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BIOINDICADORES DE PRODUÇÃO BIOLÓGICA.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.2. Caracterização dos olivais experimentais

Procedeu-se à selecção de dois olivais biológicos e de dois olivais convencionais implantados junto à freguesia de Ervedal, no concelho de Avis. Os olivais biológicos, caracterizavam-se por terem praticas culturais, como a poda e as mobilizações do solo, semelhantes às dos olivais convencionais, diferindo, essencialmente, na estratégia de protecção do olival, pois apenas se realizavam aplicações de oxicloreto de cobre contra a gafa-da-azeitona, enquanto a mosca-da-azeitona não era combatida por tratamentos insecticidas.

As áreas agrícolas circundantes à localidade de Ervedal caracterizam-se por estarem maioritariamente ocupadas por olivais, embora entrecortadas por algumas culturas regadas, de tomate ou milho, no período Primavera-Verão. Embora a área de olival seja repartida por vários proprietários, em termos físicos verifica-se existirem várias manchas quase contíguas de olival, com diferenças quanto à idade, variedade, e amanhos e granjeios, como podas, mobilizações, adubações e tratamentos fitossanitários. Nessa região, que se pode considerar olivícola, foi possível a selecção de dois olivais, identificados como B1 e B2, que se encontravam sob regime de produção biológica, sem aplicação de pesticidas de síntese. Os restantes dois olivais, identificados como C1 e C2, encontravam-se em regime de exploração convencional, com aplicação daquele tipo de pesticidas, para além da administração ao solo de adubos químicos, sempre que o olivicultor entendia necessário, situação que não ocorreu durante a realização do presente estudo.

Os olivais B1 e C1 distanciavam entre si 2 a 3 km e localizavam-se numa região a cerca de 3 km a Sul da localidade de Ervedal. Por sua vez, os olivais B2 e C2 encontravam-se numa região a cerca de 1 km a Noroeste de Ervedal e afastados entre si de cerca de 500m, aproximadamente (Anexo1). Como se depreende, foram considerados dois locais de estudo distintos, afastados cerca de 5 km, consoante a localização de cada par de olivais B/C. A duplicação do número de olivais, sob cada regime de protecção fitossanitária, teve como objectivo avaliar o efeito do local de implantação dos olivais, nas populações de artrópodes.

Caracterização da artropodofauna e identificação de potenciais bioindicadores – Mat. e Métodos As árvores que constituíam os olivais em estudo eram da variedade galega, a qual é corrente na região do ensaio. Como características agronómicas, esta variedade apresenta uma tendência marcada para alternância da produção, com notórios períodos de safra e contra-safra. Possui, no entanto, uma boa rusticidade e adaptação às condições edafoclimáticas alentejanas, embora seja susceptível à gafa e à mosca-da-azeitona (Leitão et al., 1986).

Para além da variedade, também a idade, cerca de 40 a 50 anos, o compasso de plantação de 10x10 m, o tipo de poda e a ausência de rega, eram características semelhantes a cada olival experimental. Todavia, existiram variações na manutenção do coberto vegetal infestante em cada olival, pois em 1999 os olivais biológicos foram mobilizados superficialmente na segunda e quarta semanas de Maio (olival B2) e na última semana de Junho (olival B1), operação sempre realizada com uma grade de discos. Em 2000, apenas o olival B2 teve o seu solo gradado, na última semana de Maio. Os olivais não mobilizados possuíam uma flora espontânea bastante rica, sobretudo em 2000 e nos olivais B1 e C2. Com o aumento das temperaturas, a partir de Junho esta flora diminuiu de vigor e tornou-se seca, devido à falta de água.

Relativamente à poda, o ciclo de execução era, em média, de quatro anos, para limpeza e conformação das copas, embora nos olivais experimentais essa ocorrência se verificasse em anos não coincidentes. Com efeito, os olivais B1 e C1 foram podados antes do período do estudo, respectivamente, em 1997 e 1998. Lamentavelmente, em 2000 os olivais B2 e C2, seleccionados e estudados em 1999, foram podados tendo sido removida toda a sua copa. Este facto inviabilizou a continuação da recolha de amostras nesses olivais, tendo sido necessário substituir os referidos olivais por outros dois, que possuíssem o mesmo tipo de protecção fitossanitária, respectivamente, convencional e biológica.

De seguida, procede-se à descrição, pormenorizada, dos olivais do ensaio:

Olival Biológico 1 (B1) - Olival de sequeiro, com uma área aproximada de 10 ha, composto pela variedade galega em extreme, com cerca de 40 a 50 anos de idade, e com compasso de plantação de 10x10 m. As árvores apresentavam porte médio, com copa redonda, conduzida por podas regulares, intervaladas de três a quatro anos. O olival encontrava-se numa zona de encosta suave, embora existissem zonas com declive mais intenso, possuindo poucas falhas na plantação. O olival estava rodeado de olivais em quase todas as extremidades, excepto na extremidade orientada a Norte, onde se realizava uma folha de regadio por pivot, o qual foi instalado em 1999. Afastado cerca de 500 a 750 m, em linha recta, encontrava-se um pequeno ribeiro, rodeado de vegetação arbustiva e arbórea, para além de uma pequena charca de apoio ao regadio. A orientação do olival era NE-SE. O olival encontra-se implantado num solo do tipo Vc.

Caracterização da artropodofauna e identificação de potenciais bioindicadores – Mat. e Métodos

Olival Biológico 2 (B2) - 1999 - Olival de sequeiro observado em 1999, com uma área aproximada de 5 ha, com compasso de plantação de 10x10 m, e com uma idade média de cerca de 40 a 50 anos. As árvores possuíam um porte médio a grande, com podas regulares intervaladas de três a quatro anos. O olival encontrava-se plantado numa orientação de N-S, numa zona plana e baixa, que terminava numa pequena encosta, com declive muito acentuado. O solo deste olival era constituído pelos tipos Vc e Pc.

Olival Biológico 2 (B2) - 2000 - Olival de sequeiro, observado em 2000, composto pela variedade galega, com um compasso de plantação de 10 x10 m e idade média de 40 anos. Estava localizado em frente ao olival B2-1999, sendo a sua continuação física, se excluirmos a pequena estrada de terra que os separava. Tratava-se de um olival com oliveiras de porte variável, com as árvores do centro menos desenvolvidas do que as da periferia, devido à menor profundidade do solo nessa área. Possuía pequena dimensão, com cerca de 2,5 ha de superfície, e estava plantado numa pequena encosta, orientado a E-W, com declive muito suave, acentuando-se para a extremidade Oeste. O olival encontrava-se a cerca de 500 m da margem da barragem do Maranhão. O solo era composto pelos tipos Vc e Pc.

Olival Convencional 1 (C1) - Olival de sequeiro composto pela variedade galega, com área aproximada de 3 ha e cerca de 50 anos de idade. As árvores apresentavam porte pequeno a médio, com podas regulares de 3 a 4 anos. Possuía compasso de plantação de 10x10 m. Olival plantado numa encosta orientada a Sudoeste, com declive acentuado, em alguma da sua extensão. Rodeado por olivais em todo o seu perímetro, excepto na vertente a sudoeste, que possuía um declive muito acentuado, confinando com a estrada nacional. No seu ponto mais alto, este olival elevava-se, notoriamente, acima dos olivais circundantes. O solo era composto pelos tipo Vc e Vcm.

Olival Convencional 2 (C2) - 1999 - Olival de sequeiro observado em 1999, com área aproximada de 4 ha e cerca de 60 a 80 anos de idade, constituído apenas pela variedade galega, com compasso de 10x10 m. As árvores apresentavam grande porte, com copas redondas e bem desenvolvidas, sendo as podas regulares, efectuadas com periodicidade de quatro anos. Olival disposto numa encosta orientada a N-S, com declive acentuado, em quase toda a sua extensão, confinando com olivais por todas as margens, excepto na orientada a Sul, no final da encosta,

Caracterização da artropodofauna e identificação de potenciais bioindicadores – Mat. e Métodos que confinava com a estrada nacional. Todavia, do outro lado da estrada encontrava-se outro olival. O solo era composto pelos tipos Vc e Pc.

Olival Convencional 2 (C2) - 2000 - Olival de sequeiro observado em 2000, com área aproximada de 6 ha, da variedade galega, cerca de 40 a 50 anos de idade e compasso de plantação de 10x10 m. O olival estava implantado numa pequena encosta, de declive muito suave, com orientação de NW-SE. O terreno apresentava ainda uma ondulação evidente. Árvores com copa de porte médio, e podas regulares, entre cada ciclo de quatro a cinco anos. O solo era composto pelos tipos Pc e Vc.