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4. INSTRUMENTOS REGULADORES DAS ACTIVIDADES DESPORTIVAS, TURÍSTICAS E DE TURISMO DE NATUREZA

4.3. Actividades de Turismo de Natureza

4.3.1. Carta Europeia do Turismo Sustentável

Segundo Jonhson (n/d), o turismo sustentável representa a ligação fundamental entre o planeamento a longo prazo, conservação e ambiente, ganhos económicos e proveitos com as operações turísticas. Este autor considera que o sucesso desta prática depende de uma política e planeamento do turismo adequados, numa base holística e integrada. Alguns factores que poderão conduzir ao sucesso, são segundo Jonhson (n/d), a oportunidade de todas as partes participarem, particularmente no envolvimento local e na monitorização a longo prazo.

A Organização Mundial de Turismo (OMT), o Programa para o Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) e a União Mundial para a Natureza (UICN), desenvolveram conjuntamente directrizes para o ―Desenvolvimento do Turismo Sustentável em Parques Nacionais e Áreas Protegidas (1992), dirigido a gestores destes espaços de países em vias de desenvolvimento. Entre os documentos elaborados pela UICN, destaca-se a ―Carta Europeia do Turismo Sustentável em Espaços Protegidos‖ inspirada na Carta Mundial do Turismo Sustentável de Lanzarote (1995) e elaborada pela Federação Europarc, que por sua vez foi escrita pelo Programa de Acção ―Parques para a Vida‖.

Outro documento produzido pela UICN foi o chamado ―Turismo, ecoturismo e áreas protegidas‖, baseado em estudos apresentados nas reuniões de trabalho de turismo que tiveram lugar no Congresso Mundial de Parques Naturais e Áreas protegidas, na Venezuela em 1996. Este documento desenvolve directrizes para o desenvolvimento do turismo sustentável e a sua aplicação é dirigida a gestores de espaços naturais e áreas protegidas que se adaptam às características dos sítios incluídos na Rede Natura 2000.

O Conselho de Europa elaborou entretanto uma série de recomendações sobre Turismo sustentável, concretamente a Recomendação Nº R (95) 10 do Comité de Ministros. Esta Recomendação propõe os princípios e directrizes para a implementação da política e matéria de turismo para as áreas protegidas e enfatiza a importância da integração das áreas protegidas numa estratégia global para o desenvolvimento do turismo sustentável.

Após um estudo sobre o Turismo nas Áreas Protegidas realizado pela Federação EUROPARC, no qual se defende uma forma menos intensiva de turismo que compatibilize e

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integre os aspectos ambientais, culturais e sociais com o desenvolvimento económico nestes espaços, a Federação dos Parques Regionais de França constituiu um grupo com representantes europeus de áreas protegidas, operadores turísticos e ONGAs, que redigiu a ―Carta Europeia de Turismo Sustentável‖ (CETS) com o objectivo de pôr em prática as conclusões do referido relatório.

O objectivo principal da ―Carta Europeia de Turismo Sustentável‖ (CETS), assenta no desenvolvimento sustentável da região, de modo a permitir responder às necessidades económicas, sociais e ambientais das gerações presentes, sem comprometer as das gerações futuras.

A CETS é, no fundo, a constituição de uma parceria entre a AP com todos aqueles que têm um papel preponderante no desenvolvimento do turismo na região, com o objectivo de nele integrar os princípios do desenvolvimento sustentável.

Esta parceria inicia-se a partir da delineação de uma estratégia para o turismo que é estabelecida entre a AP e os parceiros aderentes, empresas turísticas e operadores turísticos, na qual se desenvolvem actividades, alojamentos e produtos turísticos que sejam social, económica e ecologicamente sustentáveis e que em simultâneo contribuam para um desenvolvimento económico da região.

Qualquer tipo de AP pode individualmente candidatar-se à Carta, sendo o sistema de adesão um acordo voluntário que compromete os signatários: gestores das AP, empresários turísticos e outros actores locais, a por em pratica uma estratégia local de turismo sustentável.

A CETS tem entre os seus objectivos, assegurar que o turismo suporte e não reduza a qualidade de vida dos habitantes locais através de:

 Envolvimento das comunidades locais no planeamento;

 Assegurar um bom diálogo entre a AP, os habitantes locais e os visitantes;  Identificar e reduzir os conflitos;

 Monitorizar os fluxos de visitantes para reduzir os impactes negativos através de:  Registo contínuo do número de visitantes, no tempo e no espaço;  Criação e implementação de um PG dos visitantes;

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4.3.2. “Programa Nacional de Turismo de Natureza – PNTN” Resultado de uma parceria pioneira em Portugal, entre as Secretarias de Estado do Ambiente (SEA) e a Secretaria de Estado do Turismo (SET) é o ―Programa Nacional de Turismo de Natureza‖ (PNTN) publicado em 1998 pela Resolução do Conselho de Ministros nº 112/98, de 25 de Agosto. Este documento enquadrador e estruturante de um novo produto turístico para a RNAP, o ―Turismo de Natureza‖, tem o mérito de relacionar de uma forma integrada e articulada o Ambiente, o Turismo e o Desporto.

Neste contexto, o TN é entendido como o Produto turístico composto por estabelecimentos, actividades e serviços de alojamento e animação ambiental realizados e prestados em zonas na RNAP.

Um dos principais objectivos deste programa é:

―assegurar a articulação entre as diversas entidades intervenientes, fomentando o envolvimento público e privado e promovendo as acções necessárias para atingir uma oferta integrada de alojamento e de animação ambiental, consentânea com os objectivos de conservação da Natureza, de desenvolvimento local sustentável e de diversificação e qualificação da actividade turística.‖

Para que os objectivos sejam atingidos é necessário observar os seguintes princípios:

a) Os projectos de actividade turística devem ser concebidos na óptica do desenvolvimento sustentável, garantindo que a utilização dos recursos não comprometa o seu usufruto pelas gerações futuras;

b) As actividades turísticas, em cada AP, devem respeitar os valores ambientais intrínsecos e reconhecer que algumas zonas, pela sua sensibilidade ecológica, são interditas ou condicionadas;

c) A localização das actividades e instalações turísticas deverá obedecer a critérios de ordenamento que evitem a pressão em áreas sensíveis, respeitando a CC do meio natural e social;

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d) A tipologia de empreendimentos e de actividades turísticas, para cada AP, deverá ser previamente definida, tendo em conta a CC dos diferentes ecossistemas, garantindo o seu equilíbrio e perenidade;

e) Os projectos turísticos devem ser ambientalmente responsáveis, designadamente através da adopção de tecnologias não poluentes, poupança de energias e de recursos essenciais como a água, reciclagem e reutilização de matérias-primas ou transformadas e formas de transporte alternativo e ou colectivo visando uma maior eficácia energética;

f) Devem ser estabelecidos programas de monitorização relativamente à visitação nas áreas protegidas, de modo a ajustar eventuais disfunções e introduzir formas compatíveis de actividades turísticas;

g) Os objectivos de conservação de cada AP devem ser claramente entendidos por todos os intervenientes, através do estabelecimento de parcerias entre a população local, a actividade turística e outras organizações interessadas;

h) Os conceitos de turismo sustentável e de TN devem ser desenvolvidos e incorporados nos programas educacionais e de formação dos profissionais de turismo;

i) A promoção do turismo nas AP deverá obedecer a uma óptica de sensibilização dos visitantes para o respeito pelos valores que cada área encerra;

j) Os planos de ordenamento do território, no âmbito das AP, devem contemplar a criação de sistemas de gestão e planeamento que garantam um desenvolvimento turístico sustentável; Ainda no contexto do PNTN e de forma a melhorar as condições de visitabilidade de uma forma integrada e sustentada, tendo em vista o recreio e a sensibilização ambiental, foi elaborado pela ThinkTur (2009) um estudo intitulado ―Programa de Visitação e Comunicação na Rede Nacional de Áreas Protegidas‖ (RNAP).

De acordo com a análise SWOT efectuada às AP´s no contexto do estudo acima referido, destacam-se através do Quadro 8, os seguintes Pontos Fortes e Pontos Fracos então identificados (pág. 5.7. Cap 5, 2ª fase):

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Quadro 9 – Análise SWOT às AP, de acordo com o estudo “Programa de Visitação e Comunicação na Rede Nacional de Áreas Protegidas”, efectuado pela TThinkTur, entre 2006 e 2009

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

- condições que convidam à realização de actividades lúdicas e desportivas em contacto directo com a natureza ao longo de todo o ano, graças ao clima em geral ameno, em praticamente todas as regiões do país.

- insuficiente ou deficiente sinalização e informação rodoviária;

- imagem e notoriedade de Portugal, reconhecido como um destino turístico de excelência, seguro, tranquilo, hospitaleiro e não poluído sendo o 16º país mais visitado no ranking mundial;

- mau estado de conservação de acessos e vias a pontos de interesse;

- facilidade dos portugueses em comunicarem em línguas estrangeiras (espanhol, francês e inglês)

- ausência de estruturas eficientes de atendimento, recepção, informação, assistência e acompanhamento dos visitantes

Este estudo teve entre outros aspectos, o mérito de avaliar de forma transversal, as potencialidades de cada AP, as fragilidades e as oportunidades, na perspectiva da potenciação dos seus produtos em rede e em complementaridade.

Embora as propostas e orientações decorrentes deste estudo não pareçam ter tido uma aplicabilidade directa nas AP, consideramos que se trata de um documento referência e estruturante no contexto da Visitação e do TN.

Constituído por vários Relatórios acessíveis através do site do ICNB (www.icnb.pt), refere como proposta de programa de infraestruturação, a qualificação geral do território das AP, o ordenamento de espaços e utilizações e a organização da visitação estruturando a oferta existente.

―A delimitação de áreas e instalação de equipamentos específicos geridos e explorados por empresas especializadas em actividades na natureza, permitirá, adicionalmente, concentrar nessas áreas uma parte dos visitantes, reduzir a circulação e o consequente impacto da presença dos mesmos em outras vastas zonas das AP, uma vez que estes, tendencialmente serão atraídos e orientados para percursos, zonas ou localizações nos quais foram previamente criadas as necessárias condições para gerir e controlar os fluxos de visitação e turismo.‖

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4.3.3. Os “Planos de Ordenamento” versus “Cartas de Desporto de

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