Esta clarabóia é do tipo estrutural simples em aço macio, tipo “guarda-chuva”.
A)Caracterização da clarabóia
Legenda: 1-Vidro
2-Estrutura da clarabóia propriamente dita 3-Juntas “vidro - estrutura da clarabóia” 4-Rufo superior
5-Rufo inferior
6-Ligação ao cume em telha 7-Estrutura de apoio
8-Revestimento exterior 9-Revestimento interior
Figura 5.2 – Esquemas de uma Clarabóia Simples Estrutural por gomos, pelo exterior e pelo interior antes do restauro.
(fotos cedidas pelo orientador)
B)Proposta de intervenção
0-Considerações gerais
Este tipo de clarabóia é uma clarabóia de aplicação muito usual na casa burguesa do Porto do século XIX, como tal possui valor patrimonial histórico. Assim revela-se importante a recuperação de determinados elementos com vista à manutenção e preservação desse património.
1-Vidro
No caso em estudo é necessária a substituição de vidros. Estes deverão ser de boa qualidade, com adequado factor solar e não espelhados.
2-Estrutura da clarabóia propriamente dita
A estrutura aparenta elevado grau de degradação, como tal a solução poderá passar pela sua substituição.
No entanto, se esta for recuperável, é fundamental a existência de um bom tratamento da estrutura metálica contra a corrosão, verificar a sua segurança e estudar as ligações vidro/estrutura, de modo a garantir a estanquidade com cobre-juntas e borracha após ter sido feita a substituição de vidros.
3-Juntas
Quando for necessária a substituição de vedantes e de fixações vidro-estrutura, no caso da clarabóia em questão, estes deverão ser de borracha ou outros materiais de elevada qualidade. Para garantir a estanquidade deverão ser colocados cobre-juntas.
4-Rufo superior
A manutenção deste depende do seu estado. Quando é possível mantê-lo, deverá ser feito um tratamento contra a corrosão, verificar o seu estado no que concerne à resistência, à segurança e à estabilidade na ligação à estrutura da clarabóia propriamente dita, verificando-se que não ocorre a entrada de água das chuvas impulsionadas pelo vento. No caso em apreço o “capacete” existente parece algo frágil e vulnerável a ventos fortes por não estar mais “ajustado” à estrutura.
5-Rufo inferior
É necessário verificar a existência deste pelo interior, junto à base da clarabóia propriamente dita continuando até ao exterior da estrutura de suporte, de modo a que as águas escorridas ao longo dos envidraçados da clarabóia não penetrem no edifício na separação da clarabóia propriamente dita com a estrutura da clarabóia.
Quando existem, se for possível a sua manutenção deverá ser feito um tratamento contra a corrosão, uma análise ao seu estado para avaliar a sua capacidade de resistência e, também, um estudo das suas ligações com o interior da clarabóia propriamente dita e com o revestimento exterior. Neste caso, os rufos parecem merecer substituição integral.
6-Ligação aos cumes em telha e ao telhado em geral
Também aqui a ligação ao cume é feita através de rufos. Quando a sua substituição for desnecessária, deverá ser feita uma verificação quanto à sua resistência mecânica e integridade em termos de corrosão.
Os rufos são dispostos por baixo do revestimento exterior e também por baixo do telhão de cumeeira. Nas restantes vertentes da clarabóia estes rufos são dispostos por cima da telha, de modo a que possibilitem o escoar das águas. É importante verificar a existência de vedantes entre as telhas e o rufo (por cima das telhas na onda baixa), o telhão e o rufo e entre o revestimento exterior em zinco e o rufo de remate inferior.
7-Estrutura de apoio
A clarabóia apresenta problemas na sua estrutura de apoio, o que provocou o abatimento de algumas telhas, por onde, devido à baixa inclinação provocada, poderá existir entrada das águas das chuvas, atiradas para o interior da cobertura pelo vento.
Face a este problema poderá ser realizado um reforço da estrutura ou a sua substituição por uma nova. Devido à importância deste tipo de clarabóias, se for necessária a sua substituição, esta deverá ser realizada utilizando soluções em madeira, idênticas às originais.
8-Revestimento exterior
Em situações em que a substituição é dispensável, poder-se-á fazer um tratamento contra a corrosão e verificar o estado do revestimento quanto à sua capacidade resistente.
Deverá, também, ser feito um estudo das ligações entre o revestimento exterior e os vários elementos que a ele estão ligados, tais como os rufos de “ligação” às telhas e os rufos de “ligação” à clarabóia propriamente dita. Outras ligações a estudar são as ligações entre os vários fragmentos do revestimento exterior (juntas verticais soldadas, agrafadas ou objecto de outro tipo de ligação ajustada à situação em estudo).
Poderá justificar-se a colocação de isolamento térmico entre a estrutura de apoio (7) e este revestimento exterior.
9-Revestimento interior
Neste caso, é visível a existência de fissuração e queda do revestimento interior. A causa deste problema deve-se normalmente à existência de humidade. Aqui a solução recai sobre a substituição do estuque e a eliminação do problema que lhe deu origem. Esta substituição deverá ser feita colocando um estuque idêntico ao original e executando os trabalhos com qualidade adequada.
C)Conclusão
Esta clarabóia encontra-se também num estado bastante avançado de degradação, tal como no caso 1. Justifica-se, assim, o seu restauro eventualmente com requalificação ao nível do conjunto (sem alteração de imagem), dado o carácter patrimonial do elemento (património urbano).
Em muitas situações não se justificará o restauro da clarabóia propriamente dita que deverá ser substituída por uma solução moderna com desenho semelhante ao original.
Já no que se refere à estrutura de suporte em geral, justificar-se-á a realização do respectivo restauro intervindo-se sobre a estrutura de suporte tradicional em madeira estucada e substituindo o revestimento de estanquidade exterior aproveitando geralmente para colocar isolamento térmico contínuo separado do revestimento exterior para garantir a sua ventilação na face não directamente exposta ao sol e à chuva.