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CAPÍTULO 3 PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO NO MUNICÍPIO DE

3.2 A COMPANHIA BRASILEIRA DE ALUMÍNIO (CBA)

3.2.1 Caracterização da Fábrica da CBA

Na Fábrica da CBA localizada em Alumínio ocorre o processo de produção do alumínio primário e de produtos com maior valor agregado. O complexo industrial é formado pela Fábrica de Alumina, pela Fábrica de Pasta, pelas Salas Fornos, pela Fundição e pela Transformação Plástica, sendo que cada uma dessas partes da Fábrica é responsável por uma etapa do processo produtivo (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

A Fábrica de Alumina é a primeira etapa da cadeia produtiva da CBA, e tem como objetivo obter o óxido de alumínio (Al2O3) a partir do minério bauxita, proveniente dos municípios mineiros de Poços de Caldas e Itamarati de Minas. A CBA utiliza o Processo Bayer para extrair da bauxita o óxido de alumínio (alumina) com características adequadas aos equipamentos instalados nas Salas Fornos.

A Fábrica de Alumina é dividida em três áreas (Área Vermelha, Branca e de Utilidades) com objetivos distintos, porém todas interligadas entre si, constituindo um processo produtivo contínuo, cada uma dependendo da outra a fim de obter o produto final (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

A Área Vermelha é responsável pelo ataque à bauxita e pela eliminação das impurezas prejudiciais ao processo. É a primeira etapa da produção de alumina, e é a unidade que recebe, distribui, acondiciona e faz o ataque químico da bauxita com soda cáustica; elimina a lama, a areia e as demais impurezas contidas no minério. No final dessa etapa do processo, obtém-se um subproduto (aluminato de sódio) apropriado à próxima etapa, que ocorre na Área Branca. Nesta Área estão instalados o virador de vagões, o depósito de bauxita, três moinhos de bola, oito tanques de dessilicatação, três FADs30

(Flash After Digest – Expansão após Digestão), dois decantadores primários

30 Cada FADs da Fábrica de Alumina é composto por três expansores, três trocadores de calor primários e quatro trocadores de calor secundários. Há um rodízio de funcionamento entre os FADs, de forma que há sempre dois FADs funcionando e um de reserva. Os expansores são vasos de pressão onde ocorre a redução da pressão do aluminato de sódio que entra em seu corpo, ocasionando a evaporação de parte da água presente nesse material, reduzindo a temperatura. Já os trocadores de calor secundários são responsáveis por aquecer a soda de ataque dos autoclaves através de uma câmara onde o vapor expandido do aluminato de sódio com temperatura elevada passa, aquecendo a soda de menor temperatura, que passa em tubulações no interior dessa câmara. Após passar pelos trocadores de calor secundários, a soda sofre um novo aquecimento nos trocadores de calor primários, através do uso do vapor gerado pelas caldeiras.

(sedimentadores), cinco decantadores secundários (lavadores), quatro filtros de lama, oito filtros de segurança e sistema composto por três bombas pistão para envio da lama vermelha, gerada no ataque da bauxita, para a Barragem do Palmital31 (SÃO

PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

A Área Branca ou Hidrólise é responsável pela precipitação do hidrato de alumínio a partir do aluminato de sódio, recuperando a soda cáustica para ser novamente empregada no ataque à bauxita que é alimentada no processo. Os Fornos de Calcinação também fazem parte dessa área, e sua função é calcinar o hidrato de alumínio proveniente da hidrólise da bauxita, produzindo óxido de alumínio. A CBA dispõe de dois calcinadores de leito fluidizado, (nº.5 e nº.6), dotados de precipitadores eletrostáticos para controle da emissão de material particulado. O gás natural é utilizado como combustível para a produção de alumina, atingindo, na zona de queima, temperaturas superiores a 1100°C (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005). A capacidade total dos calcinadores nº.5 e nº.6 juntos é de 3000t/dia.

A Área de Utilidades contempla os equipamentos de acondicionamento do aluminato de sódio utilizado na etapa de hidrólise. É composta, também, por caldeiras, compressores e estação de tratamento de água. Esses equipamentos abastecem a Fábrica de Alumina com vapor, ar comprimido e água desmineralizada (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

Na Fábrica de Alumina estão instalados equipamentos de controle de poluição (ECP) para minimizar a emissão de poluentes para o ar, como filtros de mangas nos silos de consumo de cal e armazenamento de óxido de alumínio, lavador com soda nas cinco caldeiras existentes e, ciclones e precipitadores eletrostáticos nos dois fornos de calcinação. No entanto, em outros equipamentos, não há nenhum controle da poluição ar, sendo emitido para o ar atmosférico, principalmente, vapor de soda (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

A Fábrica de Pasta ou Sala Pasta é o local onde são produzidas as pastas anódicas e catódicas que irão alimentar as cubas eletrolíticas nas Salas Fornos. A Sala Pasta é composta por duas correias transportadoras, uma peneira, cinco silos, um moinho, quatro balanças, um pré-aquecedor e duas caldeiras. Nas principais fontes emissoras de poluentes atmosféricos foram instalados equipamentos de controle de poluição, tais como filtros de

31 A Barragem ou “Lagoa” do Palmital é o local onde é armazenada a lama vermelha gerada pela CBA, já que essa, por conter soda cáustica e outras impurezas, é nociva para o meio ambiente, não podendo ser descartada, sendo, dessa forma armazenada em um local monitorado, a fim de evitar a contaminação do meio ambiente.

mangas, ciclones e um lavador de gases para as duas caldeiras existentes (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

Nas Salas Fornos (salas de redução eletrolítica) ocorre o Processo Hall-Héroult e as cubas eletrolíticas usadas para redução eletrolítica da alumina são denominadas Fornos Soderberg Verticais32, pois as cubas eletrolíticas utilizadas na CBA fazem uso da

tecnologia de Anodo Soderberg. As Salas Fornos da CBA são denominadas de Salas Fornos 70kA, 90kA, 127kA (I, II, III, IV, V-A, V-B, VI e VII) e, juntas, têm 1508 Fornos Soderberg conforme destacado na Tabela 3.4, apresentando uma capacidade produtiva de, aproximadamente, 471 mil toneladas de alumínio primário por ano, conforme dados da ABAL (2010) relativos ao ano de 2008. Em todas as Salas Fornos da CBA há lavadores de gases a seco e somente nas Salas Fornos 127kA V (A e B), VI e VII há presença de lavadores de gases a úmido (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005; SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-01312-98).

Tabela 3.4. Número de Fornos Soderberg de cada Salas Fornos da CBA Salas Fornos Número de Fornos Soderberg

70kA (64kA) 174

90kA (86kA) 58

127kA I (120kA I) 158

127kA II (120kA II) 160

127kA III (120kA III) 150

127kA IV (120kA IV) 160

127kA V-A (125kA V-A) 144

127kA V-B (125kA V-B) 144

127kA VI (125kA VI) 164

127kA VII (125kA VII) 196

Total 1508

Fonte: SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-01312-98

A Fundição da CBA é a unidade responsável pela conformação primária do alumínio líquido proveniente das Salas Fornos e pelo consumo de toda sucata gerada na

fábrica, além de sucata externa, adquirida de terceiros. Esse material é transformado em bobina caster, placas, tarugos, vergalhão properzi, lingotes, barramento e granulado. Nas principais fontes de poluição do ar da Fundição há lavadores de gases a úmido e a seco.

A preparação das ligas de alumínio ocorre a partir da dosagem do alumínio eletrolítico, de sucatas de alumínio geradas nas etapas de transformação plástica e de insumos, que são fundidas em fornos alimentados com gás natural. No ano de 2004, as sucatas de alumínio geradas e reaproveitadas na fundição totalizaram 70.000t, representando, aproximadamente, 17% do total de alumínio fundido produzido (416.093t) (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005; SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-01214-04).

A Transformação Plástica, também chamada de Laminação, é a unidade onde ocorre a laminação e a extrusão do alumínio para obtenção de folhas, perfis, cabos e chapas planas e não planas; anodização de perfis e acabamento específico de produtos, como por exemplo, aplicação de filme plástico ou coloração específica em papel alumínio, em equipamentos denominados Polytype, utilizando resinas, vernizes e solventes orgânicos. Essa área apresenta uma capacidade produtiva de 321.500t/ano (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

Figura 3.5. Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar da CBA Fonte: Acervo pessoal, imagem obtida em 15 de julho de 2009

Por exigência da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a CBA instalou uma Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar (Figura 3.5), em área externa

à indústria, para analisar continuamente a concentração dos poluentes SO2, NO2, O3 e MP10 no ar atmosférico e coletar dados meteorológicos (direção e velocidade de vento a 10m de altura, temperatura e umidade relativa do ar, radiação global e UV total, pressão atmosférica e nível de pluviosidade). A estação começou a operar no final de 2003, mas somente a partir de outubro de 2004 seus dados passaram a ser validados em decorrência do atendimento aos pré-requisitos técnicos estabelecidos pela Divisão de Tecnologia de Avaliação da Qualidade do Ar (ETQ/SP) da CETESB (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

Foram também instaladas pela CBA três estações para monitoramento de fluoretos pelo método do tubo de difusão (duas externas e uma interna à área da indústria) associadas ao biomonitoramento33 realizado por plantas bioindicadoras de fluoretos (Figura

3.6) e vinte amostradores passivos (externos e internos) do poluente (SÃO PAULO/Processo SMA nº. 06-00232-05, 2005).

Figura 3.6. Plantas utilizadas para o biomonitoramento de fluoretos Fonte: Acervo pessoal, imagem obtida em 15 de julho de 2009

33 O biomonitoramento é a avaliação da qualidade ambiental de uma determinada área, utilizando organismos vivos que respondem á poluição ambiental alterando suas funções ou acumulando toxinas.