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7. PERFIL DAS EMPRESAS EXPORTADORAS DE LÁCTEOS DO ESTADO

7.1. Caracterização das empresas

Mais da metade das empresas pesquisadas é de pequeno porte, empregando menos de 100 pessoas. As demais foram distribuídas de maneira uniforme dentro da divisão proposta; apenas uma apresentou mais de mil funcionários (Gráfico 2).

0 1 2 3 4 5 Menos de 100 De 100 a 500 De 500 a 1.000 Mais de 1.000 Funcionários Emp resas Fonte: Questionário - 2003.

Gráfico 2: Quantidade de empregados das empresas.

Os questionários foram enviados às empresas, ficando a seu critério a definição do responsável pelas respostas. Devido à grande variação de termos utilizados para descrever os cargos ocupados, optou-se por relacionar os indivíduos ao setor administrativo e ao setor de produção, de forma a padronizar e facilitar a compreensão. Dessa forma, constatou-se que cinco dos respondentes estavam ligados ao setor administrativo. Esse número sobe para seis quando se refere ao grau de instrução de respondentes com nível superior.

Com relação ao tipo de leite recebido pelos laticínios (tipo B e tipo C), três empresas não responderam. Do restante, apenas uma trabalha com pequena percentagem (10%) de leite tipo B.

Quando se observa o Gráfico 3, fica nítido que as empresas envolvidas no processo exportador trabalham com produtos de maior valor agregado. Os produtos mais comuns e representativos das empresas pesquisadas são: manteiga, mussarela, requeijão e provolone. Os “outros produtos” citados por cinco das empresas são: achocolatados, balas, caramelos, leite concentrado para fabricação de pó na fábrica, ricota e os queijos reino, gouda, gruyere, cottage, minas padrão.

Fonte: Questionário, 2003.

Gráfico 3: Linha de produtos das empresas.

Em seis empresas são utilizados produtos importados, sendo os principais: fermento, soro em pó, creme de leite e manteiga. Os dois últimos podem ser encontrados a preços competitivos no mercado interno, ficando evidente a competição mesmo em produtos com disponibilidade no mercado.

Os produtos exportados são os mais variados. Foram citados diversos tipos de queijos (minas padrão, mussarela, prato, provolone, reino e trança defumado), leite em pó, leite condensado, leite evaporado, leite longa vida, achocolatado, manteiga, doce de leite, caramelos e balas.

Quanto ao número de empresas por volume processado houve distribuição homogênea, que pode ser observada no Gráfico 4. Essa distribuição indica que a quantidade de leite processada não significou empecilho ao processo de exportação, tendo sido verificada tal atividade em laticínios que processam apenas 2.000 litros diários.

0 1 2 3 4 5 6 7 Mant eiga

Mussarela Requeijão Provolone

Q

ueijo minas Queijo prat

o Leit e f luido Creme de leit e Doce de leite Parmesão Leit e em pó Iogurt e s Bebida láct ea Leit e cond. Soro em pó Ou tro s Produtos Número de Empresas

Fonte: Questionário, 2003.

Gráfico 4: Volumes em litros processados diariamente pelos laticínios.

De maneira geral, a participação no comércio exterior é fundamentada na produção em escala, o que permite a redução dos custos e o aumento da competitividade. Além disso, pode estar baseada também na diferenciação dos produtos, o que explica a presença das pequenas empresas. Pela exigência da qualidade do mercado externo, esta passa a ser uma característica intrínseca dos produtos exportados.

Um dos laticínios não citou o quanto a exportação representa no faturamento da empresa. Na metade das oito restantes, o valor não ultrapassa 2%, ficando assim as remanescentes: uma entre 2 e 5%, uma entre 5 e 10% e as outras duas acima de 10%. O detalhe estaria nas duas empresas em que a exportação representa mais de 10% de seu faturamento, sendo estas processadoras de um volume inferior a 15.000 litros diários, confirmando ser uma oportunidade acessível independente do volume de processamento.

Todas as empresas existem há pelo menos dez anos, tendo quatro entre 10 e 20 anos, duas entre 20 e 30 anos e três acima dos 50 anos. Isso indica a tradição leiteira do Estado de Minas Gerais, onde a empresa mais antiga da amostra foi fundada há 82 anos.

Quanto às atividades de exportação, sete das nove empresas exportam há, no máximo, cinco anos, o que indica que o processo é recente para a maioria. As duas empresas que estão há mais tempo na atividade exportam há

Acima de 1.000.000 11% 500.000 - 1.000.000 11% 100.000 - 500.000 22% Abaixo de 15.000 34% 15.000 - 100.000 22%

mais de dez anos e foram fundadas há 55 anos, indicando a evidente consolidação dessas empresas antes de buscar o mercado externo. Bons resultados internos habilitam e incentivam as empresas a buscarem competitividade em mercados internacionais semelhantes ao mercado doméstico.

No mercado doméstico, os principais destinos dos produtos das empresas são as Regiões Sudeste e Nordeste. Somente uma empresa está presente em todas as regiões do País, sendo interessante observar que ela declarou processar entre 15.000 - 100.000 litros, um volume pequeno frente ao âmbito de sua comercialização.

Outro fator relevante é que apenas uma empresa (com processamento inferior a 15.000 litros) se restringe ao mercado regional, tornando evidente a importância do grau de desenvolvimento da comercialização das empresas.

A Tabela 5 apresenta a destinação dos produtos no mercado externo, podendo-se observar que os destinos são os mais diversos, mas com um maior número de empresas atuando na Ásia. Lamentavelmente, devido à falta de informações, não foi possível estabelecer um padrão entre o tipo de produto e seu respectivo destino.

As duas maiores empresas pesquisadas, tanto em número de pessoas empregadas quanto em volume de leite processado, são as que possuem maior abrangência de localização, estando uma delas presente na maioria dos países citados.

Quanto ao planejamento das ações, foi constatado que em oito das nove empresas são realizadas reuniões com os principais executivos para o estabelecimento das atividades. Uma delas cita ainda a consulta a especialistas e, na empresa remanescente, as decisões são tomadas unicamente pelo proprietário, o que talvez seja justificado pelo pequeno porte da empresa.

Tabela 5: Destino dos produtos no mercado externo Continente/ região Número de empresas Países de destino Número de empresas África 2 Argélia Egito Sudão 2 1 1

América do Sul 2 Venezuela

Todo o continente 1 1

América do Norte 3 EUA Canadá 3 1 Ásia 6 Japão China Coréia do Sul 3 2 1 Oriente Médio 3 Emirados Árabes Arábia Saudita Líbano 2 1 1 Europa 2 Portugal 2 Fonte: Questionário, 2003.

Todas as empresas declararam terceirizar algum tipo de serviço, sendo o sistema de coleta e a exportação os mais mencionados por cinco empresas cada um. Outro serviço mencionado por três empresas foi a comercialização, o que proporcionou a uma delas alcançar todas as regiões do País, demonstrando o impacto que a profissionalização pode resultar.

Os outros serviços contratados individualmente foram a contabilidade, manutenção, transportes, refeitório, portaria e limpeza externa da fábrica.

Dentre os métodos que as empresas utilizam para conhecer o mercado, sete delas analisam o relatório de vendedores e distribuidores e fazem visitas pessoais a lojas e supermercados. A participação em congressos e feiras e a contratação de pessoal especializado para realizar pesquisas de mercado foram citadas por quatro empresas, sendo esta última ferramenta de custo

mais elevado, o que explica a utilização apenas por empresas de maior porte e tradição.

No tocante a programas formais de gestão da qualidade, sete empresas aplicam as Boas Práticas de Fabricação (BPF), cinco aplicam a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e apenas uma usa o Desdobramento da Função Qualidade (QFD), sendo esta última fornecedora do maior número de países.

Duas empresas não têm nenhum programa implantado e alegam não ter conhecimento das abordagens de um programa de gestão para a qualidade. A outra barreira indicada estaria na dificuldade de investimento. O mercado destino das exportações dessas empresas seria a Ásia, e a ausência de problemas na comercialização pode ser justificada pelas pequenas quantidades enviadas.

Apenas três empresas têm interação com alguma universidade ou centro de pesquisa e desenvolvimento, evidenciando a necessidade de um envolvimento maior das partes, onde foram citados: a Universidade Federal de Viçosa, o Instituto de Laticínios Cândido Tostes, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), a Universidade Federal de Lavras e o convênio ITAL/Tetra Pak.

Em oito das nove empresas é avaliada a satisfação do consumidor, sendo o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) a ferramenta mais utilizada por cinco empresas, e as outras três não definiram claramente como tal avaliação era realizada. Dada a importância do consumidor, a expectativa era de que tal avaliação fosse aplicada em todas as empresas, o que expõe a necessidade de conscientização dessa empresa quanto à importância da opinião do consumidor.

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