Para o desenvolvimento dessa proposta foi adotada a metodologia pesquisa-ação com abordagem qualitativa, que pode ser compreendida como uma pesquisa de intervenção e compreensão das ações dos indivíduos envolvidos no contexto desse estudo. Na pesquisa-ação, o pesquisador irá intervir dentro de uma problemática social, mobilizando os alunos a construir novos saberes diante da resolução de um problema coletivo (CHIMENTI e LINS, 2016).
Nesse sentido, na pesquisa-ação os pesquisadores desempenham um papel ativo dentro do seu ambiente de estudo que exige interação com as pessoas que estão sendo investigadas, resultando na análise de um problema identificado por meio de uma série de ações, conceituada como:
[…] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986, p. 14).
O planejamento dessa pesquisa-ação, quadro 2, deu-se pela flexibilidade e pela dinâmica das ações do professor pesquisador com o grupo de alunos envolvidos em virtude do estudo ter acontecido durante as aulas de Programação para Web I, isto é, o pesquisador atuou com seus próprios alunos. Embora essa versatilidade torne difícil a apresentação de um planejamento em fases ordenadas temporalmente, podemos considerar como etapas da pesquisa-ação (GIL, 2002):
Quadro 2: Etapas da pesquisa-ação
FONTE: GIL (2002)
Dessa forma, no planejamento das ações para construção desse projeto, foram consideradas as etapas mencionadas no quadro 2, as quais estão descritas a seguir.
a) Fase exploratória: Nessa etapa procurou-se identificar o problema investigado e conhecê-lo profundamente por meio de estudo dos indicadores que avaliam o nível de aproveitamento escolar dos alunos matriculados no Ensino Técnico em Informática para Internet Integrado ao Ensino Médio, tanto externo como interno, bem como por meio dos aspectos teórico-conceituais. Concluiu-se por realizar um estudo sobre as causas que apontam as dificuldades dos estudantes em aprender programação de computadores. Em seguida contatou-se o diretor da escola “Etec Sylvio de Mattos Carvalho”, local do estudo, para explicar a proposta da pesquisa.
b) Formulação do problema: após passar pela fase exploratória e conhecer bem o problema a ser estudado, foi feita a delimitação. Portanto, nessa etapa apresentou-se uma forma de solucioná-lo mediante metodologias de ensino que propiciem ao estudante o engajamento, a motivação e o envolvimento do aluno na sua aprendizagem.
c) Construção de hipóteses: verificar se o procedimento didático voltado para a programação de jogos usados no componente curricular Programação
para Web I do 2º ano do curso do Ensino Técnico em Informática para Internet Integrado ao Ensino Médio traz mais interesse, engajamento e sentido para a aprendizagem do aluno em comparação à programação tradicional.
d) Realização do seminário: durante as reuniões de planejamento realizadas no início do ano de 2019, a professora do componente curricular de Programação para Web I conversou com professores de outras disciplinas tanto da base comum (Ensino Médio), especificadamente com os docentes de matemática e inglês, como com os professores da área técnica, nos componentes curriculares Desenvolvimento e Design de Websites, Composição, Projeto e Animação e Modelagem e Desenvolvimento de Banco de Dados. Nesse momento, ocorreu o diálogo entre os professores dos componentes curriculares citados objetivando o desenvolvimento de competências e habilidades por meio de atividades de integração.
e) Seleção de amostra: nessa etapa determinou-se os elementos da pesquisa, isto é, quais características tidas como relevantes pelos pesquisadores e participantes mostram-se mais adequadas para a obtenção de dados de natureza qualitativa (GIL, 2002). Desse modo, o critério selecionado para essa dissertação foi à escolha do 2º ano do curso do Ensino Técnico em Informática para Internet Integrado ao Ensino Médio por duas razões: a) o pesquisador desse trabalho ser o próprio docente do componente curricular de Programação para Web I; b) os alunos estarem no 2º ano e já terem estudados conceitos básicos de programação de introdução à lógica de programação, definição e criação de variáveis e constantes, operadores relacionais, lógicos e aritméticos e as estruturas de controle sequencial, condicional e repetição. Conceitos esses fundamentais para o objetivo dessa pesquisa que é programar de maneira contextualizada com o cotidiano do aluno por meio da integração e da programação tradicional e de jogos.
f) Coleta de dados: a técnica utilizada para a coleta de dados nessa pesquisa foi a observação participante, haja vista a presença constante e a interação ativa do pesquisador durante todo o tempo no ambiente natural do grupo que foi investigado. Por conseguinte, o pesquisador verificou
fatos, detalhes, interesses e o sentido das ações das pessoas envolvidas na pesquisa.
g) Análise e interpretação: A análise e interpretação foram realizadas de maneira qualitativa e as contribuições teóricas foram muito importantes.
Além, é claro, das considerações do pesquisador e dos participantes e especialistas convidados.
h) Elaboração do Plano de ação: primeiramente foram decididos quais os objetivos a serem atingidos, qual seria a escola (o local do estudo) e o público-alvo. Em seguida objetivou-se fortalecer a proposta pedagógica dessa instituição de ensino, voltada pelo viés da integração, evidenciando, dessa forma, a aprendizagem integral do aluno e a reflexão do docente em adotar práticas de ensino que envolvam o estudante nesse processo. Para garantir a participação dos alunos e incorporar as técnicas trabalhadas, a pesquisa foi realizada durante as aulas de Programação para Web I com carga horária de 3 horas/aula por semana, durante 1 ano letivo. Nesse período, os controles do processo e de avaliação de seus resultados foram feitos a cada semana mediante interação entre o professor-pesquisador e os alunos da turma pesquisada.
i) Divulgação dos resultados: pretende-se divulgar os resultados desse trabalho internamente, para o Diretor da Escola, bem como para a comunidade escolar.
Assim, a pesquisa-ação remete para uma abordagem de investigação qualitativa em que os dados analisados foram predominantemente descritivos e obtidos por meio de observações e interações com os alunos durante o ano de 2019, intensificando a presença do pesquisador em seu ambiente de estudo e sobretudo na valorização dos aspectos de engajamento e de motivação desse público-alvo, uma vez que em pesquisa qualitativa consideram-se as opiniões, sentimentos, atitudes, comentários e as aprendizagens do grupo envolvido. Nesta perspectiva, a pesquisa qualitativa:
[...] envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes (LÜDKE, ANDRÉ, 2014, p. 14).
Logo, esse trabalho está contextualizado numa pesquisa com base empírica, isto é, voltado para a descrição de situações concretas e para a mediação de problemas relacionados à aprendizagem e/ou dificuldades dos alunos em assimilar e/ou desenvolver as competências e habilidades de linguagem de programação de computadores.
Ao mesmo tempo, a pesquisa-ação poderá proporcionar aos docentes condições de refletir criticamente sobre suas ações, investigando sua própria prática de ensino e, com isso, promovendo a transformação do educador objetivando rever e (re)construir suas práticas pedagógicas de modo a oferecer a seus alunos uma aprendizagem efetiva, sendo que:
A preocupação de ajustar o ensino às características individuais não surge somente do respeito às pessoas e do bom senso pedagógico.
Ela faz parte de uma exigência de igualdade: a indiferença às diferenças transforma as desigualdades iniciais, diante da cultura, em desigualdades de aprendizagem e, posteriormente, e êxito escolar.
(PERRENOUD, 2000, p. 9).