• Nenhum resultado encontrado

Caraterização do contexto educativo do 1.º Ciclo do Ensino Básico

No documento Relatório de PES Sílvia Pires (páginas 63-67)

3. Caracterização dos contextos da Prática de Ensino Supervisionada

3.3. Caraterização do contexto educativo do 1.º Ciclo do Ensino Básico

A Prática de Ensino Supervisionada no âmbito do 1.º Ciclo do Ensino Básico decorreu numa instituição da rede pública, integrada no Agrupamento da cidade de Bragança. Este agrupamento integra uma escola secundária, uma escola do 2.º CEB, três escolas do 3.º CEB, oito escolas básicas do 1.º CEB e cinco jardins de infância. A escola pertencente ao agrupamento onde decorreu a PES era constituída por três ciclos de ensino, sendo estes o 1.º e 2.º ciclos.

O edifício, com cerca de 60 anos, encontrava-se num estado de conservação relativamente bom. As instalações onde funcionava o 1.º CEB eram compostas por dois pisos, rés-do-chão e primeiro piso. No rés-do-chão funcionavam duas salas do primeiro ano de escolaridade, uma sala de apoio destinada a crianças com Necessidades Educativas Especiais, uma sala de atividades de tempos livres, uma papelaria, uma sala para o pessoal docente e duas instalações sanitárias, sendo uma delas para o sexo masculino e outra para o sexo feminino. No primeiro piso funcionavam as salas de segundo, terceiro e quarto anos de escolaridade e um ateliê de expressão plástica. Quanto ao espaço exterior este era composto por vegetação, onde as crianças podiam correr e saltar à vontade. Tinham, também, ao seu dispor um parque infantil com baloiços e escorregas. Quando as condições climatéricas não o permitiam, as crianças usufruíam de um espaço, junto ao bar, no interior das instalações.

A escola tinha, ainda, uma cantina, dois auditórios, um laboratório, duas salas de informática, uma biblioteca comum a toda a escola e dois ginásios. De um modo geral, a escola apresentava condições e materiais necessários para o seu bom funcionamento. Importa salientar que os horários dos intervalos do 1.º e 2.º CEB não ocorriam no mesmo período. Quanto ao horário de funcionamento da escola este começava às 7:30 e terminava às 20:00, atendendo às necessidades das famílias.

40 3.3.1. Caracterização da turma

O grupo de crianças com o qual desenvolvemos a Prática de Ensino Supervisionada em contexto de 1.º Ciclo do Ensino Básico, era do 1.º ano de escolaridade constituído por vinte e uma crianças, sendo onze do sexo masculino e dez do sexo feminino.

De referir que todas as crianças frequentaram a EPE, à exceção de uma criança. Esta criança não acompanhava o programa do 1.º ano de escolaridade e necessitava de um maior acompanhamento para a execução das tarefas propostas. Havia uma criança que frequentava pela segunda vez o 1.º ano de escolaridade. De uma forma geral, era um grupo heterógeno, com níveis de desenvolvimento distintos. A presença de características muito particulares dificultava muitas vezes a gestão das atividades no grupo, pois, apesar da maioria das crianças serem interessadas e participativas, havia crianças que só partilhavam as suas ideias quando solicitadas. No entanto, também acontecia que as crianças que eram mais participativas muitas vezes limitavam a participação das restantes. No geral, era um grupo autónomo com um bom ritmo de trabalho, interessado e motivado. Contudo, eram crianças bastante faladoras, o que dificultava, por vezes, o seu controlo em atividades mais dinâmicas, mas nunca presenciamos comportamentos ou atitudes que impedissem a realização das atividades. Existiam algumas disputas infantis, mas típicas desta faixa etária.

Os seus pontos fortes eram a facilidade na execução das tarefas e a motivação que em geral todos possuíam. No entanto, apresentavam dificuldades de concentração, de trabalhar em grupo e de cumprir regras na sala de aula (ex: esperar pela sua vez de falar). Este incumprimento de regras estava, possivelmente, associado ao facto de as crianças estarem a passar por um período de adaptação, tendo em conta que transitaram da EPE para o 1.º CEB. Como refere Castro e Rangel (2004), no Jardim de Infância, as crianças são mais autónomas para

fazerem escolhas, têm mais tempo de interacção umas com as outras, mais tempo de trabalho e de brincadeira em conjunto, grande mobilidade e possibilidade de circulação livre na sala e, as salas, são, em geral, mais espaçosas e melhor apetrechadas. No Ensino Básico estão mais tempo a ouvir os professores, têm menos tempo dedicado ao jogo, o “trabalho” substitui o jogo, surgindo este, apenas ou essencialmente, como prémio. Têm menos atividades criativas, estão mais dependentes do adulto, menos hipóteses de escolha das atividades, menos possibilidades para se movimentarem livremente na sala, estão mais tempo à espera dos professores e o trabalho em conjunto, em pares ou pequenos grupos é muito

41

reduzido. Ao longo dos anos diminui a interacção entre as crianças e entre os professores (p. 137).

No que concerne às áreas do saber o grupo manifestava um maior interesse pelas componentes curriculares de português e de expressão plástica. Contudo, manifestavam algumas dificuldades ao nível do desenvolvimento da motricidade fina, nomeadamente no recorte e colagem. As áreas de menor interesse eram as componentes curriculares de estudo do meio e matemática.

3.3.2. Organização do espaço

No que concerne à organização do espaço, este surge como um fator importante na vida do grupo de crianças. É necessário que o espaço de sala de aula seja convidativo e sobretudo que a criança se sinta bem, uma vez que é o local onde as crianças passam a maior parte do seu tempo. Concordando com Célis (1998) “a maior parte da vida escolar acontece na sala de aula, revestindo-se de grande importância os elementos pedagógicos que nela existam e a forma como se organizam, com o objetivo de alcançar um sentido pedagógico com a ambientação” (p. 83). Sabemos que a organização do espaço “afeta a atmosfera de aprendizagem das salas de aula, influencia o diálogo e a comunicação e tem efeitos cognitivos e emocionais importantes nos alunos” (Arends, 2008, p. 97). O espaço relativo ao contexto de 1.º CEB encontrava-se organizado da seguinte forma:

Ao visualizarmos a planta da sala de aula onde decorreu a PES, constatamos que as mesas estão distribuídas em filas alinhadas, à exceção das duas mesas que se encontram do lado esquerdo da sala que habitualmente eram ocupadas por alunos que necessitavam de um maior acompanhamento. Esta organização “valoriza a pedagogia transmissiva, pois não respeita os ritmos de aprendizagem da criança, os espaços onde passa a maior parte do seu tempo e não tem em conta os processos de aprendizagem, mas sim os produtos” (Mesquita &

42

Pereira, 2015, p.3). As autoras afirmam, ainda, que o desejável nesta organização pedagógica é que a criança permaneça sentada, quieta e calada, que não interaja com os colegas e que esteja atenta à “lição do professor e ao que é registado no quadro, que se deixe orientar pelo professor e siga as suas instruções” (Formosinho & Machado, 2008, citado por Mesquita & Pereira, 2015, pp. 2-3).

Este espaço possuía uma boa iluminação natural, visto que, o lado esquerdo da sala era composto por janelas, que proporcionavam bons momentos de trabalho. Quanto ao material existente este era diversificado, existiam três quadros: um quadro de giz no fundo da sala, que habitualmente era utilizado para a exposição de trabalhos, um quadro branco e um quadro interativo. Os recursos informáticos eram utilizados frequentemente. Nas paredes encontravam-se materiais produzidos pelas crianças e pelas professoras.

Deste modo, de acordo com Célis (1998), o espaço de sala de aula deve possuir “um ambiente grato e estimulante, no qual se integre a vida cotidiana da criança com as suas atividades de aprendizagem” (p. 88). Posto isto, a sala de aula deve reunir as condições necessárias para que ocorra a aprendizagem, devendo este ser um espaço convidativo e aconchegador para a criança.

3.3.3. Organização do tempo

A organização do temporal, tal como na EPE, ajuda a rentabilizar o tempo e permite que a criança se sinta segura. No que diz respeito à organização do tempo no 1.º CEB esta era bastante percetível. Durante a PES, em contexto de 1.º CEB, não houve a preocupação de seguir de forma rígida o horário estabelecido uma vez que procurámos, sempre, em todas as EEA desenvolvidas, abordar de forma integrada as diferentes áreas curriculares, apesar do horário pré-estabelecido (vide anexo n.º III).

Assim, relativamente à gestão do tempo, procurámos lecionar de forma integrada todas as áreas do conhecimento. No início do dia havia sempre a preocupação de criar um momento de partilha e de diálogo sobre assuntos e curiosidades trazidos pelas crianças, dando assim primazia ao desenvolvimento da linguagem oral. Isto porque consideramos que o desenvolvimento da linguagem oral é fundamental. O diálogo possibilitou, também, criar um momento de motivação para a criança e, estabelecer interações saudáveis, procurando aproximar o ambiente familiar da criança com o ambiente escolar. Procurámos privilegiar as interações entre adulto/criança, criança/adulto e criança/criança, através dos momentos de diálogo e partilha de ideias procurando, assim, dar voz à criança e criar um espaço de sala de aula de interajuda e cooperação.

43

No documento Relatório de PES Sílvia Pires (páginas 63-67)