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2 VEREDAS DAS JUVENTUDES

JOVEM RENDA

4 COMPREENDER NARRATIVAS ANÁLISES

4.3 CASO EU NÃO CONSIGA

Em “Caso eu não consiga”, analisaremos as narrativas dos jovens acerca impossibilidade de poder fazer aquilo que planejou. Como cotidianamente há a necessidade da existência de um “Plano B”, uma segunda saída, visamos neste tópico nos deter ao que os jovens dizem a esse respeito.

Os jovens nessa categoria se apresentam da seguinte maneira: 4 jovens dizem escolher trabalhar caso não ingressem na faculdade e 19 afirmam que continuarão estudando, consigam ou não o curso pretendido.

Encurtar ou alongar o caminho para a entrada no mundo do trabalho parece ser uma seleção, entretanto são os dois caminhos a ser seguidos. Se relembrarmos a LDB, lá, diz que o jovem pode, ao concluir o EM, continuar estudando para depois se inserir no mundo do trabalho ou trabalhar. E é assim que é. Então, o jovem trabalha depois de um processo de formação ou sem.

4.3.1 Encurtar caminhos

O “encurtar” que intitula este subtópico diz respeito à inserção imediata do jovem no mundo do trabalho, para suprir uma necessidade de remuneração ou mesmo de não ficar desocupado, ocioso. Isso porque o discurso da ociosidade é recorrente. Afinal, “se não estuda, tem que trabalhar”.

Esse estudar da voz social necessariamente não afirma onde e nem como se deve estudar. Nem o ensino e nem a aprendizagem está restrito a um espaço. Principalmente institucionalizado. No entanto, é comum de pensar tais atos como restritos a tais locais.

Vejamos que mesmo não tento nada em mente, o Jovem 1 pretende continuar a estudar. Mas cogita a possibilidade de se inserir no mundo de trabalho, o que é para ele uma ocupação. Para ele, um tempo sem participar da educação formal se configura como desocupação. Ele afirma que continuará estudando de qualquer forma. Entretanto, caso não seja uma formação institucionalizada, precisará se ocupar.

JOVEM 1

Se eu não conseguir alcançar o curso que eu escolher eu não desistirei, irei procurar uma ocupação, mas continuarei com meus estudos até me realizar.

O discurso de desocupação está presente também na narrativa dos Jovens 4 e 14. O primeiro, caso comece a cursar a graduação pretendida, conciliará estudos preparatórios e trabalho no comércio da família, e o segundo conseguirá um emprego até ingressar na graduação.

JOVEM 4

Se eu não passar no curso que desejo pretendo estudar mais um ano e tentar novamente e enquanto isso trabalhar no comércio da família.

JOVEM 14

Imprevistos acontecem e eu posso não passar para o curso que eu quero (o que basicamente leva o plano principal por água abaixo. Sabe? Aquele de ser bem sucedida, fazer um trabalho magnífico e marcante). Então me restam: a) escolher outro curso da área de exatas e cursá-lo enquanto espero o próximo vestibular e b) conseguir um emprego e trabalhar até o próximo vestibular.

Para a Jovem 6, não lhe agrada ter apenas um plano que seria fazer graduação. Ter outros planos significa ter um emprego, seja por meio de concurso público ou não.

JOVEM 6

Nunca gostei de ter apenas um plano em minha vida, portanto, caso eu não passe ano que vem em engenharia, eu irei fazer concurso para o INSS e procurarei um emprego para me sustentar e depois comprar um local para morar.

Essa jovem busca estabilidade, pois já pensa em ter um lugar para morar comprado. Ela, assim como os demais que disseram querer se inserir no mundo do trabalho logo, tratam essa como se fosse algo positivo e não percebem que se inserir no mundo do trabalho prematuramente nega-lhes a oportunidade de formação que lhes proporcionará uma maior possibilidade de competir e conseguir um papel de maneira mais digna. Contudo, Mészáros (1995, apud Antunes, 2014, p. 26) firma que “[...] a força de trabalho total da humanidade se encontra submetida [...] aos imperativos alienantes de um sistema global de capital”.

4.3.2 Alongar caminhos

Alongar, neste subtópico, aumentar o caminho simplesmente, ou mesmo seguir o curso da formação para somente depois acessar outras vererdas. Essa maior distância a ser percorrida implica em um maior tempo de formação e em mais possibilidade de competição. Ou seja, se inserir no mundo do trabalho desenvolvendo o papel desejado para si.

Entre os estudantes que acreditam que continuar estudando é próximo passo a ser dado em seus percursos de vida, há aqueles se dispõe a mudar de curso, caso não sejam bem-sucedido em sua primeira escolha; e há aqueles que não veem a possibilidade de mudar.

Vejamos o que dizem os jovens que se mostram dispostos a exercer outra profissão. Para facilitar a análise, usaremos a profissão escolhida ao lado do nome de identificação. Três jovens, ao pensar na possibilidade, escolhem profissões da mesma área.

JOVEM 2 - ARQUITETURA

Caso meu rendimento não dê para entra nesse curso, colocarei Designer como segunda opção, e se ambas venha a dar errado, tenho como terceiro plano fazer cursinho para conseguir entra em um dos cursos que eu almege.

JOVEM 5 MEDICINA

Caso eu não tenha um desempenho positivo na primeira escolha profissional tenho outro plano, onde irei buscar de fazer tudo, para que essa escolha seja a certa. Essa nova escolha e cursar farmácia.

JOVEM 20 MEDICINA

Mas se por acaso eu não puder exercê-la, pretendo seguir carreira em alguma profissão na área da saúde. De preferência enfermagem, pelo fato de estar mais próxima com a Medicina e de ter especialização na área que eu amo, que é Obstetrícia.

O Jovem 2, faz a opção por Designer, que é similar a Arquitetura. O Jovem 5 opta por Farmácia, haja vista que está da saúde, assim como o Jovem 20, que prefere Enfermagem com um segundo plano.

O Plano B do Jovem 8 e do Jovem 19, se invertem. Enquanto o Jovem 8 quer cursar Medicina Veterinária e teria como segunda opção Psicologia ou Enfermagem, O Jovem 19 quer Psicologia e tem Medicina Veterinária como plano seguinte.

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