2.6. Uso de energia nos edifícios públicos e de serviços
2.6.3. Casos de sucesso
Edifício Solar XXI
O edifício solar XXI foi inaugurado a Janeiro de 2006 e situa-se no Paço do Lumiar, em Lisboa. É um dos exemplos mais conhecidos em Portugal de um edifício que se aproxima do balanço energético nulo e faz parte do Departamento de energias renováveis do INETI (Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação) que, desde 2006 foi integrado no LNEG (Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia).
É um edifício com funções de serviços (salas e gabinetes de trabalho) e laboratórios, com uma área total de 1500 m2 e apresenta níveis de conforto assinaláveis, mesmo sem o uso do ar condicionado. As salas de ocupação permanente localizam-se na frente orientada a Sul, de forma a tirar partido da insolação directa e promover ganhos de calor no Inverno. As zonas localizadas a Norte do edifício são laboratórios e salas com ocupação menos permanente.
44 Em termos das soluções construtivas existem 10 cm de isolamento térmico na cobertura, e 6 cm de isolamento com poliestireno expandido pelo exterior. O pavimento térreo também apresenta 10 cm de isolamento térmico.
Entre as suas principais características, este edifício distingue-se por:
Redução das necessidades energéticas para aquecimento, arrefecimento e iluminação Integração na fachada e no parque de estacionamento de painéis fotovoltaicos Integração de colectores solares térmicos para aquecimento do edifício
Utilização de um sistema de arrefecimento através de tubos enterrados no solo
Vãos envidraçados constituídos por vidro duplo incolor protegidos por estores exteriores de lâminas reguláveis.
Figura 2.14 - Vista do edifício Solar XXI (INETI, 2007)
Até 2008, a média anual do consumo diário do Edifício Solar XXI foi de 70.8 kWh/dia, equivalente a 17,2 kWh/(m2.ano), e a produção fotovoltaica rondou entre 18 a 20 MWh por ano, suprimindo 73.6% (Joyce, 2008) a 76% (Aelenei, 2010) da energia consumida.
Natura Towers
As Natura Towers são dois edifícios de escritórios que apresentam um misto de tecnologia, inovação e sustentabilidade. Estão situadas no Alto da Faia, entre Telheiras, Lumiar e o Eixo Norte-Sul.
Num dos edifícios está a sede do grupo MSF, sendo que o outro está para arrendamento. Os edifícios foram promovidos e construídos pela própria empresa. De acordo com o comunicado da empresa, é o ―primeiro edifício de escritórios em Portugal a ter classificação de A+ no Certificado de desempenho energético e qualidade do ar interior‖.
O empreendimento Natura Towers representou um investimento para o grupo MSF de 30 M€, "25% superior ao custo de um edifício normal. Contudo, não foram apenas os equipamentos de sustentabilidade que tornaram mais caro o projecto, mas também as questões estéticas", segundo José Fortunato. Na sua génese estes edifícios apresentam:
45 Painéis fotovoltaicos que garantem a iluminação dos núcleos centrais e espaços exteriores Painéis solares térmicos nas coberturas
Sistema de ventilação de dupla fachada – melhor climatização dos escritórios Admissão de ar nocturno
Sistema de climatização – ar tratado externamente, que permite poupança na manutenção e melhoria do ar, sem filtros e poeiras
Recolha de águas pluviais nas coberturas e respectivo armazenamento nas caves Painéis vegetais verticais nos núcleos centrais
Trepadeiras dentro da dupla fachada
Figura 2.15 – Vista das Natura Towers (www.naturatowers.pt)
Segundo os dados fornecidos pela empresa, estes edifícios permitem uma poupança energética anual de:
Climatização: Aquecimento – 69% Arrefecimento – 41% Sistema fotovoltaico – Iluminação – 20%
Solar térmico – 100% em relação aos consumos de gás natural Óbidos Carbono Social
O programa ―Óbidos Carbono Social‖ foi lançado em Novembro de 2007 e é um exemplo de como um município pode criar um programa com diversas medidas que pretendem reduzir em cerca de 40% as emissões de carbono do concelho.
Este programa foi premiado em Fevereiro de 2010, com o Galardão de Ouro, na categoria de Autoridade Municipal, nos Galardões Rede Climática que pretendem distinguir os melhores projectos nacionais na área das energias e alterações climáticas promovido pela Associação Portuguesa de Engenharia do Ambiente (APEA). Nesta categoria a prata coube ao projecto ―Beja – Município Verde‖ e o bronze à CascaisEnergia com o ―Caça Watts‖.
A substituição de toda a iluminação dos edifícios do município permitiu uma poupança de 40% nos consumos de electricidade. A iluminação pública representa 40% dos consumos do
46 concelho e o controlo através de relógios astronómicos permitiu já poupanças de 33%. A distribuição de lâmpadas de baixo de consumo por utentes dos Centros de Convívio teve um custo de 8870 € e registou a substituição de 1300 lâmpadas em 271 utentes.
O município tem ainda a ambição de equipar 1500 fogos com unidades de microgeração e promover a democratização no acesso às energias renováveis (≤1000 €) e a criação de um clube de veículos eléctricos. O programa ―Óbidos Solar‖ conta com uma parceria com 9 empresas de energias renováveis da região e regista um total de 206 candidaturas por parte de cidadãos que querem ser microprodutores.
Tabela 2.14 – Medidas que fazem parte do programa Óbidos Carbono Social (CM-Óbidos, 2007)
1. Implementação de sistema de recolha eficiente de Resíduos Sólidos Urbanos 2. Substituição de toda a iluminação dos edifícios do Município
3. Substituição da iluminação pública
4. Distribuição de lâmpadas economizadoras aos utentes do Programa Melhor Idade 5. Sistema de Recolha de Óleos alimentares
6. Eco-construção 7. Eco-design
8. Construção de parques florestais 9. Carta de Compromisso Ambiental 10. Óbidos Solar
11. Mobilidade Zero 12. Carbobarómetro 13. Carta Energética
14. Dinamização da Economia Local
Uma das mais-valias deste programa está relacionada com o facto deste conjunto de medidas estar englobado num único programa que serve de factor agregador. O simples facto de haver a nomenclatura de ―Obidos Carbono Social‖ é bastante mais fácil de captar e memorizar pelos cidadãos e é um factor importante para o sucesso deste programa.