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Capítulo III – Método

3.5. Caracterização dos participantes

Participaram no presente estudo 29 crianças (N=29), de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 8 anos aos 10 anos, com uma média de 8,5.

Quadro 1: Caracterização dos Participantes

Crianças N Sexo Média de Idade Masculino Feminino

Família Tradicional 17 13 4

8,5 Família Monoparental 12 6 6

De acordo com o quadro 1, das 29 crianças participantes no estudo, 12 são crianças de famílias monoparentais, sendo que 1 criança vive numa família monoparental feminina originada por mãe solteira, 9 crianças vivem numa família monoparental feminina, tendo origem num divórcio ou separação e 2 crianças vivem numa família monoparental masculina originada num divórcio ou separação, e 17 são crianças de famílias tradicionais.

Relativamente aos aspetos sociodemográficos dos participantes (Anexos 4 e 5), verificou-se que, das 29 crianças entrevistadas, 10 pertencem ao sexo feminino e 19 ao sexo masculino. Das 10 crianças do sexo feminino, 4 vivem em famílias tradicionais e 6 vivem em famílias monoparentais; das 19 crianças do sexo masculino, 13 vivem em famílias tradicionais e 6 em famílias monoparentais.

3.5.1.

Instrumentos

Para a recolha de dados no âmbito da presente investigação de caracter qualitativo, optou-se por utilizar o inquérito em forma de entrevista (Lessard-Hébert, Goyette & Boutin, 2008). Optou-se por uma entrevista semiestruturada, a qual se caracteriza pela existência de um guião de entrevista (grelha de temas a abordar). De acordo com Foddy (1996), a entrevista irá permitir ao investigador a recolha de dados descritivos na linguagem do sujeito, assim como as suas representações da realidade.

Para a presente investigação procedeu-se à construção de um instrumento de recolha de dados (Anexo II), o qual se encontra estruturado em grandes blocos temáticos, desenvolvendo depois perguntas chave (Guerra, 2006) que permitissem dar resposta às questões pré-definidas como relevantes para o estudo. O referido instrumento de recolha de dados, foi estruturado em 9 partes, de forma a contemplar:

Parte II: Caracterização Sociodemográfica do/a entrevistado/a Parte III: Perceção do que é uma família tradicional e monoparental

Parte IV: Perceção das dificuldades das famílias tradicionais e monoparentais Parte V: Perceção dos aspetos negativos das famílias tradicionais e

monoparentais

Parte VI: Perceção dos aspetos positivos das famílias tradicionais e

monoparentais

Parte VII: Sentimentos percecionados pelas crianças relativamente à sua família e

perceção do sentimento de outras crianças nas outras famílias.

Parte VIII: Perceção das funções dos elementos das famílias tradicionais e

monoparentais

A primeira parte do guião foi elaborada com a finalidade de informar o entrevistado sobre o tema, os objetivos do estudo, os responsáveis pelo mesmo e a metodologia. Pretendeu-se ainda nesta primeira parte solicitar a colaboração do/da participante para o estudo a realizar, assegurar a confidencialidade e o anonimato, solicitar autorização para a gravação áudio da entrevista e para colocar a gravação/transcrição da entrevista à disposição do entrevistado.

A segunda parte do guião da entrevista foi elaborada com a finalidade de caracterizar a amostra do ponto de vista sociodemográfico. Foram abrangidas várias questões que pretendem focar as seguintes variáveis: sexo, idade e forma de família.

A terceira parte do guião corresponde à perceção de família, seja através de uma visão global do objeto em estudo, ou de uma visão mais intima acerca da própria família, (famílias tradicionais e monoparentais).

A quarta parte do guião corresponde à identificação das principais dificuldades de cada uma das formas de família (famílias tradicionais e monoparentais).

A quinta parte do guião corresponde à identificação dos principais aspetos negativos de cada uma das formas de família (famílias tradicionais e monoparentais).

A sexta parte do guião corresponde à identificação dos principais aspetos positivos de cada uma das formas de família (famílias tradicionais e monoparentais).

A sétima parte do guião corresponde à identificação dos principais sentimentos percecionados pelas crianças relativamente à sua família e perceção do sentimento de outras crianças nas outras famílias.

A oitava parte do guião corresponde à identificação das principais funções dos diferentes membros de cada uma das formas de família (famílias tradicionais e monoparentais).

No final da entrevista foi colocado uma questão de remate à entrevista e permitiu perceber e identificar qual seria a família ideal para as crianças entrevistadas.

Ao longo da elaboração do guião de entrevista procurou-se utilizar uma linguagem clara e acessível, de modo a facilitar a interpretação das questões, tendo em consideração as idades das crianças participantes no estudo. Dado que se tratava de um guião de entrevista, pretendeu-se que as questões fossem elaboradas e organizadas de forma a tornar as respostas o mais inteligíveis possível.

3.5.2.

Procedimentos

Os dados foram recolhidos com recurso a uma entrevista semiestruturada de forma a recolher as perceções das crianças dos 8 aos 10 anos, em relação à sua família e às outras famílias, nomeadamente, tradicionais e monoparentais.

A participação no estudo foi efetuada mediante a assinatura do termo de consentimento dos pais das crianças (Anexo 1), o qual incluía o título, os objetivos, os procedimentos do estudo e a salvaguarda pelos direitos de confidencialidade e de cessação da participação a qualquer momento. Só após a autorização dos pais e encarregados de educação é que se procedeu à realização das entrevistas com as crianças. Foi mais difícil obter autorizações de famílias monoparentais devido à pouca abertura por parte desses núcleos familiares, por não querem expor a sua condição familiar e por não quererem abordar um assunto que poderá perturbar o bem-estar das suas crianças.

Para realização das entrevistas, foram priorizadas questões éticas e de abordagem das crianças, sendo realizadas na escola, um espaço familiar às crianças (sala de apoio ao ensino especial), onde pudesse ocorrer sem interrupções de outros sujeitos, tendo cada entrevista a duração aproximada de 10 a 20 minutos.

As entrevistas foram gravadas utilizando um gravador digital para que fosse mais fácil e fidedigna a sua posterior transcrição e análise dos dados. A sua utilização é recomendada, segundo Bogdan e Biklen (2010) quando a entrevista, é a única técnica de recolha de dados do estudo, para que não se percam informações importantes na posterior transcrição das mesmas.

Foi salvaguardada a identidade das crianças participantes, de forma a não resultar qualquer dano físico ou psicológico, recorrendo por isso ao anonimato das crianças, cujos nomes foram substituídos pelas iniciais “CR” seguidas de um número, por exemplo “CR1” aquando das transcrições das entrevistas.

A recolha da amostra foi realizada através da técnica “snow ball”, um tipo de amostra intencional que é escolhida pelo investigador, por ter determinadas características, inicialmente, pedindo a indicação de novos indivíduos que preenchem os mesmos critérios de seleção, ou seja, a indicação dos primeiros participantes no estudo foi divulgada por pessoas conhecidas que por sua vez indicaram novos participantes e assim sucessivamente, sempre frisando que a participação é voluntaria. Como a amostra vai crescendo como uma bola de neve à medida que novos indivíduos são indicados ao investigador, torna-se bastante útil para estudar pequenas populações muito específicas.