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A Casa Montagem Paço das Artes 2007.

No documento Rumos da pintura na era da imagem técnica (páginas 134-138)

Pesquisa Plástica A Casa como Poética.

3.5 A Casa Montagem Paço das Artes 2007.

119 – Estante Vazia, 2007. 120 – Detalhes da instalação A Casa, 2007.

A quarta montagem do trabalho ocorreu no Paço das Artes em São Paulo em outubro de 2007.

O projeto de montagem da mostra propunha a apresentação de uma versão do primeiro projeto da casa realizado em 2005. As imagens produzidas na montagem inicial da instalação A Casa serviram como referência do projeto e das questões que seriam abordadas na instalação do Paço das Artes.

Alguns ambientes da primeira montagem da casa foram conservados, porém a maior parte foi produzida especificamente para mostra e apresentavam algumas peculiaridades, como uma ligação mais dependente das pinturas com as partes tridimensionais da instalação (Fig.119).

Outro ponto a ser mencionado sobre a mostra do Paço das Artes foi a possibilidade de realização do projeto da casa como na forma prevista pelo primeiro projeto da instalação de 2005 (Fig.109 e fig.120). O espaço expositivo da primeira montagem não comportava a construção da casa de modo a permitir uma visão frontal de toda a instalação, o que reforçava um aspecto teatral, do qual o trabalho poderia se valer. Na montagem de 2007 esta configuração pode ser construída o que concretizou de modo mais eficiente a instalação A Casa.

3.6 Kitnet - 2010.

(Realização 12 de agosto a 02 de setembro de 2010 na Galeria de Arte da Cemig.)

Quando no ano passado decidi finalmente colocar em prática a ideia de separar o espaço da casa do espaço do atelier, iniciei uma experiência semelhante a que vivenciei com os deslocamentos das instalações da série A Casa. Logo encontrei um atelier maior e no qual planejava passar a maior parte do tempo. Na procura de um espaço para morar que fosse relativamente próximo ao atelier e à Escola Guignard, onde leciono, encontrei um apartamento pequeno, mas que oferecia as condições de espaço que até então, na teoria, eu procurava.

O planejamento deste novo espaço, entretanto, transformou-se em uma vivência proximamente relacionada com os problemas do meu trabalho. A adptação em um apartamento bem menor ao que estava acostumado, me forçou a buscar alternativas para o espaço, elaborar desenhos de projetos de ocupação e ter obrigatoriamente que abrir mão de coisas que há alguns anos me acompanhavam.

Os objetos acumulados no atelier se misturavam às coisas da casa e acabavam por diluir os limites entre os dois espaços e muitas vezes entre as questões do trabalho artístico e da vida pessoal. Tal situação, vivenciada desde o início do curso de Belas Artes, me trouxe o hábito com a indefinição entre estes dois locais. Habitar uma casa-atelier fazia com que os objetos presentes nas instalações o os objetos de uso doméstico transitassem simuntâneamente entre o trabalho e a casa. Logo porém, um número vasto de soluções oferecidas no mercado, diretamente voltadas a este tipo de habitação, permitiu que todas as necessidades do espaço fossem solucionadas, acompanhadas por uma atitude constante de desprendimento em relação ao costume de acumular coisas.

Uma kitnet designaria uma categoria de apartamentos compostos por quatro ambientes básicos, sala, quarto, cozinha e banheiro. Uma modalidade de apartamentos disponíveis para diversas realidades econômicas que privilegia a individualidade, formulado para concentrar toda a necessidade da moradia no mínimo de espaço. No espaço de um apartamento como esses, as soluções e funcionalidades do ambiente doméstico são planejadas e percebidas com grande objetividade e clareza. Habitar e circular por uma kitnet levaria o indivíduo a perceber a essência das partes da casa como uma síntese das próprias necessidades do corpo.

A mostra Kitnet surgiu do intuito de relatar uma mudança também no âmbito do meu processo de trabalho. Uma intenção em estabelecer diante das experiências realizadas nas montagens da casa, uma conclusão do assunto ou ao menos um retrato parcial,

proposto no contexto de finalização do mestrado e na vontade de realizar uma mostra da pesquisa plástica concomitante à realização da defesa da dissertação. Assim, a instalação proposta marcaria um momento de conclusão, transição e reflexão da pesquisa, que também remeteria a experiência pessoal de residir em uma kitnet.

O projeto inicial prevê a elaboração de uma montagem na qual as pinturas da série A Casa seriam ainda mais incompletas e dispersas no ambiente expositivo que nas pinturas da casa realizada no Paço das Artes, buscando criar uma ligação indissociável com os outros elementos da instalação, como os objetos e os móveis, além de outras pinturas de temática variada, como retratos e pinturas da série A Cidade, que neste contexto passariam a funcionar como pinturas nas paredes de uma casa fictícia.

Outro ponto previsto no trabalho será a redução do número de objetos tridimensionais da instalação, que passarão ao invés de serem incluídos no espaço da exposição cobertos de tinta, serão representados isoladamente em pinturas, problematizando a ligação dos elementos e propondo uma ocupação variada da parede, do chão e do teto da galeria. A mostra Kitnet seria, portanto no meu anseio, a mais caótica das montagens, refletindo o estágio de transitoriedade o qual meu processo criativo estaria imerso. Assim como as outras propostas, Kitnet é uma proposta específica para o local, existente ainda nos desejos e nos poucos trabalhos e imagens que podem ser previamente elaborados. Um trabalho em processo e sujeito a alterações e adaptações no período da mostra, em função de sua passagem do campo da ideia e da experimentação para o campo da realidade.

Nota: Optou-se pela utilização da grafia popular Kitnet ao invés da grafia já

reconhecida por alguns dicionários de língua portuguesa, nos quais consta Quitinete ou a grafia inglesa kitchenette. Kitnet, termo designado para denominar um apartamento de pequenas proporções, também já foi empregado como um nome de um serviço de hospedagem de sites simples, com a escrita alterada para Kit net. O que de certa forma potencializa a significação do termo com o sentido separado da palavra Kit e da palavra net. Portanto, a opção pela escrita Kitnet aglutinaria duas possibilidades de significados e uma familiaridade que ampliaria as relações do título com a mostra.

No documento Rumos da pintura na era da imagem técnica (páginas 134-138)