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46 NINO, Carlos Santiago ética y derechos humanos: un ensayo de fundamentación Barce lona: Ariel, 1989 p 44.

47 Se a dignidade humana parte da ideia de que todo ser humano é detentor de direitos, tem-se, consequentemente, que admitir a necessidade de respeitar os interesses básicos do ser humano na exata medida em que esses reclamarem proteção e respeito, à revelia de qualquer sinal ou manifestação das propriedades especificamente humanas: consciência, entendimento, linguagem, sentimento etc. Porém, se a dignidade humana se basear na concepção atualista de pessoa, considerando moralmente relevantes aspectos decorrentes de sua autonomia, não se poderá reconhecer dignidade a todo e qualquer ser humano (CUL- LETON, Alfredo Santiago; BRAGATO, Fernanda Frizzo; FAJARDO, Sinara Porto. curso de direitos humanos. São Leopoldo: Unisinos, 2009, p. 73).

48 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana: parte I. In: BARRETTO, Vicente de Paulo (Coord.). Dicionário de filosofia do direito. São Leopoldo: Unisinos, 2009. p. 212. 49 Segundo o conceito do dever necessário consigo mesmo, o homem que anda pensando

em se suicidar indagará a si mesmo se a sua ação pode estar de acordo com a ideia da humanidade como fim em si mesma. Se, para fugir a uma situação penosa, se destrói a si mesmo, serve-se ele de uma pessoa como de um simples meio para conservar até ao fim da vida uma situação tolerável. Mas o homem não é uma coisa; não é, portanto, um objeto passível de ser utilizado como simples meio, mas, pelo contrário, deve ser considerado sempre em todas as suas ações como fim em si mesmo. Não posso, pois, dispor do homem para o mutilar, degradar ou matar (KANT, Immanuel. fundamentação da metafísica dos costumes e outros escritos. Tradução de Leopoldo Holzbach. São Paulo: Martin Claret, 2004. p. 60).

50 BRAGATO, Fernanda Frizzo. Para além do individualismo: crítica à irrestrita vinculação dos direitos humanos aos pressupostos da modernidade ocidental. In: CALLEGARI, André Luís; STRECK, Lenio Luiz; ROCHA, Leonel Severo (Org.). constituição, sistemas sociais e hermenêutica. São Leopoldo: Unisinos, 2010. p. 105.

51 O que é triste é que, enquanto a Europa construiu o edifício do indivíduo dentro de suas próprias fronteiras, destruiu a pessoa humana de outras margens. Como os direitos humanos se expandiram entre as pessoas brancas, impérios europeus infligiram terríveis massacres sobre o restante dos habitantes do planeta. A eliminação das populações nativas da América e da Austrália e a escravidão de milhões de africanos durante o tráfico de escravos europeus foram duas das maiores tragédias de direitos humanos da época colonial. A supressão de milhões de asiáticos em quase toda parte do continente durante os longos séculos de dominação colonial foi outra colossal calamidade aos direitos humanos. Paradoxalmente, embora o governo colonial formalmente tenha terminado, a dominação ocidental e o con- trole continuam a ter impacto sobre os direitos humanos da imensa maioria do povo não ocidental, ainda que de maneiras mais sutis e sofisticadas, mas não menos destrutivas e devastadoras. O Ocidente domina, por exemplo, o controle da política mundial por meios das Nações Unidas e do Conselho de Segurança. Se certas potências ocidentais assim o desejarem, podem fazer com que o Conselho de Segurança imponha sanções, por mais injustas que sejam, em qualquer Estado que, em sua opinião, precisa ser coagido a submeter à sua vontade. Indo mais além, o Ocidente controla também a economia mundial por meio do FMI, do Banco Mundial, da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do G7, além das notícias globais e a informação através de Reuters, AP, UPI, AFP e a maioria da CNN. Isso sem falar que a música, os filmes, as roupas e os alimentos ocidentais estão criando uma cultura global que, possuindo apenas caráter ocidental, tem conteúdo incapaz de aco- modar culturas não ocidentais numa base justa e equitativa. Essas ideias, valores e visões de mundo estão marginalizando, assim, outras ideias sobre o ser humano, sobre relações humanas e sobre os laços sociais incorporados das civilizações mais antigas (MUZAFFAR, Chandra. From human rights to human dignity. In: VAN NESS, Peter. debating human rights: critical essays from the United States and Ásia. London: Routledge, 1999. p. 26-27). 52 TAYLOR, Charles. Conditions of na unforced consensus on human rights. In: HEYDEN,

Patrick. the politics of human rights. St. Paul, MN: Paragon House, 2001. p. 103-106 e 111. 53 RENAUT, Alain. A era do indivíduo: contributo para uma história da subjetividade. Lisboa:

Instituto Piaget, 2000. p. 77.

54 Sob a forma da contraposição entre liberdade dos modernos e liberdade dos antigos, a antítese entre liberalismo e democracia foi enunciada e sutilmente defendida por Benjamin Constant: o objetivo dos antigos era a distribuição do poder político entre todos os cidadãos de uma mesma pátria – era isso que eles chamavam de liberdade. O objetivo dos modernos é a segurança nas fruições privadas – chamando de liberdade as garantias acordadas pelas instituições para aquelas fruições. Em outras palavras, a liberdade dos antigos era consti- tuída pela participação ativa e constante no poder coletivo. A nossa liberdade é (deve ser), ao contrário, resultado da fruição pacífica da independência privada (BOBBIO, Norberto. liberalismo e democracia. Tradução de Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Brasiliense, 1998. p. 8-9).

55 BRAGATO, Fernanda Frizzo. Individualismo. In: BARRETTO, Vicente de Paulo (Coord.). Dicionário de filosofia do direito. São Leopoldo: Unisinos, 2009. p. 468.

56 A fim de excluir uma cobrança e desvio de significado em relação aos direitos humanos e, concomitantemente, manter a relação entre direito e dever, faz-se necessário estabelecer diferentes níveis nesse relacionamento. De fato, direito e dever estão numa complexa relação indissolúvel de correspondência. Enquanto, numa perspectiva moral abrangente, pode-se falar em simetria material, no nível jurídico, essa relação é de assimetria material. Essa assimetria, entretanto, não significa, de forma alguma, a independência positivista do direito em relação ao dever, mas surge como consequência de uma reivindicação normativa do Estado democrático, visando à proteção da dignidade humana, a fim de respeitar e proteger a liberdade individual de cada um. Apoiar o Estado de direito assim entendido é, por isso mesmo, o primeiro dever moral e político de cada cidadã e cidadão (BIELEFELDT, Heiner. Filosofia dos direitos humanos: fundamentos de um ethos de liberdade universal. Tradução Dankwart Bernsmüller. São Leopoldo: Unisinos, 2000. p. 93-94 e 200).

57 BRAGATO, Fernanda Frizzo. Para além do individualismo: crítica à irrestrita vinculação dos direitos humanos aos pressupostos da modernidade ocidental. In: CALLEGARI, André Luís; STRECK, Lenio Luiz; ROCHA, Leonel Severo (Org.). constituição, sistemas sociais e hermenêutica. São Leopoldo: Unisinos, 2010. p. 116-117.

58 FLORES, Joaquín Herrera. A (re)invenção dos direitos humanos. Tradução de Carlos

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