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CAPÍTULO 3 – ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS

3.2 Caracterização Geomorfológica da Planície Litorânea de Acaraú

A dinâmica ambiental da planície litorânea de Acaraú é caracterizada por processos geodinâmicos e hidrológicos, a ecodinâmica e a interação dos fluxos de matéria e energia com as peculiaridades locais.

De acordo com Meireles e Vicente da Silva (2003) o estuário do rio Acaraú, representa um importante sistema geoambiental e ecodinâmico do litoral noroeste cearense. A presença de um delta de maré em sua desembocadura evidenciou uma complexa evolução, relacionada diretamente com as variações no nível relativo do mar e aportação de sedimentos para o desenvolvimento de flechas de areia e de bancos areno-argilosos que em parte foram colonizados pelo manguezal. A presença de prováveis sequencias de flechas de areia (ilha-barreira) desde a zona de plataforma continental proximal está atualmente representada pela linha de praia atual, entre o ambiente tipicamente estuarino e o delta de maré.

A Figura 3.6 mostra a região litorânea de Acaraú e seus diversos ambientes (ambiente marinho, sistema fluviomarinho e fluvial e a região de tabuleiros).

350000 350000 360000 360000 370000 370000 380000 380000 390000 390000 -3 2 0 0 0 0 -3 2 0 0 0 0 -3 1 0 0 0 0 -3 1 0 0 0 0 Oceano Atlântico

/

1:130.000

Tabuleiro pré-litorâneo Tabuleiro pré-litorâneo

SistemaFluviomarinho do Rio Acaraú

Ambiente marinho – controlado pelas oscilações diárias e maré, dinâmica das

ondas, ação dos ventos e transporte de sedimentos por deriva litorânea.

Sistema fluviomarinho – zona de convergência das energias geradas pela vazão

fluvial, fluxo e refluxo das marés, ondas e ventos. Os processos ecodinâmicos são controlados pelo ecossistema mangeuzal. Os morfogenéticos interagem com os materiais transportados pela deriva litorânea e migração das dunas, bem como os sedimentos de fundo de canal e em suspensão. As intervenções antrópicas estão localizadas nas margens (zona urbana) e bancos internos com vegetação de mangue (desmatamento, abertura de canais e bloqueio das trocas laterais).

Sistema fluvial – aportação fluvial controlada pelas condições ambientais de clima

semi-árido, com vazão fluvial concentrada durante o primeiro trimestre do ano. Limite interior das oscilações diárias de maré (dinâmica e salinidade). A fonte de sedimentos está relacionada com os materiais da Formação Barreiras e embasamento cristalino. LANDSAT_5_TM_20081014_218_062_L2_mergeb1ab7_WGS84_SUTM24_RGB543.tif RGB Red: Band_1 Green: Band_2 Blue: Band_3

Planície Litorânea de Acaraú - CE

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRASNVERSA DE MERCATOR Datum horizontal: WGS84

Sistema fluvial

0 1 2

Km

Figura 3.6 – Estão representados os principais sistemas que definem os processos morfogenéticos e ecodinâmicos locais da regiao litorânea do município de Acaraú - CE (Modificado de Meireles, 2002). Litoral oeste

Litoral leste

Tese de Doutorado

MORFOLOGIA E SEDIMENTOLOGIA DO LITORAL E DA PLATAFORMA CONTINENTAL INTERNA DO MUNICÍPIO DE ACARAÚ – CEARÁ – BRASIL

Maria Valdirene Araújo

Orientador: Prof. Dr. Valdir do Amaral Vaz Manso Co-Orientador: Prof. Dr. George Satander Sá Freire

Os estudos geomorfológicos em ambientes fluviomarinhos abordam a análise das formas de relevo resultantes dos processos controladores da interação entre os agentes dinâmicos (hidrodinâmicos, erosão, transporte e deposição de sedimentos).

Verifica-se que a dinâmica morfológica do estuário é influenciada pela alternância dos fluxos de água fluvial e das marés, além dos efeitos da ação eólica no transporte e acúmulo de sedimentos. O clima vai, portanto influenciar significativamente na dinâmica do relevo, predominando a ação de agentes hídricos no período chuvoso.

No período de estiagem, quando a ação das águas pluviais se faz menos presentes nos processos de erosão, sedimentação e reações ecodinâmicas locais, o vento assume o papel de principal agente modificador, onde pela ação da deriva litorânea (E-W) adquire um desempenho atuante nas formações eólicas e na deposição e sedimentos na planície fluviomarinha e de maré.

Este sistema ambiental guarda em suas margens e leito uma sequência de morfologias representadas por mangues atuais e antigos, bancos areno-argilosos internos ao leito principal, planícies de maré circundadas por vegetação de mangue e entre o contato erosivo com o leito do estuário e o interflúvio tabular (com morfologias localmente denominadas de apicum e salgado) e terraços marinhos (Figura 3.7). Seu limite fluviomarinho interior foi marcado pela presença de terraços fluviais e vegetação característica de mata de tabuleiro, com a presença marcante de carnaubais (MEIRELES e VICENTE da SILVA, 2003).

A Figura 3.7 mostra a integração dos fluxos de matéria e energia ao longo da planície litorânea de Acaraú. As fazendas de camarão (detectadas em imagens Landsat de 2002 e 2008) encontram-se inseridas no ecossistema manguezal, em setores de apicum e de vegetação de manguezal.

O ecossistema manguezal do rio Acaraú é um conjunto de unidades ambientais originadas a partir da dinâmica associada às flutuações do nível relativo do mar. As unidades definidas como delta de maré, flechas de areia e terraço marinho holocênico, gradam lateralmente para os depósitos de mangue e apicum (MEIRELES E VICENTE DA SILVA, 2003).

Para Meireles e Vicente da Silva (2003) os impactos ambientais causados pelas fazendas de camarão ao longo do estuário do rio Acaraú, estão relacionados principalmente com a descaracterização geoambiental e ecodinâmica do ecossistema manguezal por desmatamento da vegetação do carnaubal que se associa lateralmente com as áreas de apicum e manguezal; impermeabilização do solo nas proximidades das áreas urbanas e vilas de pescadores e o bloqueio da maré, impedindo o acesso da água em áreas com vegetação de mangue e em setores de apicum (Figura 3.8).

Com a ocupação dos setores de apicum e bancos de areia, foram extintos setores utilizados pelas comunidades tradicionais para o desenvolvimento da mariscagem e a captura de caranguejos. Promoveu-se a redução do habitat de numerosas espécies utilizadas para a sustentação alimentar de várias famílias, mais de 500 famílias em Curral Velho de Cima, localizado na região litorânea de Acaraú – CE (MEIRELES E VICENTE DA SILVA, 2003).

1:120.000 Fluxo Eólico Fluxo Litorâneo Fluxo subterrâneo Fluxo Estuarino FLUXOS

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRASNVERSA DE MERCATOR Datum horizontal: WGS84

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