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Araújo e Leta (2014) referem que o marco da história formal dos hospitais aconteceu no século IV, dado o momento que passaram a ser reconhecidos como a instituição que cuida dos enfermos e das enfermidades. Desde então, várias mudanças conceituais ocorreram nessas instituições, dentre elas a exigência de criação de hospitais próprios vinculados às escolas médicas, que surge como uma das recomendações do relatório Flexner (1910). Desta forma, originou-se um novo conceito de hospital, o hospital de ensino, que quando vinculado a uma universidade é também denominado hospital universitário (HU).

Desses primeiros hospitais até os dias de hoje, a instituição hospital sofreu inúmeras mudanças conceituais e organizacionais, em resposta não apenas às mudanças sociais e políticas, mas também às mudanças no e sobre o conhecimento médico (ARAÚJO; LETA, 2014). O Quadro 2 sintetiza algumas dessas mudanças que marcam a história da instituição hospitalar.

Quadro 2 - Alguns marcos da história dos hospitais

Papel Central Momento Características

Cuidar da saúde Séc. IV ao VII Pequenas construções para o abrigo de doentes Cuidar do espírito Séc. X ao XVII Hospitais vinculados a ordens religiosas

Isolar doentes Séc. XI Refúgio de doentes que ameaçavam a coletividade Cuidar dos mais carentes Séc. XVII Instituições filantrópicas e do Estado

Curar e ensinar doença Séc. XVIII ao XIX Medicalização do hospital; assistência-ensino

Curar, ensinar e buscar a cura Sec. XX Natureza biológica da doença; assistência-ensino- pesquisa

Curar, ensinar e buscar a cura e melhoria do sistema de saúde

Séc. XX e XXI Ensino-pesquisa-assistência

Abordagem biológica e social da saúde

Humanização e interdisciplinaridade da assistência Fonte: Araújo; Leta (2014).

O primeiro hospital-escola próprio que se tem registro no Brasil foi o Hospital São Vicente de Paulo, em Belo Horizonte, Minas Gerais, construído a partir de um convênio entre a Escola de Medicina de Belo Horizonte e o Instituto de Assistência e Proteção à Infância de Belo Horizonte; foi inaugurado em 1928 e doado à Escola de Medicina em 1931. Essa junção deu origem ao Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina em 1955. Tal pioneirismo, no entanto, é refutado por Paula (2002), que reconhece a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo como a primeira escola médica no Brasil a contar com um hospital-escola próprio, o Hospital das Clínicas, inaugurado na cidade de São Paulo em 1944 (ARAÚJO; LETA, 2014).

A partir da segunda metade do século XX, dezenas de outros hospitais-escola vinculados às universidades foram fundadas por todo o país. Entretanto, esse total de hospitais integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS) ainda representa uma fração reduzida. Em termos de atendimento, eles representam uma fração significativa, principalmente no que tange à oferta de serviços de alta complexidade (MACHADO; KUCHENBECKER, 2007).

No Brasil, os HUs são entendidos como centros de formação de recursos humanos e de desenvolvimento de tecnologias para a área de saúde que prestam serviços à população, elaboram protocolos técnicos para diversas patologias e oferecem programas de educação continuada, que permitem atualização técnica dos profissionais do sistema de saúde (BRASIL, 2012).

Sodré et al. (2013) refere que os HUs são responsáveis por grande parte das pesquisas clínicas na área biomédica e pela formação de um expressivo número de profissionais de saúde, em nível de graduação e pós-graduação. São instituições cuja gestão está subordinada à Universidade Federal à qual correspondem, ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), por sua frente de ensino, e ao Ministério da Saúde (MS), pela vinculação ao sistema de saúde pública. A parceria entre o Sistema Único de Saúde e os Hospitais Universitários Federais, está prevista no artigo 45 da Lei Orgânica da Saúde:

Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino integram‑se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que estejam vinculados (BRASIL, 1990).

Araújo e Leta (2014) inferem que, considerando esses hospitais locais de experimentação de novas tecnologias e procedimentos, de prestação de serviços de alta

complexidade e, ainda, de formação e educação permanente dos profissionais da área da saúde, é fácil reconhecê-los como instituições indispensáveis ao sistema de saúde do país. Acrescenta ainda que eles exercem um papel político importante na comunidade inserida, visto sua escala, dimensionamento e custos projetados a partir da alta concentração de recursos humanos, físicos e financeiros.

O Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) localiza-se na Rua Marquês de Paraná, nº 303, Centro, na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Foi inaugurado no dia 15 de janeiro de 1951. Em 1964, depois de três anos de abandono e como resultado de uma longa mobilização dos estudantes de Medicina, o Hospital Municipal foi cedido pela Prefeitura de Niterói à Universidade Federal Fluminense. O HUAP é o principal campo de atividade de várias áreas do conhecimento de Graduação e de Pós-Graduação em Medicina, Enfermagem, Nutrição, Odontologia, Farmácia, Psicologia, Foniatria e Fisioterapia da UFF. Dentro da rede hospitalar, está certificado como Hospital de Ensino, atuando como formador e capacitador de profissionais da área da saúde (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017).

O HUAP tem como missão: gerar, transformar e difundir o conhecimento, prestando serviços de saúde com excelência, de forma digna, crítica e hierarquizada. Apresenta como Visão:

Ser reconhecido como um centro de excelência nacional e internacionalmente, por sua capacidade técnica, seu valor humano e sua gestão administrativa transparente, formando profissionais de valor, capacitando e treinando seu pessoal técnico e gerindo recursos de forma eficiente e eficaz, a fim de atender à população com qualidade e desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão dentro dos conceitos da Universidade. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017)

Apresenta como valores: honestidade, compromisso, dedicação, conhecimento, coragem, transparência, unidade, acolhimento, entusiasmo e respeito. O HUAP possui como Políticas Institucionais: ter o cidadão-usuário como foco central; possuir assistência integrada; ter a pesquisa acadêmica como diferencial; possuir gestão transparente e participativa e atuar valorizando os profissionais (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017).

Em 06 de abril de 2016, o HUAP passou a gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), através de contrato de gestão assinado com a UFF. A EBSERH foi criada pela Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011, como uma empresa pública, de direito privado, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), com a finalidade de prestar serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à

comunidade, assim como prestar às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública. Atualmente ela faz a gestão de 40 (quarenta) HU’s em todo o Brasil, e mantém sua sede em Brasília, que é o órgão central da empresa (BRASIL, 2019).

Nos últimos dois anos, de fevereiro de 2017 ao mesmo período de 2019, houve no Hospital Universitário Antônio Pedro um acréscimo de 63% no número de atendimentos assistenciais realizados no hospital, saltando de 742 mil por ano para 1,2 milhão (UFF, 2019).

3 METODOLOGIA DO ESTUDO

Neste capítulo será apresentada a trajetória metodológica utilizada no desenvolvimento do presente estudo, a qual possibilitou a concretização dos objetivos propostos por meio dos passos necessários para caracterizar um trabalho científico.

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