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CASO 2: PET RECICLADO

No documento Marilia Gabriela dos Santos (páginas 38-43)

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Análise interna dos casos

4.1.2. CASO 2: PET RECICLADO

4.1.2.1. Napes

Segundo a site da empresa, “Desde a nossa fundação, no Brasil em 1979, acreditamos

no potencial das relações e no poder da cosmética como ampliadora de consciência”. A empresa

tem forte presença na América Latina, com operações na Argentina, Colômbia, Peru, Chile e

México, distribuidores na Bolívia, e uma unidade na França. Possuem cerca de 7000 mil

colaboradores e 1,7 milhão de Consultoras no mundo. Segundo o Relatório de Visão de

Sustentabilidade da empresa (2018), vale destacar alguns pontos:

Nossas embalagens incentivarão um consumo mais consciente e serão desenhadas considerando os princípios de ecodesign e ecoefetividade: redução máxima do uso de materiais; utilização progressiva de materiais de origem reciclada pós-consumo e/ou renovável; reciclabilidade; atendimento aos princípios de ciclo fechado. Metas até 2020: Utilizar, no mínimo, 10% de material reciclado pós-consumo8 na massa total das embalagens Napes Brasil.

Há alguns anos todos os frascos de PET da empresa são compostos 100% de conteúdo

reciclado. A questão relacionada ao gatilho para início do uso da matéria-prima reciclada foi

respondida com a informação de que a Napes sempre teve a cultura da sustentabilidade. Antes

o foco era a pegada de carbono, e agora é a redução dos resíduos das operações da empresa.

Como cumprimento das responsabilidades da PNRS investem no programa “Dê a Mão

para o Futuro: Reciclagem, Trabalho e Renda”, da ABIHPEC (Associação Brasileira da

Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), que atua na gestão de cooperativas de

reciclagem, assim como a Unipes.

Sobre o conhecimento da cadeia fechada das embalagens, a entrevistada afirmou que

possuem um processo de homologação dos recicladores da sua cadeia, citou a homologação do

reciclador Nareglo, mas não possui conhecimento da origem do material que chega ao

reciclador, apenas incentiva que venha de cooperativas. Atualmente, compra as embalagens de

PET reciclado de três fornecedores, os mesmos das embalagens virgens. Questionada sobre a

disponibilidade de pagar mais pela resina reciclada, afirmou que caso fosse necessário, a

empresa não se oporia.

A principal oportunidade para facilitar o fechamento de ciclo citada foi ter um programa

de retorno das embalagens Napes em final de vida, sendo um desafio por que os maiores

distribuidores são as consultoras, e nas lojas físicas. Segundo a entrevistada: “estão tentando

viabilizar espaço, porque não tem espaço nem para guardar o estoque de produto”.

4.1.2.2. Transformador NAFAIGA

Segundo o site da empresa, há mais de 30 anos, Nafaiga, empresa brasileira, se dedica

à fabricação de embalagens plásticas utilizando sempre equipamentos de alta tecnologia, com

o propósito de atender as exigências definidas pelos clientes, objetivando a excelência em suas

atividades.

A questão relacionada ao gatilho para início do uso da matéria-prima reciclada foi

respondida com a informação de que a começaram a usar PET reciclado em um projeto

desenhado pela Napes, há aproximadamente seis anos.

Sobre o conhecimento da cadeia fechada das embalagens, o entrevistado afirmou que a

empresa conhece apenas o fornecedor de resina, que é a Nareglo, não conhece a origem dos

materiais que são reciclados.

O entrevistado afirmou que a empresa não possui metas formais de aumento de uso dos

recicláveis, mas afirma que estão crescendo em uso, oferecem aos clientes de acordo com as

possibilidades da embalagem que fornecem, como tons mais escuros, por exemplo.

A principal oportunidade para facilitar o fechamento de ciclo citada foi uma forma de

manter a estabilidade dos preços da resina reciclada:

Porque a resina hoje reciclada em algumas épocas do ano ela torna-se mais cara. Então assim, você não consegue repassar isso ao cliente.

4.1.2.3. Nareglo

Segundo o site da empresa, há 18 anos, desenvolve e aplica tecnologia para o

aprimoramento do mercado de PET reciclado. Oferece produtos com grau de pureza igual ao

alcançado pelas mais tradicionais empresas de reciclagem de PET no Mundo. No ano de 2014

a Nareglo obteve o registro de sua resina PET-PCR na ANVISA segundo os requisitos da

RDC/20-2008, sendo a primeira empresa brasileira a obter esse registro dispondo de tecnologia

própria de reciclagem de garrafas PET. Em 2009, a primeira grande empresa de bens de

consumo utilizou sua resina para compor as embalagens de uma linha de detergente.

Atualmente contam com 80 funcionários, e capacidade de produção 1500 toneladas por

mês de resina bottle to bottle, que será expandida, ainda em 2019, para 2500 toneladas mensais.

Os fornecedores dos materiais recicláveis são os comércios atacadistas e cooperativas,

mas também compram flake (que já é o material reciclável lavado e picado) de algumas

empresas. Citou como fornecedor a Nacooper, que engloba as negociações da mega centrais de

São Paulo. Adquire os recicláveis a um preço que varia de R$ 2.200 a R$ 2.500 por tonelada

Sobre a relação com o cliente Napes, informou que a empresa participa muito de toda

cadeia, a cada dois anos eles auditam a Nareglo, e alguns fornecedores de sucata, além de ter

que entregar periodicamente relatórios de origem do material reciclado. Os clientes da Nareglo

são indústrias transformadoras, e sobre o destino final dessas resinas, acredita que cerca de 80%

ira é frasco novamente, talvez 15% entre fibras e fitas, e 5% para outros, entre químicos, tintas,

vernizes, e outros produtos.

A principal oportunidade para facilitar o fechamento de ciclo, citada pelo entrevistado,

foram:

- Aprimorar as legislações de cumprimento de PNRS com uso obrigatório de

matéria-prima reciclada.

Desde o começo do ano até hoje eu tenho vendido PET reciclado mais caro do que a resina virgem. Isso nunca aconteceu no Brasil antes. .... o interesse de grandes empresas aí sim pressionadas por política nacional de resíduos sólidos e principalmente pela CETESB, a gente tá vendo que já entenderam que ele vai precisar compor a embalagem dele em dois materiais, da mesma forma que uma empresa usa uma embalagem PET ela vai cotar o melhor PET, o melhor preço, o melhor atendimento tudo para PET.

- Alterar os atuais benefícios fiscais de compra de sucata, simplificando o processo de

forma a evitar fraudes.

É gente comprando garrafa como se fosse flake pra ter direito a crédito de imposto. O cara que faz fraude ele muda o NCM [código de identificação da natureza das mercadorias comercializadas] do produto, classifica de uma forma diferente, o fornecedor dele pagou essa mesma alíquota pequenininha e ele fez o crédito. A minha sugestão é o seguinte, acabem com esse benefício, isso não é um benefício, é um malefício. Tirou o valor do sucateirozinho. Quando o sucateiro começar a me vender sucata, ele tá pagando lá o crédito, tá pagando o COFIS e eu tiver direito ao crédito eu vou poder pagar mais pra ele. Estou pagando mais pelo imposto que estou creditando. 10% mais.

4.2.1.4. Rede de Comercialização de Cooperativas NACOOPER

Segundo o site da prefeitura de São Paulo (2019), o “Programa de Coleta Seletiva da

Prefeitura de São Paulo tem como objetivo promover a reciclagem de papel, plástico, vidro e

metais. Após recolhidos, esses resíduos são encaminhados para as cooperativas e para as

centrais mecanizadas de triagem, onde serão separados e comercializados pelas cooperativas.

Todo o município de São Paulo é contemplado pela coleta seletiva (ou diferenciada), seja pelas

cooperativas ou pelas concessionárias - em algumas prefeituras regionais, a coleta é realizada

por ambas”. A AMLURB é o órgão responsável pela coordenação, estabelecendo normas e

procedimentos para sua implementação, gerenciamento, fiscalização e controle.

Existem duas Mega Centrais Mecanizadas de Triagem, a Carolina Maria de Jesus, que

fica na área de gerenciamento da concessionária Ecourbis, e a Mega Central Mecanizada Ponte

Pequena, na área de gerenciamento da Loga. O contato passado pela Nareglo é de uma pessoa

que trabalhou durante 10 meses na Nacooper, a administração onde se juntam as duas mega

centrais para comercializar os volumes de recicláveis com melhor preço. Desde quando a

entrevistada entrou na Nacooper, o comprador de PET já era a Nareglo, e nada mudou enquanto

existia a Nacooper, que na época comercializava aproximadamente 4mil tons de PET por mês.

Porém, a Nacooper deixou de existir em 2018, e as Mega centrais continuaram a

comercializar seus materiais de forma separada, então a entrevistada saiu dessa administração

e voltou para a cooperativa onde já trabalhava há anos. Essa cooperativa, onde trabalha a

entrevistada, faz parte atualmente de outra Rede de comercialização de cooperativas. A

principal vantagem de estar em uma rede de cooperativas é que como o volume é maior,

juntando as cooperativas da Rede, é possível comercializar direto para os recicladores, retirando

os atravessadores e aumentando o valor de venda do material. Entretanto, as maiores

dificuldades de conseguir trabalhar em Redes de cooperativas é não ter um local de

armazenamento, onde todas as cooperativas possam enviar o material, e esse sair em grande

volume direto para reciclagem. A falta desse espaço faz com que a venda seja de cada

cooperativa, as vezes sem padronização dos fardos, ou qualidade dos fardos, então o comprador

precisa passar em vários endereços para completar uma carga. Segundoa entrevistada, na

cooperativa que atua já se comercializa em Rede os papelões, e a ideia é expandir para outros

materiais.

Sobre os clientes, que compram os materiais recicláveis, procuram o melhor preço de

venda, seja para aparistas, ou para recicladores. Hoje aproximadamente 40% é vendido para

aparistas. Na relação com clientes recicladores, citando a Nareglo, para quem vendia o PET,

informa que é uma relação tranquila, nunca faltou material para vender e eles compravam todo

o PET disponível.

A principal oportunidade para facilitar o fechamento de ciclo citada foi:

Ter local de armazenamento para juntar os volumes de venda das cooperativas, e assim

ser efetivo trabalhar a comercialização em Rede de cooperativas:

Precisa ter um local a onde armazene todo aquele resíduo que seja PET, que seja papelão... o que que acontece hoje quando a gente trabalha em rede? Eu tenho a minha quantidade de fardo, ligo para Rede, a Rede liga para empresa e a empresa manda retirar o material lá

No documento Marilia Gabriela dos Santos (páginas 38-43)

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