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Caraterização das práticas da Educadora Cooperante

No documento A brincar aprende-se (páginas 39-42)

Capítulo II Jardim de Infância

6. Caraterização das práticas da Educadora Cooperante

A educadora cooperante conta com uma vasta experiência na profissão, como tal tem um discurso bastante coerente e correto com as crianças.

A sua ação desenvolve-se em torno dos interesses e necessidades do grupo, pela interligação de saberes através das áreas de conteúdo. Neste sentido, existe uma planificação anual baseada nas áreas de conteúdo e em propostas de situações de aprendizagem, ou seja, a educadora não segue o modelo purista, mas sim um globalizante apostando na transversalidade de conteúdos (Projeto Curricular do Grupo, 2014/2015).

A metodologia utilizada pela educadora tende a que as crianças tenham um papel ativo na organização e na tomada de decisão sobre as suas escolhas e tarefas, bem como uma responsabilidade social sobre as suas ações. Desta forma, a educadora tenta estabelecer um fio condutor a toda a prática pedagógica, desenvolvendo pequenos projetos/temáticas aglutinadoras.

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A educadora utiliza o modelo High Scope na forma como organiza o ambiente educativo, tendo em conta as áreas definidas e o respetivo material diversificado e estimulante na sala de atividades, onde as crianças agem enquanto construtoras do seu desenvolvimento.

A intervenção é também pautada por vários projetos que tomam em linha de conta o Projeto Educativo, projetos pedagógicos que visam a articulação de várias áreas de conteúdo, ampliar saberes e ir ao encontro dos interesses das crianças e das suas necessidades (o projeto “ O Sistema Solar” que teve como ponto de partida um livro “ Planetas e Estrelas” que uma criança trouxe para a sala do Jardim de Infância, onde o grupo com a sua educadora iniciaram uma viagem pelo Sistema Solar. Projeto “ler com o pai e a mãe é um prazer” fomentado pela biblioteca do Agrupamento).

Durante o decorrer do ano letivo, são várias as solicitações por parte de associações e ou instituições não-governamentais, para a participação do grupo de crianças nas suas atividades. Este ano letivo o grupo participou num projeto sugerido pela associação ARPA (Associação pela Redução Populacional e Abandono de Cães e Gatos), que desenvolve projetos educativos nas escolas da região centro de Portugal, com um gato “mascote” em 3D chamado DiGau, inspirado no famoso Gaudi.

A promoção da leitura é um fator importante no desenvolvimento de cada criança. Para isso, consta da requisição semanal de um livro da Biblioteca do Jardim de Infância, que em conjunto com o pai e ou a mãe, a criança lê em casa. O livro é transportado num saco feito no início do ano por cada uma das famílias. Com o livro vai uma folha para preencher sobre a história lida, para ser explorado pela família em conjunto com a criança. Todas a quintas-feiras de manhã, o livro regressa à sala e é explorado em grande grupo. Todas as crianças têm oportunidade de mostrarem aos amigos o desenho do seu livro e o que aprenderam com cada história.

A educadora faz uma diferenciação pedagógica contante com as crianças, tanto pelas suas idades e caraterísticas individuais, como com as crianças com necessidades educativas especiais, tendo estas últimas um apoio acrescido por parte de uma educadora do ensino especial que dá um apoio personalizado às quartas e quintas.

31 As práticas da educadora concentram-se, na importância que atribui aos afetos e elogios, estimulando a auto estima a cada criança. Como refere Webster- Stratton (2010, p.39) “o elogio e o incentivo podem ser usados para orientar as crianças nos muitos pequenos passos que lhes são necessários para dominar novas competências, para os ajudar a construir uma auto imagem positiva e a fornecer a motivação necessária para não desistirem de uma tarefa difícil.” A educadora, todos os dias e sempre que necessário, elogia e partilha momentos de carinho, como já referi nas dinâmicas relacionais. Através do elogio verbal, como facial, a educadora valoriza e apoia as crianças nas suas decisões. De acordo com a mesma autora (2010, p.134) “Falar com frequência sobre os sentimentos ajuda as crianças a aprenderem e identificarem melhor as emoções (são respostas a estímulos ou situações que afetam profundamente uma pessoa), e ilustra formas de lidar com essas emoções através da verbalização dos sentimentos”.

Para que as crianças não fiquem tristes, devido a alguma atividade ter corrido mal, a educadora cooperante utiliza um “gesto” chamado “descongelar”. Dá um abraço forte à criança que naquele momento está mais fragilizada ou que necessita de se acalmar por qualquer motivo, (pode ser a separação dos pais à chegada, um pequeno conflito entre amigos...) As crianças sentem-se confortadas e acabam sempre por se acalmar. Em momentos “complicados”, as crianças já utilizam este abraço entre elas.

Quanto à organização do ambiente educativo, as paredes “falam” por si, ou seja, nas paredes estão presentes os trabalhos realizados pelas crianças com uma pequena síntese do mesmo. Há momentos em grande grupo como as conversas, debates ou conversas temáticas, mas também momentos de pequenos grupos e ou individuais.

Trabalhar em conjunto com a família é outra das caraterísticas da prática da educadora cooperante, pois a família é várias vezes convidada a vir ao jardim-de- infância para festividades, ateliers, reuniões, entre outros. Os pais ou encarregados de educação são os responsáveis pela criança e também os seus primeiros e principais educadores. Estando hoje, de certo modo ultrapassada a tónica colocada numa função

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compensatória, pensa-se que os efeitos da educação pré-escolar estão intimamente relacionados com a articulação com as famílias (ME, 1997, p.22).

A educadora cooperante valoriza muito o espaço exterior, sendo que quando está bom tempo, as crianças passam mais tempo no exterior e vão em pequenos grupos trabalhar na sala.

No documento A brincar aprende-se (páginas 39-42)

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