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Caracterização do Estado de Saúde

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3 DOENÇA RENAL CRÔNICA E CÂNCER: impactos fisiopatológicos e perfil dos

3.3 CENÁRIO DA PESQUISA

3.3.2 Perfil dos pacientes renais crônicos e oncológicos

3.3.2.2 Caracterização do Estado de Saúde

A fim de caracterizar os pacientes pesquisados a partir de sua doença, tempo de diagnóstico, tempo e tipos de tratamentos em realização ou já realizados, níveis de dependência ou independência para a realização das atividades básicas ou instrumentais de vida diária e sua expressão atual em relação a doença, ou seja, o seu sentimento diante da realidade atual, foi elaborado a tabela 02 (Apêndice D), a fim de relacionar de forma clara as informações acima elencadas.

Com base na tabela 02 (Apêndice D), foi possível observar a partir de um universo de 26 (vinte e seis) participantes que contribuíram com a pesquisa, que a população em maior expressão foram os acometidos pela condição renal crônica representando um total de 76,92% em relação a amostra final. Neste sentido, o percentual equivalente aos participantes da pesquisa cujo diagnóstico é de câncer, foi de apenas 23,08%.

Tal condição pode ser justificada a partir do posicionamento de Ferreira e Fornazari (2010), onde estes autores destacam que os pacientes acometidos pelo câncer sofrem com a estigmatização patológica social, pois a doença remete ao juízo de dor, tristeza, sofrimento e morte. Deste modo, há em alguns casos, a discrição quanto a exposição do diagnóstico a fim de preservar a autonomia do paciente quanto a esta decisão.

Por outro lado, este fato também pode se justificar em relação a sintomatologia apresentada pela doença e pelo tempo no que se refere a delimitação real do diagnóstico, pois conforme destaca a Fundação Oswaldo Cruz (2016, site) a doença crônico-evolutiva possui evolução lenta e de longa duração. Neste caso, o câncer como uma desta, pode permanecer assintomático durante um período considerável, manifestando-se, em alguns casos, apenas em idades mais avançadas.

No que se refere ao tempo de diagnóstico da doença, foi possível evidenciar que 03 (três) dos pesquisados receberam o diagnóstico a menos de 1 (um) ano, 17 (dezessete) a mais de 1 (um) ano e a menos de 5 (cinco) anos, 05 (quinze) a mais de 5 (cinco) anos e a menos de 10 (dez), e apenas 01 (um) a mais de 10 (dez) anos e a menos de 15 (quinze).

Nesta perspectiva, sabe-se que após a confirmação do diagnóstico, como conduta do profissional de saúde, este após a avaliação crítica de cada caso, deve decidir em comum acordo com o paciente qual a terapêutica a ser adotada a fim de melhorar as condições físicas e emocionais do mesmo, prolongar seus dias de vida e consequentemente, sua qualidade. Assim sendo, dos 20 (vinte) pacientes renais crônicos pesquisados, 19 (dezenove) fazem hemodiálise e 01 (um) faz hemodiálise e diálise peritoneal. Esse dado remete consonância com a pesquisa de Riella (2000) e Sesso et al., (2016) onde estes reforçam que a hemodiálise é a mais indicada, sendo aderida por mais de 90% dos pacientes tratamento dialítico no Brasil.

Já em relação aos pacientes oncológicos, dos 06 (seis) entrevistados, 05 (cinco) fazem quimioterapia, nenhum está em tratamento radioterápico, 02 (dois) já fizeram algum tipo de cirurgia para remover o tumor localizado, e 01 (um) fez um procedimento chamado radiocirurgia a laser.

Ainda em relação aos dados explicitados na tabela 02, em relação ao tempo de tratamento, sabe-se que este, em sua maioria, coincide com o tempo de diagnóstico. Dos 26 (vinte e seis) pacientes pesquisados, 19,23% destes fazem tratamento há a menos de 1 (um) ano, 53,85% a mais de 1 (um) ano e menos de 5 (cinco) anos, 23,08% a mais de 5 (cinco) anos a menos de 10 (dez), e 3,85% a mais de 10 (dez) e a menos de 15 (quinze) anos, prevalecendo em um maior tempo de tratamento aqueles com maior tempo de diagnóstico.

Como ressaltado no decorrer do discurso sobre as doenças crônico-evolutivas a partir de Freitas e Mendes (2007), estas remetem ao paciente condições permanentes que em sua maioria podem acarretar perda de algumas funções e também ocasionar a alteração na rotina cotidiana. Como consequência, a permanência do enfermo neste contexto pode lhes influenciar no desenvolvimento de estresse uma vez que há a possibilidade de mudança em sua imagem física, há ainda a necessidade de adaptação social e psicológica, além da probabilidade de mudança em sua expectativa de vida.

Diante destas colocações, foi também indagado aos pesquisados sobre sua condição em relação à realização de suas atividades diárias. Para que pudéssemos ter clareza quanto ao quadro atual da doença e seu nível de comprometimento no que se refere à realização de suas atividades diárias, foram disponibilizadas três opções de respostas: independente, pois a rotina do dia a dia não foi alterada, pouco dependente, pois não consegue realizar algumas das atividades diárias e dependente, ou seja, precisa de ajuda para a realização de todas as atividades de rotina cotidiana. Passando para a exposição das respostas frente ao universo de pesquisados, apenas 11,54% destes relataram ser independente, 69,23% pouco dependente e 19,23% totalmente dependente. É válido salientar que existem algumas diferenças entre o paciente renal crônico e o paciente com câncer e uma destas se refere à forma com que as doenças se evoluem e vão comprometendo a qualidade de vida destes.

Neste contexto, realizando a exposição separada por doença, destaca-se que 5% dos pacientes com DRC e 33,33% dos pacientes com câncer consideram-se independente, 70% dos pacientes com DRC e 66,67% dos com câncer consideram- se pouco dependente e por fim, 25% dos pacientes com DRC consideram-se dependente. É destacado que no item dependência, nenhum paciente com câncer declarou estar vivenciando tal condição.

Portanto, quanto aos níveis de independência ou dependência, observa-se que parte significativa dos pacientes renais crônicos e oncológicos se consideram parcialmente dependente o que nos permite retomarmos o diálogo com Ramos et al., (2008), uma vez que destacam a mudança no estilo de vida destes em virtude dos impactos fisiológicos, psicossociais e espirituais advindos com as enfermidades e

consequentemente, a perda da autonomia permitindo-os ressoar tais

posicionamentos.

Por fim, em relação à expressão atual do sentimento no que tange à doença e todos os itens levantados anteriormente, 01 (um) participante destacou o sentimento de negação diante do contexto vivenciado, ou seja, não acredita que tal situação esteja acontecendo consigo, 02 (dois) declararam raiva, questionam porque eles e destacam que não é justo, 02 (dois) expressaram sentimento de negociação, ou seja, querem apenas viver mais, construir vida e família, serem alguém, 01 (um) relatou quadro de depressão apresentando sinais de tristeza, e 20 (vinte) dos pesquisados, ou seja, a grande maioria, destacaram o sentimento de aceitação diante da doença e acreditam que tudo acabará bem.

Percebe-se com base nos sentimentos elencados a presença de aspectos negativos relacionados ao medo do prognóstico futuro, porém, é neste cenário que a religião é acentuada, visto que a grande maioria evidencia aceitar a sua condição clínica e acreditar que tudo acabará bem conforme relato a seguir:

A religião vem dos profetas e de Cristo Jesus, pois ele mesmo falou: quem crê ne mim e dá valor ne mim mesmo que ainda esteja morto, viverá. E eu acredito nele, nisso aí. A palavra que Cristo falou não volta atrás, então crê nele e dá valor, siga os mandamentos dele, daí você viverá (J.R.S., 77 anos, sexo masculino, católico, acometido por DRC).

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