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Caso 4 – Corrosão Generalizada dos Pilares

No documento PATOLOGIA DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO (páginas 77-91)

3 ESTUDO DE CASO – PATOLOGIA EM PILARES DE

3.4 Caso 4 – Corrosão Generalizada dos Pilares

Foram analisados os pilares de um prédio situado na região metropolitana de Porto Alegre, área urbana, distante aproximadamente 100 metros do rio Guaíba (MACÊDO, 2012).

A Figura 74 mostra que houve uma contaminação generalizada no edifício gerando a corrosão de todos os pilares da fachada. Além disso, houve fissuração e destacamento ao longo da barra de canto da armadura do pilar, devido ao processo expansivo do metal, provocando o rompimento de estribos e armaduras longitudinais (figuras 75 e 76), comprometendo a segurança dos usuários e pedestres.

Figura 74 - Corrosão dos pilares da fachada.

Figura 75 - Corrosão generalizada e desplacamento do cobrimento.

(Fonte: Macêdo (2012))

(a) (b)

Figura 76 – (a) Fissuras verticais, formadas ao longo da barra de canto da armadura do pilar, devido ao processo expansivo do metal, (b) Pilares com estribos parcialmente rompidos e armaduras longitudinais soltas.

Após o diagnóstico do problema encontrado, inicia-se a análise de dados obtidos sobre as causas, origens e mecanismos das manifestações ocorridas e informações sobre as terapias adotadas para sanar a problemática.

Como primeira medida, propõe-se a realização de alguns ensaios e testes de campo e laboratoriais como alternativas de aplicação da melhor forma de solução do problema, tais como: Extração de Testemunho, para determinação de resistência característica à compressão do concreto estudado; Inspeção visual detalhada dos locais manchados, fissurados e desplacados com registro fotográfico; umidade do concreto e correspondente resistividade; mapeamento do potencial eletroquímico das armaduras (figura 77); medição da velocidade de corrosão e da perda de seção transversal das armaduras corroídas.

Figura 77 - Medidor de potenciais.

(Fonte: Macêdo (2012))

Após, como mostra a Figura 78, inicia-se o processo de recuperação e reparo dos pilares com o corte da área afetada e a escarificação do concreto, processo que remove o material solto, de baixa resitência, resultante da corrosão das armaduras.

Figura 78 – Corte e escarificação da área de concreto afetada.

(Fonte: Macêdo (2012))

Depois da limpeza dos resíduos resultantes da escarificação e lixamento das armaduras, realiza-se a saturação do substrato com água potável e pulverizador (figura 79), de forma a manter a superfície na condição “saturado com superfície seca”, ideal para o recebimento e adesão da argamassa de reparo.

Figura 79 - Limpeza dos resíduos do corte e escarificação.

Para finalizar, aplica-se uma argamassa cimentícia modificada com polímeros e reforçada com fibras, que recebe depois o acabamento com uma desempenadeira (Figura 80). Após, uma manta de cura molhada com água é aplicada sobre a argamassa, para manter a umidade ao longo de sete dias, evitando a evaporação da água de amassamento e a conseqüente fissuração.

Figura 80 - revestimento de argamassa cimentícia. (Fonte: Macêdo (2012))

Conforme a apresentação de estudos realizados anteriormente, foram analisados laudos técnicos de obras que apresentaram algum tipo de manifestação patológica em sua estrutura de concreto armado, identificando-se as manifestações mais incidentes.

A Figura 81 apresenta, segundo estudos de Silva (2011) a distribuição da forma de uso de cada obra, classificando-as em pública (correspondente a 70% do total), residencial (23,33% do total) e comercial (6,67% do total).

Figura 81 - Distribuição de obras conforme forma de uso.

(Fonte: Silva (2011))

Quanto à área de entorno das obras, classificaram-se como salinas (43,3% do total), urbanas (33,3% do total), rural (20% do total) e industrial (3,33% do total) (figura 82).

Figura 82 - Distribuição de obras conforme área de entorno.

(Fonte: Silva (2011))

Assim, observa-se que a maioria das obras as quais apresentam algum tipo de patologia encontra-se em regiões de áreas salinas, seguido da área urbana, ou seja, em regiões de condições de exposição extremamente desfavoráveis.

Quanto à incidência das manifestações patológicas, conforme a Figura 83 percebemos a predominância da corrosão das armaduras associada a um ou mais dos eventos: cobrimento deficiente, fissuras, infiltrações, presença contínua de umidade, meio ambiente agressivo e falta ou deficiência de manutenção.

Figura 83 - Incidência das manifestações patológicas nas estruturas de concreto.

(Fonte: Silva (2011))

A predominância da manifestação corrosão de armaduras já era esperada, pois no Brasil, alguns estudos já realizados caracterizaram bem a degradação de estruturas em concreto armado, destacando-se os trabalhos de DAL MOLIN (1988) no Rio Grande do Sul, ARANHA (1994) na região Norte, NINCE (1996) na região Centro-Oeste e Andrade (1997) em Pernambuco. Nesses trabalhos, a corrosão das armaduras ocupou posição de destaque com valores respectivamente de 12%, 43%, 30,1% e 64% das manifestações encontradas, destaque especial para as regiões de costa, onde a ação dos cloretos como agente de degradação se sobressai.

Em seguida, surgem os problemas com fissuras (66,67%), classificada como a segunda patologia mais predominante nas construções. Segundo Souza e Ripper (1998), as fissuras podem ser consideradas como a manifestação patológica característica das estruturas de concreto armado, sendo mesmo o dano de ocorrência mais comum e aquele que, a par das deformações mais acentuadas, mais chama a atenção de leigos, proprietários e usuários, para o fato de que algo anormal está a acontecer.

Porém, pela natureza das estruturas de concreto armado, o aparecimento de fissuras é sinal de que foi excedida a resistência à tração do material e permite investigar, em função da sua tipologia, a origem dos problemas que afetam a estrutura.

A desagregação (50% dos casos) consiste na perda de massa de concreto devido a um ataque químico expansivo de produtos inerentes ao concreto devido à baixa resistência do mesmo, e pode ser observada nas estruturas de concreto geralmente ocorrendo associada às fissuras.

O dano por infiltrações aparece em 33,33% dos casos. Conforme Nince (1996), o problema está associado, principalmente, a problemas de projeto (concepção arquitetônica e instalações) e a falta ou deficiência de manutenção.

Os ninhos de concretagem ou segregações (26,67% dos casos) no concreto têm como causas a baixa trabalhabilidade do concreto, a deficiência no transporte, lançamento e adensamento do concreto e a alta densidade de armaduras, apresentando características defeituosas como vazios na massa de concreto, agregados sem o envolvimento da argamassa e concreto sem homogeneidade dos componentes.

As manchas na superfície do concreto (26,67% dos casos) alteram a sua textura e uniformidade de coloração, prejudicando a estética visual, podendo causar problemas patológicos mais sérios.

As eflorescências (26,67% dos casos) são manchas de coloração normalmente branca que surgem no concreto devido ao acúmulo de solução saturada de hidróxido de cálcio na superfície do concreto, podendo formar estalactites nas zonas de maior porosidade do concreto.

A situação de infiltração e umidade na estrutura implica no surgimento de manchas esverdeadas denominadas bolor (fungos) e corresponde a 16,67% dos casos analisados.

A ocorrência de deformações excessivas (16,67% dos casos) é resultado de uma série de fatores, dentre os quais estão: problemas de projeto (concepção e/ou detalhamento), mau posicionamento das armaduras na execução e má utilização da estrutura, no que se refere a sobrecarga superior a estabelecida em projeto.

O trabalho apresenta os resultados obtidos de um levantamento de dados e estudos bibliográficos sobre casos de patologias de estruturas de concreto armado.

Os conceitos de patologia, desempenho, durabilidade, vida útil e agressividade do meio ambiente, são elementos básicos para a compreensão da importância de um projeto bem detalhado e coerente com o ambiente o qual a estrutura será instalada. O atendimento aos requisitos de qualidade e durabilidade das construções deve ser analisado em todas as etapas do processo construtivo e também nos trabalhos de reparo e reforço. Estes requisitos são indispensáveis para o desenvolvimento sustentado.

A necessidade de melhoria nos processos de execução de estruturas, a obrigação de reduzir custos, o cumprimento de prazos pré-estabelecidos, garantir a qualidade e a durabilidade da edificação e acima de tudo a satisfação do usuário final é a meta que as empresas buscam em todas as suas áreas de atuação.

De nada adianta ter um projeto adequado e equipamentos de última geração se a mão- de-obra envolvida não tem o treinamento e a fiscalização mais rígida. É difícil fiscalizar uma obra como um todo, mas se há o mínimo de capacidade dos trabalhadores, o nível de problemas reduz gerando melhorias na obra.

Como foi visto muitos são os problemas que ocorrem nas estruturas e que poderiam ser evitados caso houvesse um controle mais rigoroso na elaboração dos projetos, na especificação e utilização dos materiais, no uso adequado da estrutura aliado a um programa de manutenção preventiva das estruturas de concreto armado, podendo assim evitar ou retardar a necessidade de trabalhos de recuperação ou reforço das estruturas. Constata-se também que a correta escolha da técnica a ser utilizada numa recuperação estrutural associada à mão de obra qualificada é que vai garantir o sucesso do trabalho realizado, pois a escolha errada pode acabar agravando ainda mais a situação do problema.

Conclui-se com este trabalho que há uma infinidade de patologia nas construções em concreto e técnicas e procedimentos para se adotar num trabalho de recuperação ou reforço, e que a cada dia, surgem novas técnicas e aprimoramentos com o propósito de melhorar a qualidade da obra, e que estão sendo colocadas em prática. O processo se encerra com a execução dos serviços prescritos, quando necessário e com o registro do caso. Este registro é

feito com a finalidade de manter formalizada a história da obra, para possíveis novos reparos e manutenções e, principalmente, para a divulgação do conhecimento adquirido.

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