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Caracterização sociodemográfica dos participantes

5. RESULTADOS

5.1 Caracterização sociodemográfica dos participantes

A Tabela 1 apresenta as principais características sociodemográficas das famílias participantes.

Tabela 1 - Resumo das principais características sociodemográficas das

famílias participantes

Variáveis Média (desvio-padrão) ou

porcentagem (%) Idade da Mãe

Idade do Pai 33,27 (DP= ±6,28) 36,45 (DP= ±7,83)

Escolaridade materna em anos concluídos

Escolaridade paterna em anos concluídos 12,34 (DP= ±3,97) 11,40 (DP= ±4,01)

Renda da mãe

Renda do pai R$ 1.341,49 (DP= ±1.276,70) R$ 2.112,45 (DP= ±1.543,89)

Renda da família em faixas29:

R$ 601,00 a 1000,00 R$ 1001,00 a 1600,00 R$ 1601,00 a 2000,00 R$ 2001,00 a 3000,00 R$ 3001,00 a 4000,00 Acima de R$ 4000,00 2,9% 13,5% 16,3% 21,2% 16,3% 26,9% Composição familiar

Família nuclear com pai e mãe biológicos de todos os filhos Famílias recasadas com pai e mãe biológicos da criança focal

Famílias recasadas com mãe biológica da criança focal

Famílias nucleares com pais adotivos da criança focal

Família recasada com pai biológico da criança focal

Família recasada com mãe adotiva da criança focal e padrasto

85,6% 6,7% 3,8% 1,9% 1% 1% Número de filhos

Famílias com 1 filho 38,5%

29 Das famílias participantes, em 2,9% dos casos a respondente (mãe) não soube

precisar a renda familiar mensal. Essas situações foram computadas no SPSS como missing values, devido ao fato de não ter sido oferecida uma resposta ao item (Mundstock & cols., 2006).

Famílias com 2 filhos Famílias com 3 filhos Famílias com 4 filhos Famílias com 5 filhos

42,3% 13,4% 4,8%

1%

Sexo da criança focal

Masculino Feminino

54,8% 45,2%

Faixa de idade das crianças

4 anos 5 anos 6 anos 42,3% 47,1% 10,6%

Participaram da pesquisa 104 famílias biparentais residentes em quatro municípios do estado de Santa Catarina. Dentre essas famílias, 59,6% moravam na cidade de São José, 19,2% em Florianópolis, 17,3% em Itajaí e 3,9% em Balneário Camboriú. Foram entrevistadas 208 pessoas. Das mulheres participantes, 103 eram mães da criança focal e uma era madrasta; dos homens, 99 eram pais da criança focal e cinco eram padrastos. Com o objetivo de facilitar a apresentação e a discussão dos resultados, serão utilizadas as terminologias “pai” e “mãe” também para designar “padrasto” e “madrasta”.

As mães participantes apresentaram média de idade de 33 anos, variando de 22 a 50 anos, enquanto os pais possuíam média de idade 36 anos, sendo a mínima 24 e a máxima 63 anos. O teste Mann-Whitney, que avalia a existência de diferença estatisticamente significativa entre médias de duas condições (Dancey & Reidy, 2006), foi aplicado às idades de pai e de mãe. Por meio do referido teste, constatou-se que os homens eram significativamente mais velhos do que as mulheres (U=4193,50; Z=2,80; p<0,01).

No tangente aos níveis de escolaridade, o ensino médio foi completado por 32,7% das mães, sendo esse o grau de escolaridade mais prevalente entre as respondentes. O ensino superior foi concluído por 20,2% das mulheres e a pós-graduação por 12,5% delas. Assim como as mães, o grau de escolaridade mais prevalente nos pais participantes também foi o ensino médio completo (27,9%). O ensino superior foi concluído por 15,4% dos homens, ao passo que 7,7% deles possuíam pós-graduação. Considerando que os níveis de escolaridade se referiam a variáveis categóricas, aplicou-se o teste qui-quadrado, com o objetivo de verificar a associação entre as categorias (Dancey & Reidy, 2006). Obteve-se que a escolaridade da mãe é maior do que a escolaridade do pai em níveis (χ²=154,24; p<0,01, com força C=0,77; p<0,01). Outrossim, com base na aplicação do teste Mann-Whitney, foi

identificado que, em termos de anos concluídos, a escolaridade das mulheres também foi significativamente maior do que a escolaridade dos homens (U=3990,50; Z=2,07; p<0,05).

Das mães, 16,7% não possuíam jornada de trabalho fora de casa, sendo classificadas como trabalhadoras do lar ou desempregadas. Dentre as demais, 21,6% possuíam jornada de até 30 horas semanais, 28,4% até 40 horas semanais e 33,3% acima de 40 horas semanais. Dos pais, 5,9% não possuíam jornada de trabalho fora de casa, 3,9% trabalhavam até 30 horas semanais, 50% possuíam jornada de até 40 horas semanais e 38,2% acima de 40 horas semanais. Em dois casos não foi possível precisar a carga horária de trabalho do pai, em virtude das variações semanais. O teste qui-quadrado revelou que o pai possui maior jornada de trabalho fora de casa do que a mãe (χ²=95,22; p<0,01, com força C=0,70; p<0,01).

No que diz respeito à renda familiar total auferida durante um mês, constatou-se que a faixa mais prevalente foi acima de R$ 4.000,00, como pode ser notado na Tabela 1. Em termos de rendimento dos cônjuges, a remuneração média do pai foi aproximadamente 57% maior do que a remuneração média da mãe, sendo essa diferença estatisticamente significativa, com base no teste Mann-Whitney (U=2505,00; Z=5,28; p<0,01).

Em relação à composição familiar, em mais de 85% dos casos as famílias se caracterizavam como originais ou intactas, isto é, famílias nucleares compostas por pais biológicos de todos os filhos (Wagner & Féres-Carneiro, 2000). O tempo de união do casal variou de um ano a 27 anos, sendo a média 10,74 (DP=5,45). No que diz respeito ao número de filhos, a faixa mais prevalente se referiu às famílias com dois filhos no momento da coleta de dados. No concernente à criança focal, foram entrevistadas 57 famílias de crianças do sexo masculino e 47 famílias de crianças do sexo feminino. A faixa etária mais prevalente dessas crianças foi cinco anos no momento da coleta de dados.

A maior parte das crianças (53,8%) frequentava a escola em período integral. Somente 8,7% das famílias declararam ter babá para cuidar da criança. A responsabilidade pelo cuidado da criança focal, quando ela não está na escola, é exclusivamente atribuída a 23,1% das mães e a 6,7% dos pais. O cuidado conjunto por pai e por mãe é realizado em 14,4% das famílias, por avós em 11,5% e por irmãos mais velhos em 6,7% das famílias.

A seguir, a Tabela 2 apresenta correlações entre as variáveis sociodemográficas das famílias no que se refere à idade, escolaridade

(em termos de anos concluídos) e rendimento de pai e de mãe, bem como renda familiar total e número de pessoas residentes no domicílio.

Tabela 2 - Correlações de Spearman entre as variáveis sociodemográficas das

famílias Idade da mãe (1) Idade do pai (2) Rendi- mento da mãe (3) Rendi- mento do pai (4) Renda da família (5) Escola- ridade da mãe (6) Escola- ridade do pai (7) N˚ de pes- soas na casa (8) 1 - 2 0,76** - 3 0,32** 0,24* - 4 0,22* 0,13 0,31** - 5 0,31** 0,22* 0,68** 0,86** - 6 0,12 0,04 0,57** 0,50** 0,62** - 7 0,03 -0,06 0,25* 0,61** 0,55** 0,72** - 8 0,21* 0,24* -0,13 -0,21* -0,18 -0,38** -0,32** - ** p< 0,01 e * p< 0,05

1: idade da mãe; 2: idade do pai; 3: rendimento da mãe; 4: rendimento do pai; 5: renda da família; 6: escolaridade da mãe; 7: escolaridade do pai; 8: número

de pessoas na casa.

O número de pessoas que reside no domicílio familiar se relacionou positivamente à idade da mãe e à idade do pai. Nesse sentido, identificou-se que quanto maior a idade dos pais, maior também o número de pessoas que mora na casa da família. Além disso, constatou- se que quanto menor a escolaridade do pai, a escolaridade da mãe e a renda auferida pelo pai, maior o número de pessoas residentes no domicílio familiar.

A idade da mãe se relaciona ao total de rendimentos da mãe, ao total de rendimentos do pai e ao total de renda familiar mensal. Desse modo, quanto maior a idade da mãe, maior também o total de rendimentos por ela percebido, o total de rendimentos percebido pelo pai e, ainda, a renda familiar mensal. Já a idade do pai se relaciona ao total de rendimentos auferido pela mãe e ao total de renda familiar mensal. Sendo assim, quanto maior a idade do pai, maior a renda da mãe e a renda familiar total.

No que se refere ao grau de instrução formal, quanto maior a escolaridade da mãe, maior também a escolaridade do pai, bem como os rendimentos de pai e de mãe, culminando em uma maior renda familiar mensal. Ademais, quanto maior a escolaridade do pai, maior a renda do

pai, da mãe e a renda familiar mensal. Além disso, o total de rendimentos da mãe se relaciona positivamente ao total de rendimentos do pai, indicando que quanto maior a renda mensal da mãe, maior também a renda mensal do pai.

No tocante às características sociodemográficas das famílias participantes, constatou-se, em suma, que a maioria constituía família nuclear com dois filhos no momento da coleta de dados. Os testes estatísticos mostraram que o pai possui significativamente mais idade e maior renda mensal do que a mãe. A mãe, por sua vez, apresentou maior escolaridade em níveis e em termos de anos concluídos quando em comparação ao pai. Além disso, a maior parte das crianças focais frequentava a escola em período integral; no período em que a criança não estava na escola, a mãe era a sua principal cuidadora. Ademais, um maior número de pessoas residentes na habitação familiar esteve relacionado à menor escolaridade de pai e de mãe, bem como à menor renda percebida pelo pai. A remuneração individual auferida por pai e por mãe está relacionada à maior idade e à maior escolaridade dos cônjuges.

Destaca-se, após essa breve exposição dos aspectos sociodemográficos das famílias participantes, que a apresentação dos resultados obedecerá à seguinte ordem: características do relacionamento conjugal; relações entre conjugalidade e variáveis sociodemográficas; características do temperamento das crianças focais; relações entre variáveis sociodemográficas e temperamento das crianças focais; e, por fim, relações entre conjugalidade e temperamento das crianças focais.