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5 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 Análise do questionário aplicado aos bolsistas de IC

5.1.1 Caracterização dos bolsistas e das atividades de Iniciação Científica

Nesta primeira categoria buscamos identificar o curso dos bolsistas; o tempo em que estão envolvidos com as atividades de pesquisa; a modalidade da bolsa se remunerada ou voluntária; as atividades que desempenham; e ainda as dificuldades que enfrentam em relação ao acesso e uso de informações ao desenvolver as atividades de IC. Foram obtidas nove respostas, das quais cinco são do curso de Biblioteconomia (55,6%) e quatro do curso de Psicologia (44,4%). Nenhum bolsista de pesquisa do curso de História respondeu ao questionário, embora um professor tenha participado do estudo.

Quanto ao tempo de atuação dos bolsistas em projetos de Iniciação Científica, a média de anos varia de três meses a dois anos. A maioria dos estudantes são bolsistas remunerados 77, 8% e 22,2% são voluntários.

Ao serem indagados sobre as atividades que desempenham como bolsistas de Iniciação Científica, apresentaram as ações desenvolvidas durante o projeto, destacando a pesquisa bibliográfica, leitura de textos, produção de artigos e relatórios, como podemos observar nos discursos que se seguem:

Quadro 6 - Atividades desenvolvidas pelos bolsistas de Iniciação Científica

Entrevistado Discurso

E1 Participo de reuniões, leio textos, faço artigos e planilhas.

E3 Realizo a leitura de textos solicitados e de outros que possuam relação com o assunto podendo contribuir de alguma maneira, fazendo anotações sobre o que absorvi deles, participo das discussões do projeto de

pesquisa, tirando dúvidas que surgiram ao longo das leituras e elaboro junto aos demais participantes da pesquisa o artigo científico baseado nessas leituras, discussões e nas demais experiências no projeto, a exemplo da coleta de dados.

E5 Coleta de dados, análises estatísticas, construção de teste psicométrico, elaboração de relatório.

E6 Levantamento bibliográfico.

E7 Revisão de literatura, aplicação de questionários, escrita de relatório, análise de dados.

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

A execução dessas atividades requer conhecimentos e habilidades para buscar, localizar, acessar, avaliar e usar as informações de modo ativo e determinante. A ação de realizar o levantamento bibliográfico, apontado por E6, exige o conhecimento de fontes de informação, tais como bases de dados, repositórios, revistas científicas e outros, saber acessar essas informações em diferentes endereços, criar estratégias de busca a fim de recuperar os documentos relevantes etc. A leitura de textos, destacado por E1 e E3, demanda uma capacidade de compreensão crítica das ideias e contexto da informação, a mobilização de um conhecimento prévio sobre o assunto para que se possa analisar os dados da pesquisa fundamentado nesse referencial e estabelecer inter-relações com o objeto de estudo. Por conseguinte, a produção de relatórios e artigos, indicado por E1, E3, E5 e E7, implica desses conhecimentos e habilidades, e ainda requere noções de aspectos éticos e de direitos autorais. Desse modo, a Coinfo mostra-se, mais uma vez, necessária aos bolsistas de IC. Para Freire (2016), as habilidades relacionadas com a otimização dos processos voltados para a assimilação da informação e sua transformação em conhecimento começam com o desenvolvimento de

competências em informação. Com isso, a Coinfo se revela importante não somente para a comunidade científica, mas também para toda a sociedade.

A última questão dessa categoria buscou identificar as maiores dificuldades enfrentadas pelos bolsistas em relação ao acesso e uso de informações ao desenvolver as atividades de IC (Quadro 6). Foram declaradas as complexidades de não conhecer as plataformas e fontes onde as informações para a pesquisa poderiam ser encontradas, reconhecer, dentro dos textos compilados, quais conceitos-chave são mais adequados aos objetivos da pesquisa e outros obstáculos, como destacados pelos seguintes discursos:

Quadro 7 - Dificuldades enfrentadas pelos bolsistas em relação ao acesso e uso de informações

Entrevistado Discurso

E1 Saber onde encontrar a informação de que preciso (EX.: quais revistas, bases de dados...).

E3 Em relação ao acesso posso citar a busca por algumas publicações referenciadas por outras em bases de dados e ferramentas de busca afins que por muitas vezes o endereço digital da referência já não funcionava mais. Já no que diz respeito ao uso, vejo a dificuldade de escolher os fragmentos mais adequados a situação da pesquisa diante da grande quantidade de materiais disponíveis.

E6 Achar conteúdo sobre a pesquisa, achar textos que não foram bem indexados.

E8 Indisponibilidade de acesso a várias bases de dados estrangeiras.

E9 Por vezes, alguns livros que tenho interesse de utilizar para a pesquisa estão esgotados nas livrarias e não possuem exemplares nas bibliotecas da Universidade.

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

As competências em informação quando mobilizadas para solucionar um problema informacional funcionam como um gatilho para desenvolver estratégias que minimizem, ou mesmo eliminem os obstáculos à pesquisa. Assim, acredita-se que as dificuldades de acesso retratadas pelos bolsistas E1, E3, E6, E8 e E9 poderiam ser resolvidas com algumas táticas, como partir das referências de um determinado documento para encontrar outros recursos e fontes informacionais – embora E3 tenha afirmado que muitos endereços eletrônicos não estão

mais ativos, muitos outros funcionam e indicam fontes pertinentes que merecem ser consultados. Ainda, informações relevantes podem ser encontradas mediante o delineamento de estratégias de buscas e também de consulta a pessoas que possuam autoridade no assunto. No que se refere ao uso de informações, E3 salienta que possui dificuldade para escolher conceitos adequados à pesquisa devido ao número de materiais disponíveis. Sintetizar as ideias principais dos textos e formular uma nova noção fundamentada nos autores seria uma forma de compreender um pouco de tudo o que foi lido. Para Miranda e Alcará (2016), o novo ambiente informacional lança constantes desafios aos usuários da informação, revelando a necessidade de desenvolvimento de habilidades para a busca e uso de informações de forma eficiente. Neste sentido, a mobilização dessas habilidades é o que caracteriza a competência em informação.