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Capítulo III – Perfis de emigrantes portugueses com destino a Angola

3.1. Caraterísticas sociodemográficas

3.1.1. Sexo e idade

Com o objetivo de caraterizar os inquiridos, do ponto de vista sociodemográfico, importa analisar alguns indicadores que permitirão traçar o perfil destes emigrantes. Estes indicadores revestem-se ainda de grande importância para explicar parte do fenómeno da emigração, assumindo um papel de reforço e mediação na compreensão das relações entre as migrações e os eventuais processos de mobilidade social que estas podem induzir.

Pretendendo saber como se distribuem os inquiridos por género, a Figura 2 apresenta-nos os seguintes resultados:

Figura 2 – Sexo dos inquiridos

Fonte: Inquérito a emigrantes para Angola (IEPA), 2014

Tal como pode ser observado na Figura 2, predominaram na amostra deste estudo os indivíduos do sexo masculino (66,7%) em detrimento dos indivíduos do sexo feminino (33,3%). A nossa amostra reflete o caráter predominantemente masculino da emigração portuguesa. Este predomínio masculino em termos numéricos, patente na nossa amostra, converge com os dados, já expostos, relativos às estatísticas oficiais da emigração portuguesa desde 2008 até 2013. Sendo assim, podemos concluir que a amostra por nós recolhida apresenta caraterísticas quanto ao género que correspondem ao padrão existente na população emigrante da atualidade.

28 Com o objetivo de saber a idade dos emigrantes, cabe aqui destacar que das respostas obtidas foi possível inferir que as idades dos inquiridos se compreenderam entre os 21 e os 59 anos (M = 33,67; DP = 9,453) e que a totalidade da amostra recolhida se enquadra no grande grupo etário da população ativa (15 – 64 anos). A distribuição dos inquiridos por grupos etários pode ser observada na Figura 3:

Figura 3 – Distribuição dos inquiridos por grupos etários

Fonte: IEPA, 2014

Ao observar a Figura 3 conclui-se que 60,6% dos inquiridos têm idade até 34 anos e destes 39,4% concentram-se em idades até aos 29 anos, predominando ainda os que têm entre 25 e 29 anos (27,3%). O grupo etário menos representado foi o grupo dos 45 aos 49 anos (3,0%) e o grupo dos idosos não está representado na amostra recolhida.

Apesar de não existirem dados oficiais disponíveis relativamente à distribuição por grupo etário dos emigrantes portugueses em Angola, podemos aqui constatar que esta distribuição da amostra está em clara conformidade com os valores calculados, independentemente do destino dos emigrantes, nas estatísticas oficiais da emigração portuguesa. Como já foi exposto no capítulo II, quando analisados os fluxos de emigração portuguesa (2008-2013), o emigrante português apresenta um perfil cada vez mais jovem, tendo sido significativo o valor percentual registado de jovens adultos com idades compreendidas entre os 25 e os 29 anos. Atente-se aqui que possivelmente, ao se depararem com a enorme taxa de desemprego verificada entre os jovens portugueses, os

recém-licenciados, sem perspectivas entre portas, acabam por recorrer a emigração como solução.

3.1.2. Escolaridade e estado civil

Relativamente ao nível de escolaridade dos inquiridos, os dados recolhidos foram resumidos no Quadro 4.

Quadro 4 - Nível de escolaridade dos inquiridos

N %

3º Ciclo do Ensino Básico 5 15,2

Ensino Secundário 12 36,4

Ensino Profissional/Curso Médio 6 18,2

Curso Superior (Licenciatura) 7 21,2

Pós-Graduação 1 3,0

Mestrado 2 6,1

Total 33 100,0

Fonte:IEPA, 2014

Os dados recolhidos permitem evidenciar que a totalidade dos inquiridos possui no mínimo a escolaridade coincidente com o grau obrigatório de ensino vigente à altura da presente investigação, ou seja, o 3º Ciclo do Ensino Básico. Este resultado está relacionado com a faixa etária que se encontra representada na nossa amostra (21 aos 59 anos de idade). É de referir ainda que 36,4% concluiu o Ensino Secundário e 21,2% é detentor de uma licenciatura. Um aspeto relevante a retirar desta análise é que cerca de um terço dos inquiridos têm formação superior.

Esta situação vai ao encontro do que alguns autores têm apontado sobre a emigração portuguesa para Angola, isto é, de que este é um fluxo de indivíduos relativamente qualificados (Padilla e Ortiz, 2012). Peixoto (2012) referia o aumento da emigração altamente qualificada que se verificou ao longo da última década do século XX.

Devido à crescente degradação económica e à precariedade dos jovens altamente qualificados em Portugal, existe uma maior qualificação dos emigrantes portugueses

30 nos novos países recetores de emigração portuguesa, falando-se por vezes em "fuga de cérebros" (Castles, 2005; Peixoto, 2004b; Malheiros, 2010).

Cardoso, Escária, Ferreira, Madruga, Raimundo e Varanda (2012) levaram a cabo um estudo sobre a empregabilidade e o ensino superior em Portugal, tendo concluído que o facto de o mercado de trabalho em Portugal ter adquirido ao longo do tempo um caráter cada vez menos contributivo para a fixação de pessoas, tem vindo a reforçar as dinâmicas de emigração dos diplomados no ensino superior. Não havendo informação pertinente e constante que explore como as migrações são distribuídas por habilitações escolares dos migrantes, estes autores recorreram ao inquérito ao emprego do INE para avaliar a dimensão do fenómeno daqueles que dizem trabalhar no estrangeiro analisando, paralelamente, a informação acerca da caracterização dos respondentes. Cardoso et al. (2012) constataram que entre 2002 e 2010 o aumento de indivíduos a trabalhar no estrangeiro foi mais significativo entre os profissionais com habilitações superiores.

No âmbito deste estudo, procuramos igualmente determinar o estado civil, de forma a conseguir um entendimento mais abrangente das condições familiares dos inquiridos, o que poderá fornecer pistas sobre comportamentos que influenciam diretamente a dimensão e a orientação dos fluxos migratórios. Assim, relativamente ao estado civil, o Quadro 5 oferece-nos os seguintes resultados:

Quadro 5 - Estado civil dos inquiridos

Estado civil N % Solteiro 15 45,5 Casado 12 36,4 União de Facto 1 3,0 Divorciado 5 15,2 Total 33 100,0 Fonte: IEPA, 2014

Quanto ao estado civil, salientamos a predominância dos solteiros (45,5%), seguindo-se os casados (36,4%), os divorciados (15,2%) e apenas 1 participante em união de facto (3,0%).

O fator primordial que condiciona a situação do estado civil dos inquiridos prende-se com a idade destes, que se concentram em grupos etários jovens como já foi exposto atrás (39,4% com idades até aos 29 anos).

De forma a complementar à informação relativa ao estado civil dos inquiridos foi também colocada uma questão para averiguar qual a constituição do seu agregado familiar. Relativamente ao agregado familiar dos respondentes, observou-se um maior valor percentual de casais com filhos (27,3%), seguido pelos que tinham como constituintes os próprios e os pais (21,2%).

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