gastos com a infraestrutura do local, sendo considerados custos com o terreno, a construção do galpão, as edificações administrativas e a mão-de-obra necessária para a execução.

E ainda, com as pesquisas realizadas e através de dados bibliográficos, pôde-se saber que é possível reduzir os gastos na implantação de uma usina de reciclagem, pois alguns resíduos classe A possuem tamanho inferior a 63 milímetros, sendo assim, estes podem ser reciclados sem a etapa de britagem, sendo necessário apenas a separação manual dos materiais que não serão reciclados e o peneiramento, resultando em produtos como areia reciclada e pedrisco reciclado, o que simplifica o processo de reciclagem e pode torná-lo até 50% mais econômico.

Tendo em vista que a geração de resíduos classe A do município de Ilha Solteira equivale à 10.970,88 m³/ano e utilizando o conjunto de equipamentos descrito acima, para transformar o entulho em material reciclado, torna-se possível reutilizar os resíduos classe A na forma de agregados. Esta reutilização pode ocorrer na execução de camadas de pavimentação, estabelecido pela norma ABNT NBR 15115:2004; na produção de argamassas de assentamento e revestimento; e na execução de concreto não estrutural, como blocos de alvenaria e meios-fios, normatizado pela ABNT NBR 15116:2004.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (2015), a malha rodoviária brasileira é de aproximadamente 1.700.000 quilômetros, dos quais apenas 203.000 quilômetros são asfaltados, o que demonstra a grande carência neste setor. A utilização dos resíduos reciclados como base e sub-base de pavimentação trás vantagens econômicas na sua aplicação, o que promove o aumento de vias pavimentadas, principalmente as de baixo volume de tráfego. Em análise ao estudo de Motta (2005), verifica-se que o agregado reciclado é de uso promissor em pavimentação e que o município de São Paulo obteve uma economia de 18% no valor de execução de uma base de pavimentação com agregado reciclado, em comparação ao uso do agregado convencional.

Em relação aos danos ambientais, Pinto (1999) resalta em seu estudo que alguns impactos causados pelos resíduos da construção civil são plenamente visíveis, mas que dificilmente estes podem ser quantificados e ter o custo historiado. A reciclagem do RCC é vista como uma alternativa para reduzir os danos ambientais causados pela indústria da construção civil, visando diminuir o volume expressivo dos resíduos, sua destinação irregular, e promovendo a reutilização destes como matéria-prima em novas obras, o que reduz a extração de recursos naturais.

7 CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que:

A análise visual das amostras de caçambas das 2 empresas responsáveis pela coleta dos resíduos, mostra que o RCC produzido pelo município de Ilha Solteira apresenta grande volume de resíduos classe A em sua composição, sendo estes responsáveis pelo valor aproximado de 78,14% do volume das caçambas de entulho estudadas.

A Resolução CONAMA nº 307 define os resíduos classe A como sendo passíveis de reciclagem e reutilização, e como pôde ser analisado em estudo, estes apresentam um volume expressivo entre os RCCs gerados pelo município. Sendo assim, concluí-se que a reciclagem e o reaproveitamento dos resíduos classe A traria benefícios econômicos e ambientais à cidade, que economizaria na compra de materiais de construção para obras da prefeitura, evitaria que estes resíduos fossem depositados de maneira ilegal e pouparia a extração de recursos naturais.

Sendo a geração de RCC do município de aproximadamente 1.170 m³/mês e sabendo que 78,14% desse valor corresponde aos resíduos classe A, pôde-se concluir que a produção de RCC classe A equivale à 1,73 m³/hora. Sendo assim, para realizar a reciclagem dos RCCs, a prefeitura poderá optar por equipamentos de reciclagem que tenham a produção média próxima a esta quantidade de entulho classe A gerada.

Em relação aos gastos com a obtenção de equipamentos de reciclagem, conclui-se que a prefeitura pode optar pela compra de máquinas e equipamentos de pequeno porte, avaliados no valor de R$ 99.900,00. E também devem ser considerados os custos com o terreno e a infraestrutura do local, como o galpão e as edificações administrativas.

Porém, outra conclusão é que se o município não quiser inicialmente dispor desse valor, é possível iniciar o projeto de reciclagem com valor reduzido, pois os resíduos que possuem tamanho inferior a 63 milímetros não necessitam de britagem para a sua reciclagem, sendo necessário apenas a separação manual dos materiais que não serão reciclados e o peneiramento. Dessa forma, o processo de reciclagem torna-se mais simples e econômico, pois reduz o valor inicial do investimento com a

compra de equipamentos e economiza com energia elétrica, tornando essa uma alternativa de reciclagem de baixo custo.

Conclui-se também que a indústria da construção civil brasileira requer mudanças no seu processo construtivo e no seu caráter ambiental, visando diminuir o volume de resíduos gerados pelo setor e promovendo o conceito dos 3 R’s da sustentabilidade, fazendo com que a indústria da construção civil não só reduza os seus resíduos, como também os reutilize e os recicle.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES. Apresentação. Disponível em:

<http://www.antt.gov.br/index.php/content/view/4890/Apresentacao.html>. Acesso em: 27 out. 2015.

ALUTAL CONTROLES INDUSTRIAIS. Produtos para cerâmica. Disponível em: <http://alutal.com.br/ceramica/br/produtoDetalhe/separador-magnetico-sm-1000>. Acesso em: 30 mai. 2015.

ANGULO, Sérgio C. Caracterização de agregados de resíduos de construção e demolição reciclados e a influência de suas características no comportamento de concretos. 2005. 167 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola

Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos Sólidos – Classificação. 2 ed. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15112: Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. 1 ed. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação. 1 ed. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15114: Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. 1 ed. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos. 1 ed. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e reparo de concreto sem função estrutural. 1 ed. Rio de Janeiro, 2004.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 17 de jul. 2002. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/>. Acesso em: 06 mai. 2015.

CAPELLO, Giuliana. Entulho vira matéria-prima. Téchne, São Paulo, ed. 112, jul. 2006. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/112/artigo287081- 1.aspx>. Acesso em: 09 mai. 2015.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:

<http://ibge.gov.br/cidadesat/painel/populacao.php?lang=_PT&codmun=352044&sea rch=sao-paulo|ilha-solteira|infograficos:-evolucao-populacional-e-piramide-etaria>. Acesso em: 01 jun. 2015.

JOHN, Vanderley M.; AGOPYAN, Vahan. Reciclagem de resíduos da construção. In: SEMINÁRIO RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES, 2003, São Paulo. Disponível em:

<http://www.researchgate.net/publication/228600228_Reciclagem_de_resduos_da_c onstruo>. Acesso em: 20 mai. 2015.

MARQUES NETO, José da C. Estudo da gestão municipal dos resíduos de construção e demolição na bacia hidrográfica do Turvo Grande (UGRHI-15). 2009. 629 f. Tese (Doutorado em Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.

MIRANDA, Leonardo F. R.; ANGULO, Sérgio C; CARELI, Élcio D. A reciclagem de resíduos de construção e demolição no Brasil: 1986-2008. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 57-71, jan./mar. 2009.

MONTEIRO, José H. P. et al. Manual de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. 200p.

MOTTA, Rosângela dos S. Estudo laboratorial de agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil para aplicação em pavimentação de baixo volume de tráfego. 2005. 134 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes)

Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

NUNES, Kátia R. A. Avaliação de investimentos e de desempenho de centrais de reciclagem para resíduos sólidos de construção e demolição. 2004. 276 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.

Outro destino para o entulho. Limpeza Pública, São Paulo, ABLP, 2009, nº 72.

PEREIRA, Diogo D. de A. Estudo sobre os resíduos da construção civil (RCC) no município de Mamborê-PR. 2014. 59 f. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2014.

PINTO, Tarcísio de P; GONZÁLES, Juan L. R. Manejo e gestão de resíduos da construção civil. Manual de orientação: como implantar um sistema de manejo e gestão nos municípios. Brasília: CAIXA, 2005. 196 p.

PINTO, Tarcísio de P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana. 1999. 189 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

PIOVEZAN JÚNIOR; Gilson T. A. Avaliação dos resíduos da construção civil (RCC) gerados no município de Santa Maria. 2007. 76 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil,

Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2007.

Resíduos sólidos: gerenciamento de resíduos da construção civil: guia do profissional em treinamento: nível 2. Belo Horizonte: ReCESA, 2008. 68 p.

ROTH, Caroline das G; GARCIAS, Carlos M. Construção civil e a degradação ambiental. Desenvolvimento em Questão, Rio Grande do Sul, ano 7, n. 13, p 111- 128, jan. 2009. Disponível em:

<https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/desenvolvimentoemquestao/article/view /169 >. Acesso em: 20 mai. 2015.

SINDUSCON/SP – Sindicato da indústria da construção civil do estado de São Paulo. Resíduos da construção civil e o estado de São Paulo. São Paulo, 2012.

SOUZA, Ubiraci E. L. et al. Diagnóstico e combate à geração de resíduos na produção de obras de construção de edifícios: uma abordagem progressiva. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 4, n.4, p. 33-46, out./dez. 2004.

TESSARO, Alessandra B; SÁ, Jocelito S de; SCREMIN, Lucas B. Quantificação e classificação dos resíduos procedentes da construção civil e demolição no município de Pelotas, RS. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 12, n. 2, p. 121-130, abr. 2012.

URBEM TECNOLOGIA AMBIENTAL. Produtos. Disponível em: <http://www.urbem.com.br/principal.htm>. Acesso em: 05 out. 2015.

VEGEDRY MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. Catálogo. Rolândia, PR, 2014. 10 p.

VEGEDRY MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. Produtos. Disponível em: <http://www.vegedry.com.br/index.php>. Acesso em: 30 mai. 2015.

YLS. Trituradores de entulho. Disponível em: <http://yls.net.br/trituradores3.html>. Acesso em: 30 mai. 2015.

Documentos relacionados