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Segundo Yin (2005), a forma mais adequada de se optar pela estratégia de pesquisa a ser usada deve passar pela análise de três condições básicas, a saber:

ƒ o tipo de questão de pesquisa proposta;

ƒ a extensão de controle que o pesquisador tem sobre eventos comportamentais atuais;

ƒ o grau de enfoque em acontecimentos contemporâneos em oposição a acontecimentos históricos.

Yin (2005) postula que os estudos de caso são a metodologia mais adequada quando o trabalho a ser desenvolvido busca responder questões, sobretudo, do tipo “como” ou “por que”. Nessa situação o pesquisador não tem chances de controlar os eventos comportamentais se o foco do trabalho estiver em acontecimentos contemporâneos. Tais questões “explanatórias” são adequadas para analisar evoluções operacionais ao longo do tempo, em contraste com eventos repetitivos ou esporádicos.

Outra indicação para o uso de estudo de caso são investigações empíricas, que, nas palavras de Yin (2005,) “investigam um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

“A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise de dados.”

Outra definição da adequação do estudo de caso com estratégia de pesquisa nos é oferecida por Schramm (1971 apud YIN, 2005, p. 31):

“A essência de um estudo de caso, a principal tendência em todos os tipos de estudo de caso, é que ela tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados.”

Já para Stake (2005), a opção por estudar um caso não é uma opção metodológica, mas a simples escolha por um objeto a ser estudado, uma vez que a escolha de um caso é definida pelo interesse do autor no mesmo. Stake destaca ainda que o termo “estudo de caso” ajuda a chamar a atenção para o que pode ser aprendido daquele caso em específico, mas também o produto de nosso conhecimento.

Ainda segundo Stake (2005), o propósito de um estudo de caso não é necessariamente a construção de teoria. Um estudo de caso não é feito porque representa outros casos ou indica a existência de um problema, mas sim pelo interesse intrínseco no mesmo, suas particularidades.

Com base na definição acima, Stake (2005) cunhou o termo “uniqueness”, que penetra a natureza do caso, suas origens históricas, sua ambientação, seus contextos econômicos, políticos, legais e estéticos, delineando sua história singular e complexa.

Auto-intitulado um construtivista, Stake postula que o conhecimento é construído socialmente, e desta forma os casos ajudam a construir conhecimento, pois os mesmos são descritos de forma detalhada, permitindo aos leitores fazer comparações com relação a certos atributos destacados. Por ser construído com base em fenômenos do mundo-real (e não em experimentos de laboratório), que possibilitam uma descrição rica do contexto em que ocorre, o estudo de caso é uma das formas mais usadas para erguer pontes entre as evidências qualitativas e a pesquisa dedutiva, resultando na construção de teoria. O estudo de caso também é um método valioso quando usado para analisar como os indivíduos estruturam e resolvem seus problemas no cotidiano. (EISENHARDT; GRAEBNER, 2007).

Siggelkow (2007) postula que um estudo de caso único pode permitir a construção de um insight conceitual, identificando lacunas na teoria e daí estimulando pesquisas para preenchê-las com a elaboração de conceitos mais refinados.

Segundo Eisenhardt e Graebner (2007), o desafio do estudo de caso único de apresentar dados de qualidade pode ser respondido por meio de uma narrativa completa e minuciosa dos fatos. Esta narrativa deve conter citações de personagens relevantes ao caso apresentado, bem como dados que o suportem. A história deve, então, ser entrelaçada com teoria, para demonstrar a relação entre as evidências empíricas e a mesma.

Por fim cabe destacar algumas dificuldades que podem ser encontradas em um estudo de caso. Siggelkow (2007, p.20) anuncia que:

“...se você quer escrever um estudo de caso que derive sua excitação e justificativa por meio de pouco mais do que a descrição de um fenômeno particular, assegure-se de ter um porco falante.”4

      

Outro ponto destacado por Siggelkow (2007) é o cuidado que deve ser tomado com as conclusões tiradas do estudo de um caso único, dadas sua limitação de escopo. Uma análise específica, entretanto, pode ser interessante se permitir inferências sobre outros casos. Assim, um paper não pode basear-se somente em sua estrutura descritiva, mas deve prover também um insight conceitual. Desta forma, se um leitor fosse ler somente a parte conceitual do trabalho, o mesmo deveria estar convencido da lógica interna do argumento conceitual. Uma das contribuições do estudo de casos destacados por Siggelkow (2007) é seu uso como ilustração. Ao ver o emprego da construção conceitual em um exemplo concreto o leitor pode mais facilmente imaginar como este argumento conceitual pode ser usado em outras situações empíricas.

Siggelkow (2007) pondera que um caso deveria permitir que o leitor enxergasse a totalidade do quadro analisado, e não somente uma nova visão sobre a literatura. Um leitor não deveria depender de uma compreensão prévia da literatura teórica para apreciar seu texto e suas conclusões.

Em função dessas caracterísitcas do método de estudo de caso, o mesmo mostra-se adequado à analise dos possíveis impactos de um aumento no uso de tecnologias e processos de auto-atendimento nos aeroportos brasileiros, possibilitando a integração dos processos, a eficiência operacional e a qualidade do atendimento.