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Parte II – Projeto de Empreendedorismo Social Inovação e Governança para a

2.1. Caracterização do Município de Mação

Assim como descrito no Plano de Desenvolvimento Estratégico de Mação 2025, o concelho de Mação está organizado em seis freguesias, resultado da união das freguesias da Aboboreira, Mação e Penhascoso ao abrigo da Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro. Esta união de freguesias corresponde a um terço do território e concentra mais de metade da população residente num território de baixa densidade, com um modelo de povoamento disperso em que as dinâmicas sociais e funcionais ocorrem, muitas vezes, com os concelhos vizinhos, dada a distância à sede do concelho.

A identidade e as dinâmicas socioeconómicas do concelho de Mação são, inevitavelmente, uma amálgama das caraterísticas das suas freguesias. As freguesias de Envendos, Amêndoa e Cardigos, onde a população com 65 ou mais anos já representa mais de 40% da população residente, refletem um fenómeno de envelhecimento que, associado, à perda populacional coloca sérios desafios à coesão territorial do concelho.

O emprego gerado pelas atividades ligadas ao setor primário marcam a identidade das freguesias e promoveram a fixação de pessoas, ainda que a tendência atual mostre que o terceiro setor tem vindo a gerar postos de trabalho e em muitos casos já é o principal empregador.

As dificuldades vividas pelas freguesias mais afastadas da sede do concelho sentem-se também na vila de Mação. A perda, ainda que ligeira, de população residente no último período intercensitário e o envelhecimento da população são fenómenos que exigem o envolvimento dos diferentes agentes do território para que possam ser mitigados. (p. 22)

O concelho de Mação caracteriza-se como um território de baixa densidade, partilhando com uma parcela significativa do território nacional um conjunto de condicionantes ao seu desenvolvimento, mas também uma identidade assente na matriz rural das comunidades e na relevância dos recursos naturais nos processos de desenvolvimento. As problemáticas da sustentabilidade demográfica – com a tendência de êxodo da população em idade ativa a refletir-se no envelhecimento e em perdas elevadas de população residente – e

37 da dispersão do modelo de ocupação territorial – identificam-se em Mação 98 lugares, na sua totalidade com menos de 2000 residentes - influenciam decisivamente a atratividade do território e articulam-se com outras dimensões de baixa densidade económica e institucional. O modelo económico tradicional de Mação assentou na exploração dos recursos florestais e agrícolas, complementado pela transformação industrial de produtos alimentares, com destaque para as carnes e enchidos. A retração da atividade agrícola e florestal e as dificuldades de inserção da produção industrial em mercados globais mais concorrenciais refletem-se na reduzida dimensão da bolsa de emprego concelhia e na crescente preponderância do emprego na esfera da administração local e serviços públicos e sociais e em ofertas relativamente massificadas e/ou desqualificadas nos setores da construção, distribuição e comércio. (Idem, p.23)

Neste quadro, os atores locais identificam como factor crítico de sucesso de qualquer estratégia de desenvolvimento de Mação a orientação da oferta de modalidades profissionalizantes de dupla certificação para as necessidades do tecido empresarial local e para a exploração dos recursos endógenos, evitando duplicações de ofertas e outras ineficiências. Para além dos equipamentos e serviços no domínio da educação, a gestão de outras ofertas sociais, em particular as de apoio à terceira idade, assumem em territórios com as características de Mação uma natureza estratégica.

2.1.2. A economia social em Mação

Num território com estas características, a economia social ocupa um lugar de extrema importância pois por muito bem-intencionados que sejam os serviços públicos, o território não dá tréguas e muito do que se faz é na ótica de que era visível que tinha de ser feito. Ou seja, desde sempre este concelho aprendeu a lidar e gerir os seus problemas, escolhendo frequentemente a via da economia social, pelo seu caráter solidário e altruísta.

Mação conta com um total de 67 associações, 8 Instituições Particulares de Solidariedade Social, 2 Santas Casas da Misericórdia e 14 Cooperativas, o que perfaz 91 Organizações de Economia Social.

A tendência de envelhecimento populacional de comunidades fortemente dependentes de prestações da segurança social e de rendimentos do mercado de trabalho informal, num contexto de retratação das atividades tradicionais e de crise de setores intensivos em mão-de-obra, é apontada pelos atores locais como uma das principais fontes de

38 focos de carência económica e exclusão social, que exigem respostas de proteção social com uma muito forte participação dos recursos públicos.

O aumento da cobertura do território por equipamentos e serviços de apoio à terceira idade é evidente, ainda mais quando a opção estratégica nos últimos anos foi de criação da oferta junto das comunidades rurais (em oposição a uma estratégia mais centralizadora, de instalação dos equipamentos nos principais polos urbanos), sendo também reconhecida a relevância do terceiro setor como um dos principais em empregadores, muito em particular da população feminina. Ainda assim, registam-se necessidades de articulação entre serviços e de comunicação entre instituições, de construção de ofertas dirigidas a grupos específicos (toxicodependentes, idosos isolados, utentes com dificuldades de mobilidade) e de aplicação continuada das metodologias de deteção precoce de riscos sociais. (Idem, p. 24)

De notar que o município apoia de forma muito expressiva estas organizações, tendo inclusivamente um regulamento de apoio às mesmas, sendo ainda possível constatar, pela leitura das atas de reunião de câmara, várias situações de apoio excecional, o que demonstra a sensibilidade do executivo para a pertinência da ação destas instituições no Concelho.

Estamos, portanto, num território sofrido, que viu a quase totalidade da sua mancha florestal arder entre os anos de 2017 e 2019 e cremos que este projeto faz sentido em qualquer ponto do país, mas Mação, mais do que o berço da mestranda, é um local ímpar de resiliência e sobrevivência onde é meritório apostar.