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4. MÉTODO E TÉCNICAS

4.2 Técnicas

4.2.2 Carta Clinográfica

A carta clinográfica ou carta de declividade tem o objetivo de “[...] quantificar a inclinação ou o declive do terreno” (CUNHA, C., 2001, p.42). Este parâmetro é de grande importância para avaliar o uso e ocupação da terra e está presente nas leis ambientais como fator de restrição, conforme Fagundes (2012, p. 40).

Trata-se, portanto, de uma representação cartográfica do relevo de grande importância para a gestão ambiental, visto que o manejo das áreas rurais e o gerenciamento do uso do solo urbano necessitam de dados sobre a declividade do terreno. (CUNHA, C., 2001, p.42)

A elaboração desta carta seguiu as orientações técnicas proposta por De Biasi (1970, 1992), sendo confeccionada em meio digital (software ArcGIS®). Segundo De Biasi (1995, 1992, p. 45), esta carta é utilizada em estudos, trabalhos ligados às ciências da terra, planejamento regional, urbano e agrário.

A definição das classes de declividade se baseou na equidistância das curvas de nível e no espaçamento entre as mesmas conforme De Biasi (1992, p. 47). Optou-se por representar as classes em porcentagem para facilitar o entendimento

dos leitores. Para obter as classes de declividade, em porcentagem foi utilizada a fórmula sugerida por De Biasi (1992, p.48):

D = n x 100/E

Onde:

n: equidistância das curvas de nível

E: espaçamento entre as curvas de nível consecutivas (distância horizontal) D: Declividade em porcentagem

Observação: os valores de n e E devem estar na mesma unidade métrica.

A definição das classes (Quadro 2) também levou em consideração a proposta de Herz e De Biasi (1989 apud DE BIASI, 1992, p. 47), código florestal (Lei 12.651) e a legislação municipal (lei complementar municipal número 3.902 do ano de 2006).

Quadro 2: Parâmetros adotados para as classes de declividade

Classe de declividade Cor Parâmetros

0% -| 2% Verde Áreas planas sujeitas a inundação. Urbanização deve ser realizada de forma limitada.

2% -| 5% Amarela Limite urbanos-industrial, utilizados internacionalmente, bem como em trabalhos de planejamento urbano efetuados pelo IPT e pela EMPLASA [Herz. R e De Biasi (1989 apud DE BIASI, 1992, p. 47)]; urbanização com restrições devido a possibilidade de inundações (FAGUNDES, 2012, p.41)

5% -| 12% Laranja “[...] limite máximo do emprego da mecanização na agricultura (CHIARINI e DONZELLI, 1973 apud DE BIASI, 1992, p.47). ”; possibilidade de urbanização

12% -| 30% Vermelho Limite definido pela legislação federal (Lei 6.766/79 – Lei Lehmann), “[...] que vai definir o limite máximo para urbanização sem restrições, a partir do qual toda e qualquer forma de parcelamento far-se-á através de exigências específicas [Herz. R e De Biasi (1989 apud DE BIASI, 1992, p. 47)].” No município de Araras, a lei complementar número 3.902 de 2006, Título II (da urbanização), Capítulo I (do parcelamento do solo), Seção II (dos terrenos a urbanizar), Art. 8, parágrafo 1º, coloca que acima de 30% de declividade não será permitido o parcelamento do solo urbano, salvo atendidas exigências formuladas pela prefeitura.

30% -| 45% Marrom Limite máximo para corte raso, “[...] a partir do qual a exploração só será permitida se sustentada por cobertura de florestas [...]” [Herz. R e De Biasi (1989 apud DE BIASI, 1992, p. 47)] conforme lei 4.771/65 (código florestal); O novo código florestal (12.651/2012), artigo 11, capítulo III, prevê: “Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física associada ao desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas agronômicas, sendo vetada a conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade pública e interesse social”.

>45% Preto O artigo 10 do Código florestal (4.771/65) prevê que na faixa situada entre 25 º (47%) a 45º (100%), “não é permitia a derrubada de florestas, ... só sendo tolerada a extração de toros, quando em regime de utilização racional, que vise a rendimentos permanentes”. O novo código florestal (12.651/2012) artigo 4º, capítulo II, considera preservar APPs: “V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive”;

Fonte: Proposta de Herz. R e De Biasi (1989 apud De Biasi, 1992, p. 47); Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979 (lei Lehmann); Lei Complementar Municipal número 3.902 de 06 de outubro de 2006; Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal); Lei federal nº 12.651 de 25 de maio de 2012 (Novo Código Florestal), Fagundes (2012, p.41).

Elaborado e organizado pela autora

Após definir as classes e as cores, realizou-se a confecção da carta clinográfica utilizando o software ArcGIS® da Esri. Para elaborar esta carta foram necessárias as seguintes informações: curvas de nível, ponto cotado, cursos d’água (rios e rios intermitentes), lagos/lagoas e o limite da bacia. Vale lembrar que esses dados foram vetorizados a partir das cartas topográficas no ambiente ArcGIS®.

Criou-se um modelo numérico do terreno (MNT) o qual mostra um modelo de elevação do terreno através dos seguintes passos:

· 1º passo: Acessar a Arctoolbox e buscar a ferramenta Create Tin:

Arctoolbox> 3D Analyst Tools> Data Management> TIN> Create Tin;

· 2º passo: Preencher os campos para gerar o MNT. Em Output TIN, colocar a pasta para salvar o TIN. Já em coordinate system, colocar o sistema de coordenadas que está sendo utilizado, no caso deste projeto Corrego

Alegre Zone 23 S. No campo Input feature class, colocar os dados curvas

de nível, ponto cotado, cursos d’água e lagos/lagoas. Não se deve esquecer de colocar em tag field o atributo (valor) das curvas e dos pontos cotados. E, por fim, clicar OK.

Para visualizar a declividade da bacia, é preciso acessar as propriedades deste TIN por meio do comando Face slope with graduated color ramp. Isso pode ser realizado através do seguinte caminho:

· 1ª parte: clicar com o botão direito do mouse em cima do TIN criado e ir em Properties.

· 2ª parte: buscar a aba Symbology.

· 3ª parte: Em Symblogy, desmarcar as opções Edge Types e Elevation, que se encontram na parte superior do lado esquerdo. Clicar em Add... e escolher a opção Face slope with graduated color ramp, e para finalizar clicar em Add e depois em Demiss. A carta clinográfica ou declividade está gerada.

· 4ª parte: Em color ramp, escolher a paleta de cores (verde – vermelho). Depois, colocar o intervalo de declividade estabelecido. Isso pode ser feito em Classify, escolher a quantidade de classes (6 classes, neste caso) e o método de classificação manual (classification method). Em Break Values, colocar as classes estabelecidas. Por fim clicar em Ok> Aplicar> OK. Cabe ressaltar que os valores das classes estabelecidas devem estar em grau (º) e não em porcentagem (%) no software para não gerar erros no mapa

final. Essa conversão pode ser feita através de uma calculadora, que está disponível na internet.

Para verificar a exatidão do mapa gerado, utilizou-se o comando Measure (régua) para medir a distância entre as curvas de nível. Com os valores obtidos através das medições, foram colocados na fórmula citada acima (DE BIASI, 1992, p.48) para averiguar se os dados estavam no intervalo de declividade correto. Todos os resultados obtidos foram satisfatórios.

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