Com o intuito de classificar os solos coletados e o resíduo em análise foi realizada a
caracterização geotécnica para ambos, cujos resultados alcançados estão apresentados na
sequência.
5.2.1 Solos
O primeiro parâmetro analisado para as três amostras de solo foi a composição
granulométrica, onde ambos apresentaram baixa porcentagem de pedregulhos. No que diz
respeito ao teor de finos (passantes na peneira #200), a diferença entre os percentuais também
não foi muito acentuada, onde os solos 1, 2 e 3 apresentaram porcentagens de 6,0%, 8,6% e
11%, respectivamente.
Quanto a forma das curvas de distribuição, indicadas na Figura 12, o coeficiente de não
uniformidade (CNU) e o coeficiente de curvatura (CC) indicaram solos bem graduados com
uniformidade média. Conforme Pinto (1998) solos bem graduados apresentam melhor
entrosamento entre as partículas, e tendem a suportar melhor as solicitações de carga, contudo,
é importante frisar que solos de granulometrias semelhantes podem apresentar comportamentos
distintos, tendo outras propriedades que influenciam diretamente no seu comportamento.
37
Fonte: Autoria própria
Os resultados dos ensaios de massa específica dos sólidos, LL e LP para cada amostra
estão indicados na Tabela 2.
Tabela 2 - Resultados dos ensaios de caracterização
Amostras ρs (g/cm3) LL LP IP
1 2,67 - - NP
2 2,81 - - NP
3 3,24 - - NP
Fonte: Autoria própria
Os valores de massa específica apresentaram variações, verificando-se que o solo com
maior proporção de finos possui maior valor de massa específica. De acordo com o Manual de
Pavimentação, os valores geralmente encontrados para solo encontram-se entre 2,6 e 2,8 g/cm
3,
nota-se que o solo 1 e o solo 2 se encontram dentro das especificações, dentro da margem de
erro, porém o a terceira amostra apresentou variação significativa.
Quanto aos limites de consistência, não foi possível moldar os corpos de prova dentro
das condições estabelecidas na norma, podendo-se concluir que os solos são não plásticos ou
fracamente plásticos. Com relação a esses resultados, as amostras se enquadram nas
especificações do DNIT (2006) de valores LL e índice de plasticidade (IP) para materiais a
serem utilizados em camadas granulares, cujos valores máximos para LL e LP estabelecidos
são de 25 e 6%, respectivamente.
0 20 40 60 80 100 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 P o rcen tag em q u e p as sa (% )Diâmetro das Partículas (mm)
Solo 1 Solo 2 Solo 3
Através dos resultados de granulometria e dos limites de consistência os três solos foram
classificados por meio dos sistemas SUCS e TRB. De acordo com a classificação unificada as
três amostras são do tipo SW-SM (areia graduada com silte) ou SW-SC (areia
bem-graduada com argila), sendo a primeira mais provável, uma vez que foi constatado baixo grau
de plasticidade no ensaio, e como, segundo Das (2007), a plasticidade é produzida pela água
adsorvida que circunda as partículas de argila, pode-se esperar que os tipos de argilominerais e
suas quantidades proporcionais em um solo, afetará esse limite.
No tocante a classificação TRB, as três amostras se mostraram intermediárias, onde os
solos 1 e 2 ficaram entre as classificações 1b e A3. Já o solo 3 aproximou-se mais do tipo
A-3, com uma porcentagem de finos de 11%, ultrapassando em 1% o valor máximo de finos para
um solo desse tipo; outro tipo que poderia se enquadrar seria um A-2-4, contudo o solo
apresentou-se como NP.
Com base nesses resultados foi tomado para ser usado na estabilização o solo 3. O
objetivo inicial seria estabilizar um tipo de solo que fosse mais abundante na região em que foi
realizada a pesquisa, tendo por base Guilherme (2016), que apresentou A-2-4 e A-6 como os
mais abundantes no município, como não foi possível encontrar o material com a classificação
exata, adotou-se o que mais se aproximou.
5.2.2 Resíduo
O resíduo da britagem de rocha calcária foi submetido aos ensaios de caracterização
geotécnica. Na Figura 13 encontra-se apresentada a curva granulométrica do material em
questão, através da qual verificou-se a predominância de material arenoso com 24,72% de finos
e, ainda, que a mesma apresenta um formato suave, o que sugere um material bem graduado.
Conforme asespecificações da norma 141/2010 – ES (DNIT, 2010) a distribuição dos grãos do
resíduo satisfaz a faixa F (item 3.4.3), que podem ser aplicadas em bases de pavimentos para
39
Fonte: Autoria própria
Na Tabela 3 estão apresentados os resultados de massa específica dos grãos, limites de
consistência e a classificação segundo os métodos SUCS e TRB.
Tabela 3 - Propriedades físicas e classificação do RBRC
Limite de Liquidez - LL (%) 13,83
Limite de Plasticidade - LP (%) 10,11
Índice de Plasticidade - IP (%) 3,72
Massa especifica real (g/cm3) 2,58
Classificação SUCS SM
Classificação TRB A-2-4
Fonte: Autoria própria
De acordo com a Tabela 3, a massa específica dos sólidos foi de 2,58 g/cm³, valor dentro
do esperado para este tipo de resíduo, quando comparado aos resultados encontrados por
Fernandes et al. (2016), que obteve resultados para RBRC entre 2,6 e 2,7 g/cm³.
No tocante aos limites de consistência, o uso do resíduo se enquadra dentro dos valores
máximos de LL e IP de 25% e 6%, respectivamente, estabelecidos pelo DNIT (2006). Os
valores para LL e IP encontrados por Fernandes et al. (2016) divergem um pouco dos
apresentados na Tabela 6, sendo o LL mínimo de 19% e IP de 4%, variabilidade assim, não tão
acentuadas, podem ser decorrentes das características de formação do calcário, assim como do
processo de britagem.
O RBRC é classificado pelo TRB como A-2-4, esta mesma classificação apresenta
materiais do tipo A-2-4, como bons para aplicação em camadas de pavimento, principalmente
subleito (DNIT, 2006). Pelo SUCS é considerado arenoso siltoso (SM) que, de acordo com as
0 20 40 60 80 100 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 P o rce n tag em q u e p ass a (%)
Diâmetro das Partículas (mm)