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CARTA DE RISCO DE INCÊNDIO DO CENTRO HISTÓRICO DO PORTO

INTRODUÇÃO

Neste capítulo será apresentada uma Carta de Risco de Incêndio caracterizada pelos resultados do Risco de Incêndio através da aplicação do Método CHICHORRO 2.0.

As Cartas de Risco de Incêndio Urbano são de extrema importância, pois permitem ter uma perceção real do Risco de Incêndio numa determinada zona. As informações obtidas são pertinentes para a elaboração de posteriores trabalhos, como os Planos de Emergência Externos de carácter Municipal e Regional bem como a adoção de medidas necessárias para Gestão de Segurança e Operacionalidade a nível Territorial e Administrativo.

Nesse sentido, as Cartas de Risco de Incêndio Urbano são uma ferramenta importante para desencadear procedimentos de prevenção e emergência, de alerta e mobilização dos meios, para a preparação de medidas mitigadoras, diminuição dos Riscos de Incêndio, elaboração de medidas de autoproteção para a zona em estudo e para a atualização de informações aos serviços de emergência.

PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DO EDIFICADO DE ACORDO COM O RISCO DE INCÊNDIO

A aplicação do Método CHICHORRO 2.0 na análise do Risco de Incêndio do edificado na zona em análise permitiu a elaboração de uma Carta de Risco de Incêndio através da utilização de uma folha de

Microsoft Excel programada para calcular o Risco de Incêndio para Casos-Tipo. Para a concretização

dessa carta foi necessário classificar os edifícios com base no respetivo Risco de Incêndio. A proposta de classificação dos edifícios encontra-se apresentada no Capítulo 3; Figura 3.17.

CARTA DE RISCO DE INCÊNDIO DO CHP

INTRODUÇÃO DE DADOS NO MICROSOFT EXCEL

Através dos dados recolhidos nas dissertações de Nuno Pires [43], zona do Eixo Mouzinho-Flores, Ana Louçano [44], zona da Sé do Porto e Daniel Martins [2], zona da Ribeira do Porto, foi possível através de uma folha de Microsoft Excel, programar a mesma para calcular o valor do Risco de Incêndio, de acordo com todos os Casos-Tipo.

Fig. 6.1 – Excerto da folha de Excel: Casos-Tipo

Nesta folha de Excel está já identificada uma grande parte do edificado do CHP, com cerca de 1100 edifícios identificados e classificados.

Porém, devido às restrições de cálculo que o Microsoft Excel apresenta, o valor do Risco de Incêndio, neste Excel, é o determinado pelos Casos-Tipo, independentemente dos valores da área do cenário de incêndio ou do efetivo, ao contrário do software apresentado no Capítulo 4, em que o cálculo é feito para o valor correto dos descritores do edifício. Isto acontece porque não foi possível uma programação integral do Método CHICHORRO 2.0 em Microsoft Excel de forma a ser utilizável por qualquer utilizador. Na dissertação de Correia [31], e Pissarra [32], a macro utilizada para o cálculo do Risco de Incêndio torna muito difícil a utilização por parte de um utilizador que não tenha uma maior experiência na área computacional, sendo este precisamente um dos objetivos da presente dissertação: criar e desenvolver um software que permita a utilização fácil e intuitiva por parte de qualquer utilizador.

CARTA DE RISCO DE INCÊNDIO

É apresentada, na Figura 6.2, a Carta de Risco de Incêndio para a zona do Centro Histórico do Porto concebida através da folha de Excel anterior. Com o auxílio do programa Autodesk AutoCAD 2015 foi possível assinalar a classificação do Risco de Incêndio para cada edifício analisado.

Da análise da Carta de RI da Figura 6.2 é de destacar uma clara mancha de valores de classificação D, E e F, os piores da escala de classificações utilizada. Isto deve-se ao elevado número de edifícios em mau estado de conservação, mas também à existência de muitos locais com acesso reduzido ou nulo, por parte dos bombeiros.

A Carta de RI torna ainda mais claro que é extremamente necessária uma intervenção profunda na maioria do edificado do CHP, devido ao Risco de Incêndio elevado, que torna a zona insegura.

ANÁLISE DE DADOS

No total foram analisados 1107 edifícios, dos quais 183 não têm classificação de Risco de Incêndio por se tratarem de edifícios reabilitados, em obras ou devolutos. A Figura 6.3 representa o gráfico de divisão por classes de Risco de Incêndio dos 924 edifícios classificados.

Fig. 6.3 – Classificação do Risco de Incêndio

Da análise do gráfico conclui-se que 591 edifícios têm classificação “D” ou pior, o que corresponde a 64% dos edifícios classificados. Torna-se claro que existe uma grande parte do CHP em grave Risco de Incêndio. A maioria destes edifícios são de Utilização-Tipo I (Habitações) em mau estado de conservação, muitos deles agravados devido ao difícil/nulo acesso por parte dos bombeiros. Por outro lado, existem 44 edifícios de classificação “A”, ou melhor, significando um valor do Risco de Incêndio igual ou inferior a 1,0. Estes edifícios correspondem a apenas 4,8% do edificado classificado na presente dissertação. Nesta classificação estão presentes principalmente edifícios Comerciais e Hoteleiros, todos eles em bom estado de conservação e dotados de sistemas de deteção automática de incêndio.

COMPARAÇÃO DE CLASSIFICAÇÕES DOS CASOS-TIPO EM ESTUDO

Na dissertação de Martins [2], são apresentados 576 Casos-Tipo para edifícios existentes. No decorrer da presente dissertação e, após inúmeras simulações, foram realizadas alterações a todos esses Casos-Tipo, através da alteração de muitos dos valores dos descritores associados a cada fator parcial, de forma a fazer uma representação mais real dos descritores de cada fator. Isto porque, durante as simulações, os resultados dos valores do Risco de Incêndio para os edifícios eram pouco satisfatórios, principalmente para edifícios em bom estado de conservação, onde os valores do Risco de Incêndio eram muito elevados. E este facto deve-se, não ao método de cálculo mas à anterior escolha dos descritores para cada edifício.

Ilustra-se, na Figura 6.4, as classificações do Risco de Incêndio, usando os Casos-Tipo para todos os 241 edifícios classificados na dissertação de Martins [2], bem como as classificações para os mesmos edifícios, utilizando os Casos-Tipo desenvolvidos na presente dissertação.

Fig. 6.4 – Número de edifícios por classificação para os Casos-Tipo

Logo à partida pode-se concluir que existe uma evolução quanto à dispersão das classificações, pois para os casos desenvolvidos por Martins [2], apenas estão aglomerados em 3 classificações, “D”, “E” e “F” e, para os Casos-Tipo agora apresentados, existem edifícios em todas as classes de classificação. Esta alteração traduz melhor a influência do estado de conservação dos edifícios no valor do Risco de Incêndio, visto que, os edifícios em bom estado de conservação colocam-se agora em classificações de Risco de Incêndio mais baixas, enquanto que no método anterior não havia uma razoável diferenciação entre os estados de conservação dos edifícios.

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Classificação do Risco de Incêndio