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CAPÍTULO 4: CONTEXTUALIZANDO O UNIVERSO DE PESQUISA

4.3. Caracterizando a cidade hoje

Pelo breve relato histórico, pode-se observar que o município foi marcado por colonizações de povos específicos e em número pouco expressivo, como inicialmente algumas famílias de origem açoriana. A ocupação, na verdade, se deu aos poucos, e de forma miscigenada, não caracterizando culturalmente a cidade por nenhuma tradição específica. Foi apenas no final da década de 60, através de um salto quantitativo e qualitativo, principalmente com o intuito de veraneio e lazer, e facilitado pela efetivação da BR 101 como via de acesso ao balneário, que este se consolidou no cenário nacional como município turístico. A exploração do mercado imobiliário e do ramo de construção civil foi responsável pelo impulso econômico, atraindo cada vez mais turistas e também moradores, sendo estes de diversas cidades do estado, de estados vizinhos (principalmente gaúchos), de outros estados do Brasil e até mesmo de países estrangeiros, marcadamente os de origem argentina. Há uma diversidade muito grande em sua composição populacional, o que torna a cidade extremamente heterogênea em seus aspectos culturais. É um município de médio porte, e ao mesmo tempo, guarda as características que definem grande parte das cidades de grande porte do país, a saber: complexidade estrutural, questões de violência, desemprego, exclusão social, divisão social de classes fortemente marcada no espaço geográfico, problemas com o trânsito, poluição, entre outros. Apesar destas constatações

feitas acima, a pesquisa ao site oficial do município de Balneário Camboriú26 revelaram algumas informações interessantes e um pouco divergentes. Com referência ao Relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU), o município está classificado em sétimo lugar no ranking dos 5.507 municípios brasileiros em qualidade de vida, e em segundo lugar entre os 293 municípios catarinenses. As classificações são baseadas nos programas sociais, investimentos em saúde, saneamento, equipamentos turísticos e educação, de que dispõe o município. Além destes dados, porém, não há mais nenhum dado formal disponibilizado, a não ser a descrição das Secretarias Municipais existentes e uma parte destinada ao arquivo histórico, com uma galeria de fotos antigas da praia. Pelos dados do IBGE, resgatados em seu site27, Balneário Camboriú conta atualmente com uma área total de 46,36 km quadrados e com 73.455 habitantes residentes no município, sendo que destes 35.082 são homens e 38.373, mulheres. Estas informações mostram que há uma grande concentração de habitantes em uma pequena extensão territorial, caracterizando a cidade pela sua ocupação vertical (alto número de edifícios) na região central e pela ocupação horizontal (casas) nos bairros. Esta ocupação está dividida politicamente em 14 áreas28, sendo estas o centro da cidade, 12 bairros e a região das praias agrestes. A cidade possui também dois bairros, Nova Esperança e São Judas Tadeu, descritos também por suas características rurais.

Em entrevista com a Sra. Rosiane Bürguer29, responsável pelo Departamento de Planejamento e Pesquisa da Secretaria Municipal de Turismo, foi possível, além de confirmar os dados coletados nas outras fontes, obter novas informações. Entre estas, a constatação da dificuldade em definir formalmente o número exato de habitantes: pelo

26 Fonte: http://www.bcamboriu.sc.gov.br

27 Fonte: http://www.ibge.gov.br _ cidades@ base de informações municipais- Malha municipal digital

1997/2000.

28 Conforme dados provenientes da Secretaria Municipal de Turismo.

IBGE, 73.455; pela Secretaria de Turismo são 110.000; pelo cadastro de coleta de lixo são 146.000 e pelo consumo registrado na CASAN, são mais de 150.000; e o número de eleitores, 66.000. Assim, dados formais e informais coexistem e divergem entre si, o que impede uma definição precisa da população residente no município. A entrevistada revela que a geração de Balneário Camboriú é jovem, pois a emancipação política tem apenas 40 anos, e está formando a sua população própria, ou seja, os nascidos na cidade nestes últimos 20 anos. Neste sentido, é uma cidade de “forasteiros”30, pois não há a presença ou

preservação de um traço ou definição cultural característica. Em relação aos aspectos econômicos do município, a informante atentou para a característica maior de economia do município, que é a prestação de serviços, sendo o setor terciário da economia o gerador de empregos. Apesar destas constatações, não há ainda registros formalizados quanto a um panorama geral de empregos no município e de como estão ocupadas as categorias de emprego oferecidas, como a divisão por sexo na ocupação laboral, entre outros31. O que se afirma é a sazonalidade marcada pelo que se denominou de “Turismo de Sol e Praia”, ou seja, durante o verão, entre os meses de dezembro a março, registra-se a temporada, com um grande fluxo de pessoas nesta época, o que gera, conseqüentemente, um aumento significativo na oferta de empregos, bem como da circulação de capital no município. O mês de abril é definido como o de turismo da terceira idade, maio e junho são meses fracos, julho registra um aumento da movimentação turística pelas férias escolares, outubro recebe um pouco de turistas em função das festas típicas da região e em novembro recomeça aos poucos a temporada com o turismo de estudantes. Sem a presença de grandes

30 Palavra da entrevistada, Sra. Rosiane.

31 Na data da entrevista estava sendo realizada pela Secretaria de Turismo, uma pesquisa com os setores e

empresas e indústrias, o município conta apenas com a vinda de turistas e o consumo de bens terciários como os imóveis, comércio em geral e bares/restaurantes.