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Cargos, Letras e Turnos dos empregados do eixo operacional

2 COMPETÊNCIAS: CONCEITOS E MODELOS E COOPERAÇÃO NO

4.2 O PROCESSO DE PRODUÇÃO CONTÍNUO DA MINERADORA SIGMA

4.2.1 Cargos, Letras e Turnos dos empregados do eixo operacional

Conforme já citado, os empregados do eixo operacional trabalham em turnos. As informações aqui inseridas foram captadas por meio de todas as entrevistas realizadas e em documentos cedidos pela empresa.

Antes dos esclarecimentos sobre as letras e turnos, é necessário expor os cargos associados ao eixo operacional. Segundo Dutra (2001b), estes são os

degraus da carreira dentro da empresa. São eles, em ordem crescente de cargos: Operador Básico, Operador Pleno, Operador Sênior, Técnico Básico, Técnico Pleno e Técnico Sênior. Esses cargos são diferenciados por sua complexidade. Os níveis de atuação passam pelo nível operacional, tático e estratégico dentro do seu eixo (SIGMA, 2008b). Neste caso, onde o eixo trabalhado é o operacional, restringem-se os níveis de atuação ao operacional e tático. Dutra (2001b) afirma que quanto maior o nível de complexidade do cargo, maior o espaço ocupacional (Dutra 2001b; 2011) do empregado na empresa.

Como visto, o processo produtivo na unidade instalada no Espírito Santo é contínuo, não há interrupção do fluxo de processo na usina. Exceto quando existe uma manutenção programada ou algum acidente, conforme fala dos empregados do eixo operacional, lotados tanto na manutenção quanto na operação. Dessa forma, é necessária a presença de pessoas trabalhando 24 horas por dia nas usinas.

Assim, o eixo operacional é dividido em 5 letras: A, B, C, D e E, que tem turnos, não simultâneos, de 2 dias de trabalho de 7 horas da manhã à 19h15 da noite, 2 dias de trabalho das 19 horas da noite à 1h15 da madrugada, 1 dia compensado para trabalhar no outro dia de 1 hora da manhã às 07h15 da manhã, tendo o segundo dia desse horário compensado e mais 2 dias de folga. O turno chamado administrativo se dá entre o horário de funcionamento normal da empresa, quando o turno é de 7 da manhã às 19h15 da noite.

Geralmente, o gestor da área não roda os turnos, ele está sempre na empresa no horário administrativo. Conforme fala dos entrevistados 4 e 12 das entrevistas realizadas em 2012, somente a área da pelotização conta com um gestor noturno. As outras áreas têm a disposição um chefe de equipe full time a disposição da empresa, porém os próprios empregados evitam chamá-lo no período da madrugada, o que pode causar algum ruído em alguma informação de algum processo.

As informações dos acontecimentos ocorridos no turno devem ser repassadas para a próxima letra que assumirá a área, quando chegam as equipes de trabalho que assumirão o próximo turno de trabalho. Essas informações são trocadas, formulários são preenchidos de forma que o processo produtivo flua como se não houvesse a troca. A “troca do turno” foi uma tarefa sempre mencionada na descrição da rotina dos entrevistados de 2012, dada a sua importância para o processo de trabalho numa usina.

Salerno (2008) contrapõe a questão da comunicação em organizações quando a produção é executada de forma clássica, conforme os preceitos do Taylorismo e do Fordismo, com organizações onde a transformação dos processos produtivos ocorre de forma flexível e integrada. Segundo o autor, na lógica clássica apresentada por Taylor e Ford, a comunicação entre áreas da empresa é limitada assim como a interação entre indivíduos no processo produtivo.

O problema estaria que, num sistema integrado, a frequência de problemas e a exportação de variabilidades para locais outros que seu local de geração crescem enormemente, e que o enfrentamento de tais problemas, que está intimamente ligado às questões de eficiência e rentabilização do sistema de produção, depende da qualidade das interações entre a equipe de trabalho que direta ou indiretamente lá atua. A capacidade de atuação, aqui, depende diretamente do grau de comunicação intersubjetiva. (SALERNO, p.47, 2008).

A comunicação torna-se parte na realização das atividades, pois nessas organizações não se trabalha mais de forma individual. Pensando no modelo clássico e no modelo integrado e flexível como tipos ideais, a Sigma se encontra mais próximo do segundo, apresentando um processo produtivo integrado e automatizado em fluxo contínuo, mas não flexível. Como será visto adiante, a comunicação entre membros da mesma equipe e entre equipes de outras áreas ocorre constantemente e de maneira muito intensa, pois rádios portados por todos os empregados ligados ao processo produtivo possibilitam saber o que ocorre em toda a empresa pelas faixas de comunicação existentes; o que gera impacto direto na produção, já que a situação é conhecida em tempo real, para que eficientemente seja acompanhada. Além da importância da comunicação na produção, a rapidez e o tratamento da

informação passada influenciam diretamente na produção, já que o fluxo das usinas é contínuo.

A comunicação, o repasse de informações entre turnos, conforme colocado neste item, é de grande importância para a continuidade dos processos produtivos e pelo próprio entendimento das atividades pelo empregado. Zarifian (2001) também elenca, mediante as transformações no mundo do trabalho, a comunicação como parte essencial do trabalho. Ele afirma que “a qualidade das interações é, de ora em diante, fundamental para melhorar o desempenho das organizações” (ZARIFIAN, 2001, p. 45). Ainda segundo o autor, a comunicação está relacionada às questões de ocorrência do evento, momento em que o entendimento mútuo é acentuado para que a solução seja encontrada, onde as competências são acionadas para a resolução da situação. Como já dito, como a informação é repassada em tempo real entre os empregados, a tomada de ação para resolução da situação problema parte dos próprios empregados, daí então é o momento no qual a competência é acionada.

A comunicação entre os empregados do eixo operacional ocorre durante a rotina de trabalho na produção da empresa. Mesmo o instrumento rádio sempre portado pelos mesmos, ainda parte dos sujeitos o ato de comunicar-se, de ter a ação de emitir uma mensagem e de respondê-la. Essa ação é o primeiro passo para o desenvolvimento dos assuntos que serão discutidos a seguir, sobre ajuda e cooperação na rotina de trabalho dos empregados do eixo operacional da Sigma.

5 ANALISANDO ASPECTOS DA COOPERAÇÃO NO TRABALHO

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