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Caracterização da turma

No documento A construção da identidade (páginas 42-47)

II. Caracterizações dos Contextos Educativos

2.3. Caracterização do contexto no âmbito do Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico

2.3.1. Caracterização da turma

Apresenta-se de seguida a caracterização da turma, uma vez que esta é imprescindível para a construção de oportunidades de ensino-aprendizagem ativas, significativas, diversificadas, integradas e socializadoras (ME, 2004).

A turma é constituída por 20 alunos, sendo treze do sexo masculino e sete do sexo feminino (figura 6), com idades compreendidas entre os sete e os oito anos.

Figura 6 - Distribuição da turma quanto ao sexo

Nesta turma existe um aluno, do sexo masculino, com Necessidade Educativas Especiais (NEE), concretamente com Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA). Em conformidade com o que é consignado pelos princípios gerais na Lei de Bases do Sistema Educativo a escola deve garantir “o direito a uma justa e efectiva igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares” (Dec. Lei n.º 46/86, artigo 2.º, alínea 2).

As NEE surgem neste âmbito uma vez que estas pretendem proporcionar a atuação dos docentes mediante as necessidades específicas da criança, ao nível do processo de desenvolvimento e aprendizagem da mesma (Sanches, 1996). Do mesmo modo o Dec. Lei n.º 3/2008 de 7 de janeiro veio definir os apoios especializados pressupondo a criação de condições que possibilitam a adequação do processo de ensino- aprendizagem às NEE dos estudantes com dificuldades permanentes, como é o caso da PHDA. Como medidas educativas, se destacam “a) Apoio pedagógico personalizado; b) Adequações curriculares individuais; d) Adequações no processo de avaliação” (Dec. Lei n.º 3/2008, artigo 16.º).

Deste modo os alunos com NEE exigem uma atuação específica do professor, assim como o uso de recursos e de estratégias singulares que promovam e desenvolvam as

43 adaptações curriculares para que as aprendizagens se realizem permitindo, assim, a igualdade de oportunidades no acesso e sucesso educativo (Correia, 2010).

Quanto ao nível socioeconómico, salienta-se que de um modo geral são alunos de famílias com um nível socioeconómico alto e/ou médio. O local de residência da maioria dos alunos localiza-se dentro do concelho.

Relativamente à nacionalidade esta turma possui nacionalidade portuguesa, todavia apenas duas famílias são oriundas de outros países nomeadamente do Brasil e da Índia. No que concerne ao comportamento, a turma é essencialmente homogénea, todavia, e pela singularidade de cada aluno, existem alguns elementos mais irrequietos, sendo manifestado, principalmente pela participação excessiva e um tanto egocêntrica. A turma demonstra um elevado nível de curiosidade, interesse, recetividade e motivação em aprender. Contudo, são pouco autónomos, refletindo-se especialmente nas tarefas propostas, que quando apresentadas vários elementos tem dificuldade em ouvir até ao fim o que é proposto, uma vez que a motivação em executar é superior à concentração em escutar.

No que respeita ao ritmo de trabalho é variável consoante a área curricular, uma vez que nas áreas da Matemática e do Estudo do Meio a turma não apresenta grandes dificuldades, por conseguinte, o ritmo de trabalho predomina-se por ser célere. Não obstante, o mesmo não acontece na componente escrita, que é transversal a todas as áreas, a turma manifesta muitas dificuldades ao nível da escrita, consequentemente, impera o ritmo de trabalho vagaroso.

2.3.2. Caracterização do ambiente educativo

Através da observação e caracterização de um ambiente educativo se perceciona a prática pedagógica efetuada num determinado local (Forneiro, 2008).

Cuando entramos en un centro educativo las paredes, el mobiliario, su distribución, los espacios muertos, las personas, la decoración, en fin, todo noshabla del tipo de actividades que se realizan, de la comunicación entre los alumnos de los distintos grupos, de los intereses de alumnos y profesores, de las relaciones con el exterior, etcétera (Forneiro, 2008, p.51-52).

Quanto à organização da sala de aula (ver figura 7), as mesas estão dispostas em filas, nomeadamente em três colunas os alunos estão dispostos a pares. De salientar que o aluno com NEE se encontra próximo da secretaria da Professora Cooperante, de forma a promover um ensino com estratégias de intervenção adaptadas, bem como poder

44 auxiliar o mesmo de forma individual. A secretária da Professora Cooperante encontra- se ao lado do quadro interativo e nesta é possível observar todos os estudantes.

Figura 7 - Planta da sala do 2.º ano de escolaridade. Fonte: elaboração própria

No que concerne à origem dos materiais didáticos e ao tipo de atividades e interações que são proporcionadas aos alunos alguns são comercializados, como são o caso dos manuais escolares e os cadernos de fichas referente a cada área curricular, outros materiais são elaborados pela docente, como as fichas de trabalho e jogos. Relativamente ao tipo de interações, estes materiais permitem que aluno lhe atribua a função destinada. Afirma-se que estes materiais proporcionam atividades estimulantes para a turma, promovendo, assim, a aprendizagem da mesma. Os materiais estão localizados, na sala de aula, de forma acessível a toda turma. Forneiro (1998) afirma que os materiais devem estar ao alcance da turma, para que a mesma consiga utilizá- los sozinha, promovendo, assim, a autonomia.

A sala de aula em análise, caracteriza-se por ser de médias dimensões, pela existência de três janelas pequenas. Todas as paredes da sala de aula têm como cor o azul céu. Relativamente à luminosidade da sala, esta tem uma boa luminosidade artificial. Quanto ao dinamismo/estatismo, este está relacionada com a possibilidade de transformação da sala de aula (Forneiro, 2008). A sala de aula em análise caracteriza-se por ser estática, na medida em que não foram observadas transformações na mesma. Forneiro (1998, p.258) advoga que a organização de uma sala deve “ser flexível o suficiente para permitir uma rápida e fácil transformação do espaço, à qual responda às necessidades imprevisíveis que possam surgir”.

No que respeita à dimensão funcional Zabalza (1998) advoga que a funcionalidade do espaço constitui um alicerce fulcral de oportunidades, favorecendo ou dificultando a dinâmica da aprendizagem. Tais opções caracterizam o espaço como propulsor ativo no processo educativo, bem como o estilo de trabalho do docente.

45 Neste sentido, o professor deverá “criar um ambiente adequado: não se trata de ensinar nada, em sentido convencional, mas criar ambientes ricos e estimulantes que permitam, e potenciem, o desenvolvimento global” (Zabalza, 1998, p.123) de modo que todos os alunos possam aprender. Nesta medida vários espaços se confluem, designadamente a área de trabalho individual se transforma em área de gestão de serviços e de rotinas. No âmbito da polivalência, esta sala de aula é utilizada com uma única função.

No que diz respeito à dimensão temporal, está “vinculada a la organización del tiempo y, por lo tanto, a los momentos en que los espácios van a ser utilizados” (Forneiro, 2008, p.53). Desta forma, na sala de aula ocorreram momentos de atividades planeadas pela Professora Cooperante e momentos de gestão, de serviços e de rotinas.

Na sala de aula observada, a professora, concede o tempo necessário para a realização das atividades. Relativamente à organização do tempo, a turma tem um horário atribuído, sendo possível observar, no mesmo, a duração de determinada área curricular. De referir, no entanto, que estas horas são flexíveis. Salienta-se que este horário contempla as horas de momentos de descanso – intervalo e almoço (figura 8).

O estabelecimento de diversas relações num determinado espaço, ultrapassa a imobilidade e rigidez do mesmo (Frabboni, 1998). Nesta sala de aula o clima se define por ser calmo e favorável à aprendizagem.

O professor é “o mediador entre o mundo social atual e a criança […]” (Postic, 2007, p.123). Para além desta função, o docente transmite informações; planeia atividades de acordo com os interesses e necessidades da turma estimulando a mesma; encoraja individualmente cada aluno; regula o clima da sala de aulas, promovendo o desenvolvimento e o respeito entre todos. A Professora Cooperante transmite as informações necessárias aos alunos e planeia atividades de acordo com os interesses dos mesmos.

Segundo Morgado (1999), a “eficácia da relação pedagógica depende obviamente da natureza e coerência da comunicação” (p.23). A comunicação pode ser agrupada em

46 duas categorias, as comunicações verbais e as comunicações não-verbais. As comunicações verbais podem ser coletivas, entre a turma e o professor; duais, entre o professor e o aluno; grupo, entre pequenos grupos de alunos e o professor (Morgado, 1999). Neste prisma, as comunicações da Professora Cooperante se caracterizaram por ser maioritariamente verbais, de índole duais, coletivas e de grupo.

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