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A presente pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva, aplicada e configura-se como pesquisa bibliográfica e pesquisa-ação.

Quanto à abordagem da pesquisa é classificada como qualitativa pela caracterização dos dados que foram coletados junto aos servidores que atuam com as atividades de gestão de pessoas, como forma de perceber as práticas de gerenciamento das informações pessoais dos servidores e pensionistas da UFRN e validação das propostas referente aos processos administrativos de aposentadoria e pensão por morte.

A pesquisa qualitativa utiliza um conjunto de práticas interpretativas e materiais para entender a atribuição de significados, aspecto básico no processo de pesquisa. “O enfoque qualitativo utiliza a coleta de dados sem medição numérica para descobrir ou aprimorar perguntas de pesquisa no processo de interpretação” (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013, p. 33). Para Flick (2013, p.23) “a pesquisa qualitativa não está moldada na mensuração”, pois neste tipo de pesquisa, não há interesse na padronização da situação, nem na representatividade numérica dos participantes, em vez disso, a coleta de dados é concebida de uma maneira mais aberta e tem como objetivo um quadro abrangente possibilitado pela reconstrução do quadro que está sendo estudado. (FLICK, 2013).

Assim, foi aplicada a técnica de triangulação dos dados, bastante utilizada na análise de dados em pesquisas com abordagem qualitativa, pois permite aprofundar o estudo e ampliar o conhecimento sobre os fatos investigados. Para Marconi e Lakatos (2003), a triangulação consiste na combinação de metodologias diversas e tem por objetivo abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do fato estudado. Os dados coletados em diferentes fontes são cruzados e comparados entre si. Ainda segundo Flick (2013, p.183), na triangulação “a análise de dois ou mais pontos é realizada principalmente utilizando-se várias abordagens metodológicas”.

Ainda, segundo Martins e Theóphilo (2009), a confiabilidade do estudo pode ser garantida pela adoção de várias fontes de evidências, técnica conhecida como

89 triangulação. Os autores ainda complementam que, caso as evidências resultem da aplicação de técnicas distintas de coleta de dados, a confiabilidade apresenta um valor ainda maior.

No tocante aos objetivos da pesquisa é classificada como descritiva, pois descreveu as características do gerenciamento das informações pessoais, evidenciando o acesso e uso dessas informações. Conforme Gil (2008, p.27), este tipo tem “como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”, identificação além da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação.

Quanto à finalidade a pesquisa é classificada como aplicada, pois os resultados obtidos devem “se tornar relevantes para o campo da prática, e para a solução de problemas na prática” (FLICK, 2013, p. 19). Para Andrade (2010, p. 111) “a pesquisa aplicada pode resultar nas descobertas de princípios científicos que promovam o avanço do conhecimento em determinada área”. Nesse sentido, a pesquisa produziu atualização dos mapeamentos dos processos, cartilha de orientação aos servidores e recomendações para aperfeiçoar o gerenciamento.

No que tange aos procedimentos da pesquisa é classificada como pesquisa bibliográfica e pesquisa-ação. A pesquisa bibliográfica, presente na pesquisa, foi utilizada para a fundamentação teórica que corresponde a uma revisão e síntese da literatura sobre a gestão da informação na administração pública, informação pessoal dos servidores públicos, gerenciamento das informações pessoais, auditoria de ativos de informação e a auditoria interna baseada em riscos, para atender aos objetivos do estudo, que se inserem no âmbito da Gestão da Informação e do Conhecimento, eixo temático da Ciência da Informação, embora tenham relações com outras áreas como o Direito e a Contabilidade.

De acordo com Gil (2009, p. 44) a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, permitindo ao investigador uma vasta cobertura de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Para Marconi e Lakatos (2003), a pesquisa abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, livros, revistas, monografias e teses, sua finalidade é colocar o pesquisador em contato com tudo que foi escrito.

90 A pesquisa bibliográfica foi realizada no período de junho de 2019 a outubro de 2020, sendo recuperados artigos científicos, dissertações e teses, nas seguintes bases de pesquisas: Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Base de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI) e no Google Acadêmico, com as seguintes palavras-chaves: gestão e acesso à informação, acesso à informação pessoal, informação pessoal, gestão da informação pessoal na administração pública, auditoria de ativos de informação, auditoria de inteligência e auditoria baseada em riscos.

Para Gil (2008) a pesquisa-ação se caracteriza pelo envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo de pesquisa, com finalidade de possibilitar a obtenção de resultados socialmente mais relevantes. Para Thiollent ela é definida como:

[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos no modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2011, p. 20).

Thiollent (2011) enfatiza a necessidade que a ação não seja trivial, o que significa uma ação problemática, merecendo investigação para ser elaborada e conduzida, visto que, na pesquisa-ação, os pesquisadores desempenham um papel ativo na identificação do problema, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas, em função do equacionamento dos problemas encontrados.

Ainda acerca da pesquisa-ação, Turrioni e Mello destacam que essa metodologia implica intervenção, uma vez que “o pesquisador, utilizando a observação participante, interfere no objeto de estudo de forma cooperativa com os participantes da ação para resolver um problema e contribuir para a base do conhecimento” (2012, p. 154).

Os autores ainda esclarecem que técnicas como observação participante, entrevista e a revisão de documentos são indispensáveis para a coleta de dados, com o objetivo de compreender os hábitos e interesses, possibilitando verificar os detalhes da situação a partir da vivência, trazendo confiabilidade e validade à pesquisa (TURRIONI; MELLO, 2012)

O ciclo do processo da pesquisa-ação acontece em cinco fases: planejar, coletar dados, analisar dados e planejar ações, implementar ações, avaliar resultados e gerar

91 relatório. (TURRIONI e MELLO, 2012) Para representação do processo de pesquisa- ação, a seguir figura das fases, etapas e atividades da estrutura.

Figura 12 - Detalhamento das fases, etapas e atividades da estrutura proposta para pesquisa-ação quando iniciadas pelo pesquisador.

Fonte: Turrione e Mello (2012, p. 155).

Nesta pesquisa, foram executadas as fases de planejamento, coleta, análise de dados e planejamento das ações. A fase seguinte, referente à implementação das ações propostas, foi atendida parcialmente, tendo em vista que algumas recomendações propostas já foram implementadas, mediante reuniões de trabalho, onde as sugestões da pesquisadora e dos demais membros da equipe da divisão, foram discutidas, aprovadas e executadas a partir do estabelecimento de novos procedimentos.

Embora todas as recomendações tenham sido validadas pela equipe da DPAP, restam recomendações por implementar, de modo que cabe aos gestores da diretoria a implementação das recomendações restantes.

92 Quanto a última fase de avaliar resultados e gerar relatório, também foi atendida parcialmente, tendo em vista que, foi produzido um guia de implementação de recomendações finais, como resultado e relatório da pesquisa quanto às recomendações elaboradas, sendo sinalizadas as implementadas.

Assim, a pesquisa-ação mostrou ser um procedimento adequado neste estudo, considerando que a pesquisadora desenvolve suas atividades profissionais na DAP/UFRN e a partir desta inserção foi identificado uma situação-problema, devido a percepção da ausência de diretrizes no que concerne ao gerenciamento das informações pessoais custodiadas na diretoria. Desse modo, para solucionar este problema foi realizada uma investigação de forma participativa com os demais servidores no intuído de analisar e propor ações corretivas para o problema, contribuindo para o conhecimento, visto que a prática de gerenciar as informações pessoais é desenvolvida por todos os servidores da DAP.

Além disso, observam-se semelhanças em algumas etapas do processo da pesquisa-ação com as etapas da auditoria, por meio de atividades como planejamento, coleta, análise dos dados e elaboração de recomendações ou ações para melhoria da organização.

Nesse sentido, de aproximação das temáticas, Vo-Tran (2011) desenvolveu um estudo no qual realizou uma auditoria combinando os métodos da auditoria de informação com a pesquisa-ação, tendo sido incorporado na etapa de recomendações de implementação do método de Henczel (2000), o modelo espiral de pesquisa-ação de Kemmis e McTaggart (1988) com a finalidade de melhorar o diagnóstico e a execução das recomendações.

A escolha ocorreu devido à percepção que o uso da metodologia da pesquisa- ação, que envolve ação e participação, auxilia na resolução de problemas como uma melhor ferramenta de diagnóstico, pelo aprofundamento da compreensão da organização, por meio de uma abordagem estratégica e estruturada para implementar mudanças.

Nessa perspectiva, o autor elaborou um diagrama para representação da abordagem híbrida de sua pesquisa a partir da combinação dos métodos, conforme será apresento a seguir:

93 Figura 13 - Incorporação da espiral de pesquisa-ação de Kemmis e McTaggart no estágio seis

do modelo de auditoria de informação de Henczel

Fonte: Adaptado de Vo-Tran (2011)

O modelo espiral de pesquisa-ação de Kemmis e McTaggart (1988) utilizado no estudo de Vo-Tran (2011), apresenta quatro fases de mudança contínua, que são: planejar, agir, observar e refletir. Tais fases consistem em desenvolver um plano de ação de melhoria, agir conforme o plano formulado e implementá-lo. Posteriormente, é preciso observar os efeitos das ações adotadas e refletir sobre tais efeitos como base para o planejamento futuro e a ação subsequente através de um espiral de ciclos de sucessão. (VO-TRAN, 2011).

Dessa forma, o processo de auditoria é conduzido por meios dos estágios do método apresentado, tendo sido selecionado para a coleta de dados as técnicas de observação e entrevista, por permitir ao pesquisador perceber e explorar as práticas da organização. Seguindo os demais estágios, nas recomendações de implementações foi incorporado o modelo espiral de pesquisa-ação que determina uma análise crítica sobre

94 as recomendações com as atividades de planejamento, ação, observação e reflexão. (VO-TRAN, 2011).

Dessa maneira, realizar uma auditoria de informação com uma metodologia que enfatiza a ação e a participação do pesquisador, possibilita aprimoramento na identificação e diagnóstico dos problemas, além do aperfeiçoamento na execução e avaliação das ações recomendadas.

Diante disso, a presente pesquisa é classificada em suas características quanto à abordagem, aos objetivos e aos procedimentos da pesquisa.

Quadro 12 - Classificação metodológica da pesquisa CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA Abordagem Qualitativa

Objetivos Descritiva Finalidade Aplicada

Procedimentos Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa-Ação Fonte: Elaboração Própria (2019).

Nas próximas seções serão apresentadas as demais características da pesquisa, como o campo de realização, técnicas e instrumentos de coleta de dados e procedimentos de análise.