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II. Avaliação sobre a possível atuação da escola na promoção de conhecimento dos alunos sobre questões políticas/incentivo para a participação deles nelas.

III. Possíveis fatores de influência para o envolvimento do estudante com questões políticas.

IV. Indicadores de interesse por parte dos estudantes por política e de sua participação em eventos políticos.

V. Percepção dos alunos acerca da possível contribuição da escola em sua formação política.

Cada bloco de análise será explicado quando os dados que os compõem forem relatados. Inicialmente, serão apresentados de forma resumida os resultados contidos em cada bloco, no intuito de responder às perguntas feitas. As tabelas e figuras que foram elaboradas a partir dos dados coletados e que serão citadas no decorrer desse trabalho, encontram-se no Apêndice C (Tabelas) e Apêndice D (Figuras).

A quantidade de questões que compunham o questionário e os cruzamentos que foram feitos entre elas geraram uma grande quantidade de tabelas. Por essa razão, optou-se pelo seguinte procedimento para a apresentação dos resultados:

1. colocar todas as tabelas produzidas no Apêndice C. Lá, inclusive, o leitor identificará tabelas que não foram citadas no decorrer desse trabalho, quando da análise dos resultados, mas, que devido sua especificidade, serviram de apoio para contextualizar a discussão;

2. trazer para o corpo do trabalho a síntese e a análise dos principais resultados, fazendo-se sempre referência às tabelas originais que deram origem a estas sínteses.

Conforme já indicado, o objetivo do estudo era verificar se e em que medida as escolas estimularam a formação política dos jovens estudados, segundo a avaliação desses alunos, e o interesse e comprometimento destes com tais questões. Para tal, se fez necessário:

1. Identificar o perfil dos jovens participantes dessa pesquisa.

2. Verificar se eles identificavam ações integradas entre os diversos atores de sua instituição escolar, em sua formação política.

3. Verificar se os estudantes pesquisados possuíam informações adequadas sobre temas atuais que envolveram aspectos políticos. Para isso, analisaram-se respostas dos alunos que atestavam (ou não) seu conhecimento sobre a ocupação das escolas em 2015 e sobre o processo de impeachment da Presidente Dilma; além disso, pesquisou-se se se sentiam interessados por eles.

4. Identificar se os alunos percebiam e consideravam relevantes possíveis contribuições de seus professores, para a sua formação política, através das redes sociais.

5. Verificar se os participantes consideravam ou não relevante o ensino de política nas escolas e as razões que os conduziam a esta opinião.

Ao todo, foram aplicados 283 questionários no período entre 24 de agosto e 13 de setembro de 2016; portanto, logo após os Jogos Olímpicos do Rio, 7 dias antes da votação do processo de impeachment da Presidente Dilma no Senado Federal, e durante a vigência da campanha eleitoral em rádio e TV para as eleições municipais. Chama-se a atenção para esse fato, pois o ano de 2016 foi marcado por uma série de manifestações de caráter político – na verdade, já em dezembro de 2015 com as ocupações das escolas de ensino médio paulistas – que se seguiram por todo o ano, principalmente com os debates entre os que declaravam ser contrários ao processo de impeachment da

Presidente Dilma, ou que o apoiavam. Tal condição só foi arrefecida no período em que o Brasil, mais precisamente a Cidade do Rio de Janeiro, sediou os Jogos Olímpicos, o que fez com que os meios de comunicação dedicassem quase inteira atenção aos Jogos. Após essa fase, os locutores e comentaristas esportivos deram lugar aos especialistas políticos – cientistas políticos, sociólogos, filósofos, historiadores, educadores, intelectuais de todas as áreas. O debate político voltou à baila, devido ao julgamento final do processo de impeachment e o início da campanha eleitoral municipal, ocupando considerável espaço em todos os tipos de mídia, incluindo as redes sociais, inserindo, assim, as discussões políticas de maneira ainda mais intensa, não só nas ruas, mas também nas casas, nas universidades e nos meios sociais em geral.

Acredita-se ser relevante caracterizar esse momento para que o leitor possa compreender melhor qual o ambiente encontrado no país quando o instrumento de coleta de dados foi entregue nas escolas. Isso apresentado, pode-se avançar para a análise dos resultados em si.

I. Caracterização Pessoal

A caracterização pessoal dos alunos que participaram desta pesquisa inclui dados sobre:

a) idade (Tabelas 1a, 1b); b) sexo (Tabela 2); c) raça/cor (Tabela 3);

d) exercício de trabalho remunerado (Tabela 4); e) escolaridade (Tabela 5);

f) dependência administrativa da escola (Tabela 6); g) posse de título de eleitor (Tabela 7).

Os dados coletados quanto à faixa etária, não permitem falar em um perfil geral/médio, já que se encontraram sensíveis diferenças entre as escolas, como pode ser observado na Tabela 1a. Apesar da evidência, em todas as escolas, de maior incidência de alunos na 1ª faixa etária, de até 15 anos e 11 meses (E2 32,32%, E1 24,72%, e E3 33,68%), e uma porcentagem mínima de estudantes na última, com 18 anos completos ou mais (E2 6,06%, E1 7,87%, e E3 6,32%), temos um resultado discrepante entre as escolas nas demais faixas-etárias. Ou seja, não há como afirmar que, somados os resultados de todas as escolas, a faixa-etária média do total dos alunos seja a que vai até 15 anos e 11 meses (30,39% dos alunos).

Outro exemplo de diferença entre os alunos das escolas, no que se refere à faixa-etária, é o que mostra a Tabela 1b, sobre a distribuição dos participantes (n e %), segundo a faixa-etária e o direito ao voto. Percebe-se que na faixa-etária dos alunos que possuem o direito facultativo ao voto, a escola E1 concentra 67,42%, enquanto que na escola E3 60% dos alunos encontravam-se nessa faixa-etária, resultado bem próximo do da escola E2, o que denota a diferença entre as escolas

Algo similar ocorre quanto à distribuição dos alunos por sexo, nas escolas, como apresentado na Tabela 2. A maioria dos participantes (52,65%) é do sexo masculino, e semelhante concentração de pessoas nesse perfil ocorre em todas as escolas; contudo, o que temos é um percentual de 54,74% de homens nas escola E3 e de 50,56% na escola E1, o que demonstra maior desequilíbrio na escola E3 no que tange à presença de homens e mulheres nessa instituição.

Outro dado relevante do perfil dos alunos é o que trata do quesito raça/cor. Pode-se averiguar na Tabela 3, que a maioria dos alunos que responderam a esta pesquisa são brancos (51,22%). Entretanto, devemos registrar que os dados por escola apresentam substancial diferença entre elas. Na escola E3, 72,63% dos alunos se declararam brancos, percentual maior do que os alunos da escola E2 (50,52%) e mais que o dobro dos 33,33% dos alunos da escola E1 que disseram ser brancos. Essa proporção se mantem quando nos referimos aos alunos que se declararam negros; neste caso porém, a escola que concentrou o maior percentual de alunos que se declararam negros/morenos foi a escola E1 com 58,62%, percentual maior que a escola E2 (44,33%) e mais que o dobro dos 21,05% dos alunos da escola E3.

Quanto aos dados referentes ao trabalho remunerado, é possível perceber pela Tabela 4 que 83,45% dos alunos não exerciam trabalho remunerado. Novamente, os dados entre escolas permite dizer que a escola E3, com 3,23% de alunos que disseram exercer trabalho remunerado, é distinta das demais escolas, uma vez que, a escola E2 tinha 22,45% e a escola E1 24,14 de seus alunos recebendo alguma remuneração por trabalho.

Com relação ao quesito série/ano, segundo a Tabela 5, a maior parcela se concentrou no 2º ano do Ensino Médio (36,33%). Houve, nesse aspecto, um maior equilíbrio entre as escolas E2 e E3, já que aproximadamente 37% dos alunos de cada escola estavam no 2° ano. Contudo, a escola E1 concentava 40,23% de seus alunos no 1º ano, o que era o maior percentual entre as escolas. É interessante observar que a escola apresentava redução do número de alunos conforme as séries avançavam, indo dos já citados 40,23% de alunos no 1º ano, para 25,29% no 3º ano, ou seja, uma redução de quase 15% ao final do Ensino Médio.

Quanto à dependência administativa das escolas, a Tabela 6 mostra que 64,43% dos alunos estavam em escola pública. Porém, isso ocorreu pelo fato de ter sido possível aplicar o instrumento de pesquisa em apenas uma escola privada, a E3, o que equivale a 33,57% dos alunos participantes.

O último dado que fecha essa categoria sobre a caracterização pessoal dos alunos trata dos jovens que disseram possuir o título de eleitor. Os resultados descritos na Tabela 7 sugerem que apenas 13,78% do total de alunos afirmaram possuir título de eleitor. A escola E2 concentrou o maior percentual, com 18,18%. Esse tópico também não apresenta equilíbrio entre as instituições de ensino. A escola E1 somou 14,61% e a escola E3 o menor percentual, com 8,42% de alunos com o título de eleitor.

Esperava-se, de fato, que a escola E1 obtivesse um baixo resultado nesse último quesito, uma vez que, ao se observarem os dados da Tabela 5, que apontou 40,23% dos alunos dessa unidade escolar no 1º ano do ensino médio; isso seria um indicativo de que poucos alunos dessa instituição teriam a idade minima necessária para ter o título de eleitor (a partir dos 16 anos segundo a legislação brasileira). No entanto, chamou a atenção o fato de a escola E3 possuir o menor percentual de alunos com título de eleitor (Tabela 7), sendo que esta escola possuía mais de 33% de seus alunos no 3º ano do ensino médio, segundo a Tabela 5, sugerindo-se assim, um número razoável de alunos que poderiam ter o título de eleitor.

Os dados sobre caracterização pessoal serão usados mais à frente quando do cruzamento desses dados com os dos outros blocos, como, por exemplo, os indicadores de interesse por política ou participação em eventos políticos ou a percepção dos alunos acerca da possível contribuição política da escola, isso para avaliar se há influência de características pessoais como raça/cor, sexo, faixa-etária nos demais resultados obtidos.

II. Avaliação da possível atuação da escola na promoção de conhecimento dos

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