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Caracterização dos sujeitos do estudo

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5. RESULTADOS

5.1. Caracterização dos sujeitos do estudo

Ao todo, foram realizadas treze entrevistas com atores envolvidos com o processo de obtenção da IG ou com a produção de queijo na região do Agreste pernambucano. Tentou-se entrevistar a maior quantidade de sujeitos, bem como teve-se o cuidado de manter o número de participantes de cada grupo o mais próximo possível, tendo o objetivo de obter uma equivalência em relação aos discursos obtidos em cada grupo (tabela 1).

Foi dada prioridade na coleta das entrevistas aos produtores associados a CQP, que a princípio eram sete, porém, atualmente a associação conta apenas com cinco produtores. De acordo com informações colhidas durante a entrevista, os dois produtores que não pertencem mais a CQP saíram por não estarem mais investindo na área de produção de laticínios. Portanto, do grupo dos associados foram entrevistados: dois produtores de Venturosa, um de Pedra, um de Arcoverde e um de Pesqueira.

Já no grupo das IPCs, foram conseguidas quatro entrevistas, sendo duas ne mesma instituição (ITEP) e as outras duas em instituições diferentes (UFRPE e UPE, ambas no campus Garanhuns); enquanto que nas instituições governamentais foram realizadas três entrevistas, sendo dois deles de nível municipal (Prefeitura de Venturosa) e um de nível federal (MAPA, filial Garanhuns). Ressalta-se, aqui, a existência de dificuldades de obtenção de entrevistas em alguns órgãos que foram considerados de grande importância no planejamento de coleta, tendo como principais negativas para participar do estudo: a falta de tempo e a recusa, seguida de indicação para realização de entrevistas com pessoas que conheciam mais sobre o tema.

No grupo dos produtores não associados, foi realizada apenas uma entrevista, pois percebeu-se ao longo das entrevistas que muitos produtores da região, sobretudo, os pequenos queijeiros não tinham conhecimento sobre a IG do Agreste de Pernambuco, desta forma, não existiam representações sociais sobre este tema. Também houve dificuldade de coleta neste grupo devido à ausência de recursos financeiros, ao curto período em que a pesquisa teve que ser realizada em detrimento dos custos de estadia e transporte, além da dificuldade no acesso às pequenas queijarias, uma vez que maioria delas encontram-se localizadas em zonas rurais, geralmente, de difícil acesso. Entretanto, decidiu-se manter a única entrevista obtida com o intuito de analisar outros pontos do roteiro semiestruturado que respondiam a outros objetivos de pesquisa, como aspectos da produção do queijo e interação entre atores.

Tabela 1 - Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Observa-se, na tabela 1, que os sujeitos entrevistados possuem a idade variando entre 30 e 66 anos, sendo a média de idade igual a 47,54 anos, refletindo em uma amostra de sujeitos mais maduros. Quando se aborda a questão de escolaridade, a maioria possui formação em ensino superior, seja tecnólogo ou graduação; apenas um produtor associado a CQP está concluindo a graduação e o produtor não associado não possui terceiro grau. Entretanto, chama a atenção o fato de alguns dos sujeitos não possuírem formação voltada para gestão ou produção na área do agronegócio.

Quando perguntado sobre tempo de atividade, seja ela voltada para a produção de laticínios, bem como em outras áreas da agropecuária, a maioria dos sujeitos apontaram ter mais do que 10 anos, sendo que muitos relatam que tem relação com a agropecuária desde a infância. Apenas um dos sujeitos informou ter sete meses na atividade, porém possui formação na área de agronegócios e já havia trabalhado com laticínios. Esta informação torna-se relevante por apontar que os sujeitos entrevistados neste estudo possuem uma forte relação com as questões relativas ao agronegócio e a realidade da produção de laticínios da região.

Em relação aos produtores de queijos, foi perguntado o tamanho da propriedade ou quantidade de funcionários para compreender qual o porte do negócio. Percebe-se que a maioria dos laticínios são de micro ou pequeno porte (de acordo com a Lei complementar de nº 123/2006), porém se comparado com a realidade da região e os pequenos produtores locais, são empresas que são bem mais estruturadas e possuem condições competitivas bem superiores aos pequenos laticínios. Ressalta-se que todos os empreendimentos, cujo os donos foram entrevistados, são formalizados, regularizados e possuem o Selo de Inspeção Estadual (SIE), registro fornecido pela ADAGRO que possibilita a comercialização de um produto no território do estado de Pernambuco.

Já em relação às IPCs (UFRPE, UPE e ITEP) e às instituições governamentais (MAPA e Prefeitura de Venturosa), foi questionado sobre o tempo que trabalham com IG com o objetivo de ter uma ideia sobre a familiaridade do sujeito com o tema. Maioria dos entrevistados possuíam 10 anos ou mais sobre o processo de certificação; apenas os dois sujeitos lotados na Secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo do município de Venturosa não tinham conhecimento algum sobre IG.

Por fim, foi perguntado aos produtores de queijo entrevistados se o empreendimento possui algum tipo de financiamento de bancos com o intuito de saber quantos procuram e conseguem obter linhas de crédito. Observa-se que apenas dois (sendo um deles o produtor não associado) dos seis entrevistados tinham algum tipo de financiamento atualmente e um deles já captou recursos de terceiros para poder se formalizar. Os dois empreendimentos que possuem

algum tipo de financiamento se distinguem dos demais por possuírem uma estrutura bem maior, tanto em área construída quanto no quesito de maquinário.

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