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ECOLOGICAL SANITATION: ACCEPTANCE TECHNOLOGY, CHARACTERIZATION, HYGIENIZATION AND URINE TREATMENT.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.3. Caracterização quanti-qualitativa da urina visando ao uso na agricultura

A caracterização da urina foi realizada por meio de uma campanha na comunidade Vila Tomé com coletas individuais. No mês de agosto do ano de 2009, foram entregues para 28 pessoas, de diferentes faixas etárias e sexo, recipientes de plástico de 4L previamente lavados com água corrente, detergente neutro biodegradável sem fósforo, ácido clorídrico a 20% e água deionizada. Os recipientes foram identificados por gênero e idade através de adesivos e cores correspondentes a cada situação, conforme mostrado na figura 3.9. Foram escolhidos recipientes de boca larga, para facilitar o manejo e o ato de urinar das mulheres, evitando a utilização de outros recipientes que viessem a contaminar a amostra.

Para aquelas pessoas e responsáveis pelas crianças que contribuíram através da doação de urina foram repassadas informações a fim de evitar variáveis ou interferências que pudessem prejudicar a caracterização quantitativa e qualitativa:

1. Sempre urinar no recipiente.

2. Urinar diretamente dentro do recipiente.

3. Não cuspir nem lançar nada no recipiente além da urina. 4. Ao terminar de urinar, sempre tampar o recipiente. 5. Manter o recipiente longe da radiação solar.

Figura 3.9 – Recipientes utilizados na coleta da urina, identificados por cor. Fortaleza – CE, 2009.

Fonte: Elaborado pelo autor (2013)

Após 40 horas da distribuição dos recipientes, os mesmos foram coletados de casa em casa e encaminhados diretamente ao Labosan - Laboratório de Saneamento do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (DEHA) da Universidade Federal do Ceará para análise físico-química e microbiológica.

Pretendia-se caracterizar quantitativamente segundo sexo e faixa etária. No entanto, no dia da coleta, a partir da realização de perguntas aos colaboradores do projeto, foi identificado que nem todos os participantes urinaram nos recipientes. No caso dos homens, 80% informaram que utilizaram o recipiente apenas no horário que estavam em casa, ou seja, fora do horário de trabalho. O mesmo ocorreu com as crianças, devido ao horário escolar. Diante desta situação e por já existir diversos trabalhos científicos sobre o assunto, foi decidido realizar apenas a caracterização qualitativa, e adotar a produção per capita de 1,5 L/pessoa.dia para homens, mulheres e idosos, e 0,9 L/pessoa.dia para crianças (LAMINOU 2009; ZANCHETA et al., 2007; BUENO et al., 2005; RIOS et al., 2007).

2.3.1.Parâmetros

Foram analisados os seguintes parâmetros de qualidade:

1) Físico-químicos: cor, turbidez, temperatura, condutividade, pH, amônia, nitrato, nitrito, NTK, fósforo, ortofosfato, DQO, cloreto, potássio e metais pesados (cromo, cobre, manganês, cobalto, cádmio, chumbo e zinco);

2) Microbiológicos: coliformes termotolerantes e grupos de bactérias específicas. Com exceção da determinação de nitrato, todas as análises foram concretizadas seguindo rigorosamente as metodologias de cada parâmetro especificadas no “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater” (APHA, 2005), apresentadas na tabela 3.4. Para a análise de nitrato, foi utilizado o método de salicilato de sódio por espectrofotometria normatizado pela Association Française de Normalisation.

Para caracterização microbiológica, um volume de 50mL de cada grupo foi levado para um laboratório clínico, situado em Fortaleza, onde foi feita a urinocultura por meio de isolamento e contagem de placas.

Primeiramente, tentou-se determinar a concentração de E.coli pela forma mais rápida e simples utilizando a técnica Colilert®, no entanto devido a coloração amarela da urina dificultar a contagem de células ativas no Quanti-Tray®, essa técnica foi imediatamente descartada, adotando-se então, a técnica de fermentação em tubos múltiplos com Meio A1.

Tabela 3.4 - Metodologia dos parâmetros analisados e referências de normatização.

Parâmetro Método analítico Normatização

Cor Colorimétrico APHA - 2120 C

Turbidez Nefelométrico APHA - 2130 B

Condutividade Potenciométrico APHA - 2510 B

pH Eletrométrico APHA - 4500-H+ B

Amônia Destilação e Titulometria APHA - 4500-NH3 B e C Nitrato Salicilato por espectrofotometria AFNOR – NFT90-012

Nitrito Colorimétrico APHA – NO2- B

NTK Micro-kjeldahl APHA – 4500-Norg B

Fósforo Persulfato-digestão/ácido ascórbico APHA – 4500-P E

Potássio fotometria de chama APHA - 4500 P

Ortofosfato Ácido ascórbico APHA – 4500-P E

DQO Refluxação fechada - Colorimétrico APHA – 5220 D Cloreto Argentométrico (método de Mohr) APHA – 4500-Cl- B Metais pesados Absorção atômica de chama de ar-acetileno 3111 B

Coliformes termotolerantes

Técnica de fermentação em Tubos Múltiplos com Meio A1

9221 E

Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

2.3.2. Avaliação da simples estocagem como técnica de tratamento da urina

A urina foi estocada durante um período de 36 dias em quatro bombonas plásticas de 20L, divididas segundo faixa etária e sexo: homens (idade de 20 a 50 anos), mulheres (20 a 50 anos), crianças (entre 5 e 10 anos) e idosos (acima de 60 anos). Essa divisão foi realizada por meio de uma amostragem composta, onde as amostras individuais de cada grupo (homem, mulher, criança e idoso) foram acondicionadas nas bombonas. Conforme visualizado na figura 3.10, optou-se por recipientes de cor escura (azul) pra impedir a entrada de luz e com isso a ocorrência de reações indesejadas.

Figura 3.10 – Recipientes utilizados no armazenamento da urina. Labosan, Fortaleza – CE, 2009.

Fonte: Elaborado pelo autor (2013)

Os parâmetros monitorados nesta etapa foram: pH, condutividade, fósforo, ortofosfato, amônia, nitrato, nitrito e coliformes termotolerantes, analisados duas vezes por semana em duplicata.

A temperatura foi monitorada de 09h00min às 17h00min, a cada 2 horas, por meio de um termômetro de haste, modelo MV-363, marca Minipa®. Foi verificada baixa amplitude de temperatura durante o período, permanecendo próxima a 28ºC com variação de ± 1,5ºC.

2.3.2.1.Análises matemáticas

A taxa de mortalidade bacteriana foi estimada pela lei de Chick (VON SPERLING, 1996), caracterizada como um modelo cinético de primeira ordem (equação 3.1).

t k e No N  .  . (3.1) Em que:

N: Concentração do indicador bacteriano no tempo t, em NMP/100mL No: Concentração do indicador bacteriano no tempo 0, em NMP/100mL k: coeficiente de decaimento bacteriano, em d-1

t: tempo em dias

O método utilizado para a determinação da constante de decaimento bacteriano k foi o método dos mínimos quadrados, de Reed-Theriault (VON SPERLING, 1996).