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ANÁLISE DE DIREITO

FUNDAMENTAL NA

OBRA “COMO EU ERA

ANTES DE VOCÊ”

A obra escolhida para o trabalho em questão foi referente ao filme: “Como eu era antes de você” (Me before you), este sendo adaptado ao cinema a partir da obra literário homônima da escritora britânica Pauline Sara Jo Moyes. A obra original teve sua primeira publicação em 5 de janeiro de 2012, tendo 480 páginas. O romance/drama produzido em 2016 e dirigido por Thea Sharrock possui duração de 1h50mon (uma hora e cinquenta minutos) e conta com a atuação de estrelas como Emilia Clarke e Sam Claflin, sendo neles onde se passa o arco principal da trama.

O filme conta a história de Louisa Clark (Emilia Clarke), uma garçonete de 26 anos que mora com seus pais e encontra-se estagnada em sua vida, acomodada. Sua vida então muda completamente quando o café em que a mesma trabalha é fechado e ela precisa então procurar um novo emprego. Após muitas tentativas frustradas, Louisa aceita o emprego de cuidadora de um tetraplégico por seis meses. No seu primeiro dia no novo emprego, Louisa conhece William Traynor (Sam Cliflin), um ex-advogado bem sucedido de Londres e amante de esportes radicais. Após um acidente de carro, Will perde o movimento em suas quatro extremidades, juntamente com a musculatura do tronco, se tornando uma pessoa extremamente negativa e amarga sem esperança nenhuma de melhoria de vida.

Durante os primeiros contatos envolvendo os personagens principais, é possível perceber a maneira fria e grosseira em que Will trata a sua cuidadora, quase evidenciando uma inimizade entre ambos. Porém, aos poucos, estes vão começando a se entender, criando um vínculo, uma espécie de amizade. Louisa e Will então dão os primeiros passos a uma paixão. A personagem feminina descobre após algum tempo que o rapaz para qual trabalhava, tinha então um desejo, a sua morte, que tinha dado um prazo de 6 meses para que seus pais se despedissem do mesmo. Louisa começa então uma espécie de batalha, a luta pela vida de quem ela mais ama. Ao final do filme, Will se dirige a clínica Dignitas, na Suiça, onde lá há a cena final, Louisa se despedindo de fato do seu amado, William, juntamente com seus pais, e enfim a morte do personagem.

A obra em questão trata então sobre assuntos bem polêmicos e extremamente importantes e atuais. São apresentadas discussões sobre o direito a vida, da dignidade da pessoa humana, a liberdade, e sobre o direito de escolha de morte, a eutanásia.

De acordo com o artigo 1º Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana;

Sendo assim, logo no seu início vemos explicitamente a preocupação em relação aos direitos e garantias individuais, que ampliam o seu sentido após análise do artigo 5º. Com isso percebemos a ideia de bem-estar da população que é passada pela C.F.

A dignidade da pessoa humana é ligada aos direitos e deveres do cidadão. Envolve as condições que são necessárias para que uma pessoa tenha uma vida digna, com respeito aos seus direitos e deveres. Também se relaciona com os valores morais, porque é a união de direitos e deveres para garantir que o cidadão seja respeitado em suas questões e valores pessoais.

Expressos na Constituição Brasileira sem qualquer prioridade apontada entre os direitos fundamentais há, no caput do artigo 5º (Dos Direitos e Garantias Individuais e Coletivos): “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se brasileiro e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”, configurando a primeira aparição das tais clausulas pétreas. A Constituição traz também no texto do art. 60, § 4º: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: [...] IV – os direitos e garantias fundamentais”. Desta forma, os direitos e garantias individuais se configuram como cláusula pétrea. Pode-se afirmar que do direito a vida surgem os outros direitos, pondo em evidência sua importância já que sem vida, não se faz possível à estruturação dos demais direitos fundamentais.

Há também a discussão acerca da liberdade, abordado juntamente ao artigo 5º da constituição. Neste tópico é evidenciado as diversas formas de liberdade, seja ela, civil, de consciência, ensino, imprensa, pensamento, religião, reunião e as liberdades individuais, sendo as estas a formas da liberdade de expressão de cada cidadão dentro de seus direitos e deveres. Neste quesito, podemos perceber a necessidade de uma liberdade de certa forma privada, não necessitando a adequação a certo sistema, onde cada indivíduo se aproxima mais das ideias que melhor lhe convém. No filme escolhido, trataremos apenas da liberdade de consciência, sendo esta a mais evidente e se fazendo com maior importância dentre as demais no enredo do filme abordado.

Tomando como partida o filme em questão, podemos analisar a relação dos direitos fundamentais e sua eficácia com o mundo atual. Ao ver o protagonista no seu dilema em relação à vida e a morte, mostra a dignidade da pessoa humana em que, de acordo com o mesmo em certa passagem, afirmava já estar morto.

Ao ter sua vida completamente modificada, este mostrava o descrédito com a sua situação, com a dúvida se valeria o custo de se manter vivo, para viver paraplégico. O personagem fala também em relação ao tratamento sofrido diante das outras pessoas e assim não teria a sua vida digna, como pensada.

Há então a discussão maior do filme, o do direito à vida e da sua liberdade. O direito à vida é citado na obra desde o seu início ao seu fim, explicado dentro de um contexto totalmente atípico, após o acidente em que um dos protagonistas sofre, tendo a perda dos seus movimentos, sendo forçado a se privar de várias atividades. Faz-se então em forma de suplicio ao personagem, abrindo a discussão sobre o viver. O protagonista então busca o acolhimento da morte em que há relação com a já citada liberdade de consciência. Esta que consiste no seguimento do desígnio de sua consciência e de suas convicções, tendo o indivíduo em questão na sua plenitude mental e de suas responsabilidades sobre o qual haverá interferência de seus atos, tendo então já iniciado a discussão de mais um assunto pertinente, a eutanásia.

A palavra eutanásia derivada do grego eu (bom) e thanatos (morte), significando a boa morte, morte calma, morte doce, indolor e tranquila. A eutanásia é enquadrada em muitas legislações atuais e éticas médicas mundiais, consistindo na prática da morte, visando atenuar os sofrimentos do enfermo e de seus familiares, haja vista a sua inevitável morte, sua situação incurável do ponto de vista médico. No Brasil, o atual Código Penal, não especifica o crime da eutanásia, o médico que tira a vida do seu paciente por compaixão comete o homicídio simples tipificado no art. 122, sujeito a pena de 2 a 6 anos de reclusão, ferindo ainda o princípio da inviolabilidade do direito à vida assegurada pela Constituição Federal.

Constitucionalmente o homem tem direito à vida e não sobre a vida.

Cabe ao Estado assegurar o direito à vida, e este não consiste apenas em manter-se vivo, mas se ter vida digna quanto à subsistência.

“O direito à vida é contemplado na Constituição Federal, no título Dos Direitos e Garantias Fundamentais, sendo consagrado como o mais fundamental dos direitos, uma vez que, é dele que derivam todos os demais direitos. É regido pelos princípios Constitucionais da inviolabilidade e irrenunciabilidade, ou seja, o direito à vida, não pode ser desrespeitado, sob pena de responsabilização criminal, nem tampouco pode o indivíduo renunciar esse direito e almejar sua morte”. (Trecho retirado do texto de Glenda Frances Moraes Goetten, Eutanásia X Direito à vida).

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