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Caracterização morfológica dos materiais

4. Resultados e Discussão

4.2. Caracterização dos Materiais de Partida

4.2.6. Caracterização morfológica dos materiais

Na Figura 57 são apresentadas fotos para comparação visual entre o material de resina acrílica e o silicone. É notável a diferença de textura entre os materiais.

Figura 57: Amostras: (A) resina acrílica e (B) silicone.

Os materiais de resina acrílica apresentam-se mais rígidos que os materiais de silicone. As próteses faciais confeccionadas de silicone apresentam diversas vantagens em relação às próteses de resina acrílica. As resina acrílicas são utilizadas na odontologia a décadas, porém próteses faciais confeccionadas por estes materiais, apresentam algumas desvantagens, como por exemplo, sua alta rigidez e toxicidade do monômero residual.

Devido a presença de monômeros residuais, a resina acrílica continua a polimerizar mesmo após a implantação da prótese à face do paciente. Com isto, com o passar do tempo, a prótese torna-se mais rígida que o inicial, trazendo certo desconforto ao paciente e a necessidade de substituição da prótese em torno de 6 meses.

As próteses de silicone são largamente utilizadas no exterior, e diversos estudos são realizados no intuito de aprimoramento destes materiais e estudos de sua pigmentação.

No Hospital do Câncer de Pernambuco, a resina acrílica é largamente empregada para a confecção de próteses faciais. Devido aos problemas relacionados às próteses de resina acrílica, citados anteriormente, surgiu este trabalho de pesquisa, visando à substituição da resina por um material que apresente uma melhor adaptação ao paciente, flexibilidade, durabilidade, facilidade de coloração e custo moderado. Vale ressaltar que um dos fatores que é bastante discutido na literatura e que deve ser levado em consideração é a pigmentação do silicone137..

Diversos estudos mostram a alteração da cor das próteses de silicone com o passar do tempo, sendo necessário desta forma, a substituição da prótese. Com isto, a vantagem das

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diferentes pigmentos acrílicos encontram-se disponíveis no mercado odontológico. A caracterização destes pigmentos encontra-se apresentada neste trabalho.

A escolha do pigmento deve ser crítica devido à estabilidade da coloração do material. Deve-se ter cuidados com reações adversas ao organismo, além de que a coloração deve ser o mais natural possível, ou seja, próxima à cor de pele dos pacientes105. Para isto, uma escala de possibilidades de tons de pele diferentes deve estar disponível.

Neste estudo, sugere-se então, a coloração do silicone com o pó acrílico pigmentado disponível no mercado odontológico. Com isto surge um material de maior flexibilidade do que a resina acrílica, atualmente utilizada no HCP, e de fácil pigmentação. Estes materiais, bem como a mistura destes em diferentes proporções, foram devidamente caracterizadas neste estudo. Diferentes estratégias de síntese destes, visando o aprimoramento de suas propriedades, foram realizadas.

A Figura 58 apresenta uma micrografia eletrônica de varredura do pó acrílico, onde foi possível observar que este é constituído de partículas esféricas de tamanhos variados. O diâmetro das esferas foi determinado utilizando-se o software Scion Image e varia de 12,04 a 144,46µm.

O histograma de distribuição do tamanho de partículas também é apresentado na Figura 58. O tamanho médio foi calculado a partir da medida de 315 partículas, resultando em uma média de 60,49r30,04µm.

Figura 58: Micrografia do pó acrílico (50x) e histograma do diâmetro das partículas.

Na Figura 59 são mostradas micrografias do material utilizado atualmente pelo Hospital do Câncer de Pernambuco obtido pela reação das esferas de PMMA mostradas acima (Figura 58) com o monômero metilmetacrilato. Foram realizadas microscopias das superfícies de fratura manual a temperatura ambiente (298K) e a temperatura de 77K.

12,04 25,28 38,52 51,77 65,01 78,25 91,49 104,73 117,98 131,22 144,46 Diâmetro (Pm) 0 10 20 30 40 50 60 N ú m er o d e O b se rv açõ es

As análises de microscopia eletrônica de varredura das fraturas de polímeros realizadas sob diferentes condições nos permitem obter diferentes informações a respeito da sua morfologia. As amostras são imersas em nitrogênio líquido (77K) e em seguida são fraturas neste meio. Desta forma a fratura é possível obter informações da estrutura do polímero sem que haja uma deformação da mesma que é provocada quando a fratura é realizada a temperatura ambiente.

Quando a fratura de polímeros como o silicone, que possui a característica de ser um material elástico, é realizada a 77K (-196ºC), este é submetido a uma temperatura abaixo da sua temperatura de transição vítrea (-125ºC), fazendo desta forma com que o material torne-se frágil. Com isto, quando a fratura é realizada não há deformações elásticas e a estrutura do polímero pode ser observada sem que haja a influência deste fator.

Figura 59: Superfície de fraturas: coluna à esquerda (A) temperatura ambiente e coluna à direita (B) fratura criogênica.

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A B

A fratura realizada a temperatura ambiente apresenta uma superfície fibrosa (seta vermelha). Em algumas regiões, foi possível perceber a presença de esferas de PMMA que não reagiram totalmente com o monômero adicionado (seta azul). Este processo de polimerização é contínuo, ou seja, progride após a implantação na face do paciente110.

Já na fratura realizada a 77K foi possível observar uma superfície lisa, sob a forma de placas, com penas rachaduras (seta verde).

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Na Figura 60 estão apresentadas micrografias das superfícies dos silicones em estudo. Pelas análises realizadas foi possível observar que a superfície do silicone da Dow Corning (B) apresenta-se mais lisa do que a do silicone da Ortho Pauher. Ambos os silicones apresentam “aglomerados” distribuídos aleatoriamente sob suas superfícies. Porém há um maior número de aglomerados e de tamanho maiores distribuídos sob a superfície do silicone reticulado da Dow

Corning. Não foi possível observar uma diferenciação das fases em termos de composição.

Na Figura 61 estão apresentadas micrografias das superfícies de fratura (temperatura ambiente) dos silicones em estudo.

Figura 61: Superfície de fratura a 298K dos silicones: (A) Ortho Pauher e (B) Dow Corning.

Pelas imagens, foi possível perceber que a superfície de fratura do silicone da Ortho Pauher (A) é menos lisa do que a superfície de fratura do silicone da Dow Corning (B).

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Nas micrografias A da Figura 61 é possível perceber uma superfície ligeiramente irregular com uma estrutura fibrosa. Nas micrografias B da mesma Figura, a superfície se apresenta bastante lisa.

Com a tensão exercida pela fratura, em ambos os silicones, ocorreram a formação de “fios” de polímero, que se deslocaram da superfície (indicados pelas as setas). Na Figura 62 são apresentadas micrografias da superfície de fraturas criogênicas.

Figura 62: Superfície de fratura a 77K dos silicones: (A) Ortho Pauher e (B) Dow Corning.

Pelas imagens, foi possível observar a superfície de fratura do silicone sem que haja deformação elástica. A superfície de fratura do silicone da Ortho Pauher apresenta certa rugosidade, enquanto a do silicone Dow Corning apresentou-se mais lisa.

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