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Capítulo 5 PROGRAMA FLORESTAL CATARINENSE DE GERAÇÃO DE

5.1 Caracterização do programa

As seis diferentes regiões do Estado de Santa Catarina (Sul, Grande Florianópolis, Vale do Itajaí, Norte, Meio Oeste e Extremo Oeste Catarinense) apresentam industrialização em maior ou menor escala, sendo que em todas existem pólos industriais de destaque, como o caso da indústria metal-mecânica no Norte do Estado, a têxtil no Vale do Itajaí, a cerâmica no Sul, a madeireira no Meio Oeste, a agro-industrial no Extremo Oeste.

Nessas regiões também existem áreas com baixa produtividade, comprometendo a renda per capita, principalmente no meio rural.

As pequenas propriedades rurais têm na agricultura sua fonte de subsistência. A renda destas propriedades baseou-se, por muito tempo, na venda do excedente de produção. São pequenas extensões de terra, com dimensões variando de 5 a 30 hectares, com topografia normalmente acidentada.

Na economia globalizada atual é prioritário definir que produto pode ser absorvido pelo mercado local ou passível de ser transportado a outros mercados, e ainda assim, ser atrativo economicamente.

O desenvolvimento econômico deve harmonizar-se com a proteção do meio ambiente para atingir o desenvolvimento sustentável. Segundo HOGAN (1995), para o desenvolvimento sustentável, faz-se necessário a efetivação dos seguintes sistemas:

político - que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório;

econômico - capaz de gerar excedentes e conhecimento técnico em bases confiáveis e constantes;

social - que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não equilibrado;

produção - que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento;

internacional - que estimule padrões sustentáveis do comércio e financiamento;

administrativo - flexível e capaz de autocorreção.

O trabalho desenvolvido pela administração pública expõe a preocupação desta com o desenvolvimento das áreas rurais. O Programa de Microbacias Hidrográficas, iniciado em 1987, visa a adoção de práticas sustentáveis de manejo e conservação do solo e da água por produtores rurais, buscando melhorar a renda da propriedade rural, através do aumento da produtividade, além de promover uma utilização mais racional do solo.

Um dos objetivos do Programa de Microbacias é aumentar a extensão e permanência da cobertura vegetal do solo, sendo para tanto adotadas medidas tais como: mapeamento, planejamento e monitoramento do uso do solo; extensão rural; programa de incentivo do manejo e conservação do solo; desenvolvimento de florestas e proteção de recursos naturais; administração, monitoramento e avaliação do próprio programa com treinamento do público envolvido.

Nesse programa foram beneficiados cerca de 81.000 agricultores de Santa Catarina.

Logo ficou evidente como seria difícil garantir produtividade em propriedades pequenas com topografia tão acidentada. Segundo TESTA (1996) o Estado de Santa Catarina, pelas suas características topográficas, tem como recomendação que 70% de sua área deveria ser utilizada com florestas. Aliado a este fato, pelas condições de clima e de solo, o Estado se apresenta como uma das regiões de mais alta produtividade florestal do mundo.

Cita LIMA (2001) o caso do Oeste Catarinense, onde 67,2% da sua área (25.388 km2) são classificados como classe 3 e 4, isto é, recomendados para florestamento, áreas estas que tiveram sua cobertura natural total ou parcialmente retirada pelo desmatamento e posterior queima e que hoje estão sendo utilizadas em muitos casos com culturais anuais, isto é, fora da aptidão do uso.

AB’SABER (1989) cita que o resgate das áreas de baixa eficiência produtiva pode iniciar-se dentro do espaço de um plano nacional de reflorestamento.

Ao equacionar o reflorestamento e a silvicultura, com a utilização do potencial desse, contempla-se o quesito da garantia de desenvolvimento sustentável, enquanto proposta de

desenvolvimento econômico voltado à exploração mais racional dos recursos naturais, à preservação do meio ambiente ou ao equilíbrio ecológico e ao combate das disparidades sociais entre os homens e entre as nações (FAO, 1997).

Incentivar um reflorestamento de grande extensão que venha a resultar em benefícios assimétricos, apenas dirigidos aos interesses do setor industrial não atende aos objetivos da administração estadual. O aviltamento dos preços da matéria prima não beneficiaria ninguém, dentro das comunidades residentes e, sobretudo, em relação aos representantes da força de trabalho ligada às diferentes operações da silvicultura e atividades agropastoris.

A busca é por propostas de desenvolvimento regional a partir de planejamento integrado. Entende-se por ideal a alternância de silvicultura, de agricultura modernizada e flexível, da pecuária melhorada e indústrias de transformação e processamento, beneficiadoras dos produtos primários visando maior valor agregado.

O Projeto Florestal de Geração de Trabalho e Renda, parte integrante do Programa Florestal Catarinense, atende a necessidade de aumento da área reflorestada bem como auxilia o aumento da renda familiar dos agricultores identificados através do Programa de Microbacias como em iminente processo de exclusão social.

Os proprietários beneficiáveis são selecionados de acordo com a classificação de renda adotada pelo Projeto Microbacias, que considera a renda mensal de cada integrante da família. A Resolução no 007/2000 (em anexo) da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura, rege que: “Considerando a necessidade de ajustar os critérios sócio-econômicos estabelecidos para selecionar produtores rurais, afirma que o Projeto Florestal de Geração de Trabalho e Renda é direcionado aos produtores rurais que praticam agricultura familiar, cuja renda mensal não seja superior a 2,0 (dois) salários mínimos, provenientes de vendas de excedentes de produção (excetuando-se os valores de até 1 (um) salário mínimo percebido por aposentadoria ou pensão), cujas propriedades, somadas, tenham área inferior a 2,5 (dois e meio) módulos fiscais e cuja participação da mão-de-obra da família seja de, no mínimo, 80%".

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