• Nenhum resultado encontrado

Caracterização econômica dos estados da região Sudeste

3. CARACTERIZAÇÃO DAS ECONOMIAS REGIONAIS BRASILEIRAS

3.2. Caracterização econômica dos estados da região Sudeste

O Gráfico 3 apresenta a participação percentual dos produtos exportados segundo o fator agregado para os estados da região Sudeste. Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo se mostram especializados em produtos básicos, cuja participação nas exportações é significativa.

Gráfico 3 - Participação por fator agregado nas exportações dos estados da Região Sudeste, 2000 e 2017

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do ComexStat/MDIC. Nota:

(1) Exclui operações especiais, referentes a bens que apresentam dificuldade de classificação no fator agregado.

Uma mudança expressiva ocorre no perfil exportador do Rio de Janeiro, com uma perda de 43 p.p. na participação de bens manufaturados. Apenas 10% das exportações no estado eram de produtos básicos em 2000, enquanto em 2017 a participação salta para 63%, o que está associado ao dinamismo do setor extrativo mineral. De fato, a indústria extrativa no estado é a principal atividade industrial, sendo responsável por 15,2% do PIB estadual (Tabela 4). Outra subatividade que merece destaque no estado é o serviço público, principal atividade do setor de serviços. 43% 57% 11% 65% 35% 45% 5% 13% 24% 23% 7% 7% 57% 29% 6% 15% 33% 20% 81% 29% 8% 26% 89% 71% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2000 2017 2000 2017 2000 2017 2000 2017 MG RJ ES SP

Tabela 4 - Participação (%) das atividades econômicas no valor adicionado bruto nos estados da região Sudeste (2014)

Atividade Econômica MG ES RJ SP Agropecuária 5,6 3,4 0,5 1,8 Agricultura 3,0 2,1 0,2 1,4 Pecuária 1,7 1,1 0,2 0,3 Produção florestal 0,9 0,2 0,1 0,1 Indústria 28,8 38,9 29,6 22,0 Indústrias extrativas 6,1 23,3 15,2 0,7 Indústrias de transformação 13,2 9,0 6,3 14,9

Eletricidade e gás, água etc. 2,3 1,5 1,9 1,2

Construção 7,2 5,2 6,2 5,2

Serviços 65,5 57,7 69,9 76,2

Serviços públicos 15,8 14,0 17,8 9,7

Comércio e reparação de veículos

automotores e motocicletas 12,7 14,1 9,7 13,8

Atividades imobiliárias 9,6 7,0 9,1 9,6

Atividades financeiras 3,9 2,7 4,2 11,3

Outros serviços 23,4 20,0 29,1 31,8

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do IBGE. Notas:

(1) As subatividades “agricultura”, “pecuária” e “produção florestal” incluem, respectivamente, apoio à agricultura e pós-colheita, apoio à pecuária e pesca e aquicultura.

(2) “Eletricidade e gás, água” considera esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação.

(3) “Serviços públicos” se referem à administração, educação, saúde, pesquisa e desenvolvimento públicos, defesa e seguridade social.

(4) “Atividades financeiras” incluem também seguros e serviços relacionados.

(5) Em “Outros serviços” incluem-se as subatividades de transporte, armazenagem e correios; alojamento e alimentação; informação e comunicação; atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares; educação e saúde privadas; artes, cultura, esporte e recreação e outros serviços e serviços domésticos.

Silva (2017) ressalta que a dinâmica econômica do Rio de Janeiro esteve profundamente vinculada à economia do petróleo. O maior valor das exportações com o produto esteve atrelado ao seu maior nível de preços, o qual permitiu também o alargamento da fronteira de produção ao tornar bacias de pré-sal economicamente viáveis para exploração.

A Tabela 21 corrobora o atual padrão de especialização, uma vez que o produto principal “óleos brutos de petróleo” foi, sozinho, responsável por mais de 67% do valor das exportações no estado. É importante mencionar também que o Rio de Janeiro exporta produtos de metalurgia básica e da indústria de transformação, como automóveis.

Como o Rio de Janeiro, o estado do Espírito Santo é caracterizado pela alta participação da indústria extrativa no valor agregado bruto, respondendo por 23,3% do total (Tabela 4). Apesar da participação majoritária do setor de serviços no PIB do Espírito Santo, como em todos os demais estados do Sudeste, a indústria representa uma parcela significativa para a economia do estado (38,9%). Quanto ao setor de serviços, as principais atividades se referem ao setor público e ao comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. Um fator relevante para o setor de serviços no estado é a presença do complexo portuário em Vitória, que tende a movimentar o setor.

O perfil extrativo mineral no estado do Espírito Santo se mantém na pauta de exportação, altamente dependente do setor de commodities. A concentração das exportações no estado está nos produtos primários, com destaque para o minério de ferro e seus semimanufaturados, que representaram 34,67% no valor das exportações, seguidos pelo petróleo, com 13,52% (Tabela 21). Apesar dessa concentração, o estado obteve ganho de participação na exportação de bens manufaturados (18 p.p.), embora tais produtos se mantenham pouco expressivos (Gráfico 3).

Minas Gerais se tornou mais dependente da exportação de produtos básicos de 2000 para 2017, como sugere o Gráfico 3. O aumento na participação dos produtos básicos foi acompanhado de queda relativa na receita de exportação de produtos manufaturados. No período, houve concentração da pauta de exportações em torno de produtos primários e tradicionais, como minério de ferro e café (Tabela 21). No primeiro semestre de 2017, o minério de ferro respondia por 36,33% das exportações mineiras.

Apesar da concentração de commodities minerais e agrícolas na pauta de exportação de Minas Gerais, Libânio (2012) destaca que outros setores são relevantes na pauta do estado, como o automobilístico (em especial devido à presença da FIAT Automóveis no estado) e o complexo siderúrgico-metalúrgico. Quanto à característica da produção agregada, o estado depende fortemente do setor de serviços, embora a participação da indústria não seja inexpressiva. Nesse setor, em particular, destaca-se a indústria de transformação, em acordo com o perfil exportador. Os serviços públicos, de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas e as atividades imobiliárias também desempenham papel importante no PIB mineiro (Tabela 4).

Por outro lado, tem-se que São Paulo apresenta especialização em produtos manufaturados, mesmo diante de perda na participação desses bens na pauta de exportação (redução de 18 p.p.). No estado está localizado o maior e mais diversificado parque produtivo industrial do país. Como sugere a Tabela 21, sua pauta é mais diversificada, dado que as exportações dos cinco principais produtos exportados em 2017 representaram cerca de 30% do total exportado no período e apresenta produtos com diferentes graus de elaboração. Destacam-se as exportações de açúcar, de aviões e de soja.

Com maior grau de industrialização e menor dependência de produtos básicos/primários, as exportações de São Paulo podem contribuir para reduzir a vulnerabilidade a choques externos. Por outro lado, cabe ressaltar que o estado concentra também o maior centro financeiro do país, o que pode resultar em respostas assimétricas em relação às demais unidades federativas aos choques externos ou internos cujos canais sejam financeiros.

De fato, o setor de serviços, que inclui atividades financeiras, representa mais de 70% do valor adicionado bruto do estado. Comparativamente aos demais estados da região, a economia de São Paulo é a mais dependente das atividades financeiras em termos de valor adicionado bruto (Tabela 4).

Diante do exposto, conclui-se que os estados do Sudeste são altamente dependentes do setor de serviços, com destaque para o estado de São Paulo. Quanto ao perfil exportador, observou- se crescimento da participação de produtos básicos, que constitui a principal fonte de receita de exportação para Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.