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Caracterização e breve histórico da empresa estudada

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 ETAPA 1 – IDENTIFICAÇÃO DOS MARCOS HISTÓRICOS DA EMPRESA

5.1.1 Caracterização e breve histórico da empresa estudada

A Cemig Geração e Transmissão (CEMIG GT) é uma das maiores geradoras de energia elétrica do país, com um parque gerador formado por 70 usinas, sendo 64 hidrelétricas, 3 termelétricas e 3 eólicas.

A Cemig atua nas áreas de geração, transmissão, distribuição de energia elétrica e soluções energéticas. O Grupo Cemig é formado por 162 empresas e 17 consórcios e é controlado por uma holding, com ativos e negócios situados em Minas Gerais e mais 22 estados brasileiros além do Distrito Federal. Na área de distribuição de energia atende a mais de 10 milhões de consumidores através da Cemig Distribuição S/A em Minas Gerais e da Ligth S/A no Rio de Janeiro. A Cemig é uma empresa mista de capital aberto, controlada pelo Governo de Minas Gerais e cujas ações estão listadas no Bovespa, Nova Iorque e Madri com um valor de mercado de aproximadamente R$ 20 bilhões (CEMIG, 2014).

Em 1920, Minas Gerais era o estado brasileiro que reunia o maior número de empreendimentos de eletricidade com a terceira colocação quanto à potência instalada, com 42 mil kW (CACHAPUZ, 2006). A grande maioria das usinas em Minas Gerais pertencia a pequenas concessionárias privadas ou municipalidades.

Por volta dos anos de 1940, a deficiente infraestrutura de energia elétrica e de transportes acompanhava o baixo desenvolvimento econômico de Minas que perdia espaço no cenário nacional em comparação com os estados de São Paulo e Rio de Janeiro (CEMIG, 2002). Em 1939, o Governador Benedito Valadares anunciou a

construção das usinas de Pai Joaquim, na região de Uberaba e Araxá; Santa Marta na região norte do estado com o objetivo de atender a Montes Claros; e Gafanhoto com o objetivo de atender a demanda por energia elétrica da Cidade Industrial de Contagem (CACHAPUZ, 2006).

Em 1946, Minas Gerais possuía 12% do parque nacional de geração de energia elétrica com 178 MW de capacidade instalada. A prestação de serviços de eletricidade ainda era feita por empresas privadas, na sua maioria, e poucas possuíam estrutura para atender a mais de um município. Algumas concessionárias privadas como a CFLMG, subsidiária da americana Amforp que atendia Belo Horizonte e Santa Bárbara, a Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina, a Companhia Mineira de Eletricidade, a Companhia Sul Mineira de Eletricidade, a Companhia Luz e Força Hulha Branca, a Companhia Prada de Eletricidade, a Companhia Geral de Eletricidade e a Siqueira Meireles Junqueira e Cia., são exemplos de empresas que atendiam a mais de um município (CACHAPUZ, 2006).

Em 1947, o governador Milton Campos lançou o Plano de Recuperação Econômica e Fomento da Produção que apontava as deficiências em energia elétrica e transportes como entraves ao desenvolvimento industrial do estado. Em 1949, é promulgada a Lei nº 510 que autorizava o governo mineiro a organizar empresas de economia mista para a construção e operação de centrais hidrelétricas no estado e previa a realização de estudos com vistas ao aproveitamento do potencial hidráulico. Como resultado, elaborado com a coordenação do engenheiro Lucas Lopes, foi formulado o Plano de Eletrificação de Minas Gerais que serviu de base para a política de eletrificação adotada pelo governador Juscelino Kubitscheck, cujo programa de governo tinha como meta a modernização e a industrialização do estado e que sintetizava suas ações administrativas no Binômio Energia e Transporte (CEMIG, 2002; CACHAPUZ, 2006; FERREIRA; DE ARAUJO; COUTO, 2013).

Em 22 de fevereiro de 1951 o governador Juscelino Kubitscheck envia um bilhete manuscrito ao Secretário de Viação e Obras Públicas, José Esteves Rodrigues, com a ideia de concepção de uma empresa holding que controlasse as atividades de diversas centrais elétricas. A fundação da CEMIG – Centrais Elétricas de Minas Gerais ocorreu em 22 de maio de 1952 já incorporando, na sua constituição, as ações do governo do estado em diversas companhias de eletricidade.

O programa inicial da Cemig previa a construção das usinas hidrelétricas de Salto Grande, Itutinga, Tronqueiras e Piau, da barragem de Cajuru, complementar à

Usina de Gafanhoto, da usina térmica de reserva da Cidade Industrial de Contagem, além da implantação de rede de transmissão de 800 km com 14 subestações rebaixadoras e de interligação. De acordo com Capachuz (2002), a Cemig funcionou neste período como uma empresa construtora de usinas, adquirindo uma notável capacidade de elaboração e execução de projetos hidrelétricos.

O crescimento da capacidade de geração de energia elétrica foi acompanhado pelo desenvolvimento do parque industrial mineiro. Em 1962, a companhia atendia a 1.800 consumidores industriais que absorviam mais de 80% da sua produção de energia. Além disso, houve também uma expansão na área de distribuição de energia. Em 1956, a Cemig atendia diretamente 16 localidades que contavam com aproximadamente 10 mil consumidores. Em 1962, este número cresceu para 100 mil consumidores em 69 municípios.

A partir da segunda metade do século XX inicia-se um novo ciclo de desenvolvimento da indústria da eletricidade no Brasil com a maior participação de empresas públicas federais e estaduais, marcado pela crescente intervenção estatal. Em Minas Gerais, a Cemig incorporou várias concessionárias constituídas por capital privado ampliando suas responsabilidades na área de distribuição de energia elétrica.

Ao logo da década de 1960 a Cemig ampliou seu leque de atividades e a área atendida pela empresa. Em 1962, foi criada a Ermig – Eletrificação Rural de Minas Gerais como subsidiária da Cemig e responsável pelo primeiro programa de eletrificação rural implementado no país. Em 1967, a Cemig adquiriu o controle acionário da Companhia Sul Mineira de Eletricidade (CSME) que atendia 57 localidades no Sul do estado. Em 1969, foram adquiridas a Empresa Luz e Força Ituiutabana (Elfisa) no triângulo mineiro e o sistema da Usina de Pandeiros no norte do estado (CACHAPUZ, 2006).

Entre 1973 e 1983 a capacidade de geração da Cemig aumentou quatro vezes, atingindo a 4.460 MW em 1983 graças à construção das hidrelétricas de Volta Grande, São Simão e Emborcação e a termelétrica de Igarapé.

Em setembro de 1984, a lei estadual nº 8.655 transforma a empresa em Companhia Energética de Minas Gerais permitindo sua participação numa gama mais ampla de atividades do setor de energia. A década de 1980 foi marcada por grave crise econômica e financeira no país, com reflexos significativos no setor elétrico. Neste contexto a Cemig precisou reduzir seu plano de obras e controlar gastos e investimentos, intensificando a pesquisa de fontes alternativas e não convencionais de

energia com estudos sobre o potencial de energia eólica, solar e biomassa e a substituição de consumo de derivados de petróleo por energia elétrica.

Em 1987, apesar das dificuldades econômico-financeiras, a Cemig iniciou a construção da usina de Nova Ponte, cujo projeto obedeceu às novas diretrizes da legislação ambiental para empreendimentos do setor elétrico estabelecidas pelo CONAMA.

A partir de 1990, com a reorganização do setor elétrico que permitiu a privatização de concessionárias de energia elétrica, estabelecendo a separação das atividades de geração, transmissão e distribuição de energia e criando um novo marco regulatório setorial, a Cemig optou pela busca de um sócio estratégico através da venda de um terço do seu capital votante. Esta operação foi realizada através de um leilão público realizado em maio de 1997 quando o Consórcio Southern Electric Brasil Participações, formado pelas empresas americanas Southern-Electric e AES e pelo grupo Opportunity do Brasil, adquiriu 32,96% do capital ordinário da empresa (CACHAPUZ, 2006).

Neste período a Cemig iniciou a formação de parcerias com grandes consumidores de energia elétrica em Minas Gerais para a construção de empreendimentos hidrelétricos. A construção da usina de Igarapava, que entrou em operação comercial em 1999, foi um marco no setor elétrico brasileiro pela associação com a iniciativa privada e pela utilização de turbinas tipo Bulbo. O consórcio, constituído em 1994 com participação majoritária de capital privado, era formado pela Cemig e por cinco grandes consumidores de energia elétrica: Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Companhia Mineira de Metais (CMM), Eletrosílex do grupo Votorantim, Mineração Morro Velho (MMV) e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) (CACHAPUZ, 2006). Porto Estrela foi construída em parceria com a CVRD e a Coteminas, cada uma com um terço de participação. A outorga desta usina ocorreu em 1997 após concorrência promovida pelo DNAEE com base na nova legislação de concessão de serviços públicos.

O racionamento de 2001 demandou um grande esforço por parte dos consumidores para atender às metas de redução de consumo e exigiu um rápido processo de adaptação das empresas. O mercado total da Cemig recuou 9,1% em 2001 e a crise evidenciou necessidade de aperfeiçoamento do modelo do setor no que tange à garantia da expansão da oferta de energia elétrica.

A Lei nº 10.848 de 2004 definiu os parâmetros do novo modelo do setor elétrico e obrigou as empresas integradas a se desverticalizarem. Como consequência, a Cemig passou por uma reestruturação, deixando de ser uma empresa integrada para desmembrar-se em duas subsidiárias integrais: Cemig Distribuição S/A e Cemig Geração e Transmissão S/A. O modelo de desverticalização da Cemig foi aprovado por seu Conselho de Administração e, em agosto de 2005, o governador Aécio Neves sancionou a Lei nº 15.290, autorizando a reestruturação societária.

Apesar de já ter assumido em 2002 o controle de duas pequenas usinas no Estado de Santa Catarina, a aquisição da usina de Rosal da Caiuá Serviços de Eletricidade situada na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo representou o primeiro passo importante na implementação da estratégia de crescimento fora do estado de Minas Gerais (CACHAPUZ, 2006).