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4. Caracterização da cidade de Bragança

5.2 Caracterização habitacional na vila

É difícil fazer uma definição da tipologia construtiva de uma cidade, vila ou zona rural, pois são elementos muito complexos, transparecendo em si, a caracterização e até mesmo personalidade das pessoas que a constroem e habitam, as suas condições económicas e sociais, profissão e época a que pertencem. Os edifícios podem adquirir várias formas e categorias o que dificulta uma definição singular e única.

As habitações intramuralhas, classificadas em zona de Reserva Ecológica Nacional, após intervenção do Programa de Pormenor, programa este que regulamentava e regrava todas as intervenções executadas numa área em especifico, e englobado no já referido Programa de Incentivos à Recuperação de Fachadas e Coberturas de Imóveis Degradados, não se identificam muitas diferenças entre estas consideradas simples e humildes, apesar das variadas intervenções de restauro efetuadas à maioria dos edifícios. A ideia foi recuperar os edifícios de uma forma cuidada e regrada, utilizando

58 Figura 20 Edifício com quintal.

técnicas tradicionais de construção, tornando a zona mais atrativa, mas também, eliminar todas as patologias existentes evitando assim, o seu ressurgimento, de modo a que as pessoas vivessem em condições minimamente aceitáveis, “mas não alterando a aparência e o caráter antigo que os caracterizam” [37].

Na Cidadela, as casas são de um ou dois pisos, com fachadas planas transparecendo a pobreza e a falta de recursos do passado. Hoje em dia, a maior parte dos edifícios possuiu aspeto exterior bastante agradável. As fachadas são todas idênticas devido às condições regulamentares do Plano de Pormenor para a Zona Histórica de Bragança I., as mesmas cores, mesmo tipo de cobertura e vãos idênticos. Em algumas habitações vê- se, nas traseiras um pequeno quintal limitado por uma vedação ou por um muro, onde esse espaço é explorado com fins agrícolas ou simplesmente para espaços de lazer, ver Figura 20.

No passado, os habitantes destes edifícios, pertenciam à classe baixa, tratando-se de pessoas humildes, com poucas condições económicas e muitas viviam até há bem pouco tempo em deficientes condições de habitabilidade. No interior destas habitações era habitual a existência de um forno e no piso inferior procedia-se à criação de animais. Hoje em dia existem alguns edifícios abandonados ou desabitados, muitos deles usados como casa de férias ou fins turísticos.

Os materiais utilizados na construção das paredes exteriores destas casas eram, normalmente a pedra, o barro e a madeira. A alvenaria era realizada pelo sucessivo encaixe das pedras de diferentes dimensões umas nas outras, sendo as pedras maiores e mais lisas assentes no paramento exterior. Para preenchimento dos vazios utilizavam-se pedras mais pequenas e essencialmente barro. Estas eram depois rebocadas com

59 Figura 21 Exemplos da constituição das paredes de pedra.

Figura 22 Parede de tabique.

argamassa de cal, resultando fachadas lisas de cor branca. “As aberturas para janelas e portas eram suportadas por lintéis que podiam ser vigas de madeira ou de cantaria de pedra” [37].

As pedras mais utilizadas eram o granito e o xisto. O primeiro, usado em paredes de casas nobres ou burguesas com abundância e em paredes de casas mais modestas em padieiras de portas ou janelas. O xisto é uma pedra abundante na região, sendo por isso utilizada com mais frequência.

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Nas fachadas, para além das cores dos materiais naturais são de cor branca, creme ou ocre amarelo.

Em paredes ainda mais simples constituídas por barrotes de madeira, de tal maneira associados que permitiam formar uma estrutura, em que os espaços vazios seriam preenchidos com materiais diversos normalmente barro e palha.

60 Figura 24 Exemplo de varandas.

As coberturas são constituídas por telha cerâmica de canudo e subtelha de cor natural, incluindo todo o sistema de impermeabilização, isolamento térmico e estrado de madeira de castanho.

Em poucas das casas ainda se veem varandas, normalmente no primeiro andar, ao longo da dimensão das fachadas quando estas são voltadas para a rua principal (ver figura 24). São geralmente cobertas pelo telhado, o frechal que lhe corresponde pousa em prumos que se erguem do peitoril, simples barrotes de madeira ou metal postos ao alto. Estas assentam apenas nas pontas salientes do soalho sem qualquer apoio do solo.

Torna-se difícil caracterizar edifícios antigos, devido à falta de informação proveniente do construtor original, inexistência de documentação que pormenorize os materiais utilizados ou o tipo de construção utilizada e obras ou possíveis remodelações feitas ao longo dos anos. Neste estudo, a única informação existente, é a dos atuais habitantes de cada uma das casas ou em alguns casos a partir das casas em ruinas, em que é possível observar e caracterizar diversos elementos estruturais utilizados na época.

Atualmente das 106 casas existentes na cidadela, 58 estão habitadas (54.72%), 38 desabitadas (35.85%) e 10 estão em ruínas (9.43%).

Os imóveis que se encontram desabitados, nem todos estão em mau estado, pelo menos a nível de fachada exterior. Muitos destes estão remodelados, mas por motivos, talvez, de falta de oportunidade foram “abandonados”.

61 Em relação às casas habitadas, aproximadamente 84% tratam-se de casas remodeladas. Por outro lado, sabe-se que das casas habitadas, algumas são destinadas ao comércio nomeadamente restaurantes, loja de venda de artesanato e museus, outras são utilizadas para fins turísticos ou para férias dos próprios proprietários

Gráfico 3 Variadas utilidades dos edifícios habitados.

67,24% 15,52%

10,34% 6,90%

Habitação permanete Comércio Turismo Férias

62 Contam-se hoje 79 habitantes, número este que tem vindo a diminuir de ano para ano, pois a população é maioritariamente idosa.

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