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Categoria de análise: Impressões do público-alvo sobre o PNAE no Município

5.1 A IMPLEMENTAÇÃO DO PNAE NO MUNICÍPIO RIO

5.1.5 Categoria de análise: Impressões do público-alvo sobre o PNAE no Município

A participação nesta pesquisa do público-alvo, ou seja, os alunos beneficiados pelo PNAE, consistiu em responder as perguntas de um questionário sobre o programa, conforme já mencionado na parte metodológica.

No município Rio, devido ao número reduzido de alunos e escolas, a amostra foi constituída por 07 estudantes que atenderam todos os requisitos definidos na seleção das amostras. Vale lembrar que a rede municipal de educação básica, possui apenas duas escolas: uma de educação infantil que atende 55 alunos (26 na creche e 29 na pré-escola) e outra de ensino fundamental com 29 alunos matriculados nas séries de 1º a 4º ano. Diante disso, é importante frisar que estava apta a participar do estudo apenas a turma do 4º ano do ensino fundamental, conforme os pré-requisitos estabelecidos na pesquisa.

Com relação ao perfil da amostra, 71,4% correspondem ao sexo feminino e 28,6% ao masculino (Figura 03). A faixa etária é de 09 a 10 anos, com uma média de 9,3 anos. Sobre a alimentação oferecida na escola, 100% dos estudantes responderam que consomem os alimentos, sendo que 85,7% comem diariamente a alimentação escolar e 14,3% consomem de 1-2 vezes na semana.

Figura 03 – Perfil da amostra em relação ao sexo dos participantes da pesquisa no Município Rio.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

O grau de satisfação dos estudantes em relação à alimentação escolar é elevado, 57,1% responderam que estão satisfeitos e 42,9% que estão muito satisfeitos, conforme figura abaixo. Isso se evidencia também nas respostas abertas, quando questionados sobre o que menos gostavam na alimentação escolar, 85,7% colocaram como resposta “Eu gosto de tudo”.

Figura 04 – Grau de satisfação dos estudantes em relação à alimentação escolar da escola investigada no Município Rio.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Ainda sobre os alimentos e/ou preparações preferidas dos estudantes que compõem o cardápio da alimentação escolar, o risoto foi o mais citado, seguido de cachorro-quente e outros alimentos como frutas, pizza, bolo, pastel assado, massa e molho, polenta, verduras e arroz. Já em relação ao que os alunos gostariam que tivesse no cardápio e fosse oferecido na alimentação da escola, o pão de queijo e a panqueca foram as preparações mais citadas, seguidas de lasanha, morango, salada de frutas e sopa. É interessante destacar que a salada de frutas e a sopa já fazem parte do cardápio da escola, mas mesmo assim foram mencionados nessa questão. Talvez esse fato esteja relacionado à frequência com que essas preparações aparecem no cardápio, pois a sopa geralmente é oferecida apenas no período de inverno e a salada de frutas está presente somente no cardápio de verão.

Outro aspecto que chama a atenção nessa questão é que nenhum alimento considerado pouco nutritivo como refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas, entre outros, foi citado como resposta. Provavelmente, esse fato seja reflexo das ações de educação alimentar e nutricional promovidas na escola, pois quando questionados sobre o assunto 100% dos alunos responderam que conversam na escola sobre alimentação e entre os temas citados estão: “alimentação saudável”, “coisas/alimentos que se deve comer” e os “alimentos que são bons”. Isso evidencia a importância das ações de educação alimentar e nutricional no ambiente escolar, para a formação da consciência alimentar e de hábitos alimentares saudáveis nos estudantes.

alimentação servida na escola é a mesma que consta no cardápio. Durante a aplicação dos questionários, observou-se que na sala de aula havia um mural onde estavam expostos os cardápios da escola, ou seja, os estudantes podiam consultar a qualquer momento o que ia ser servido no lanche do dia, da semana ou do mês. É possível que haja alterações nos cardápios, mas em momentos excepcionais, como atividades ou passeios fora da escola, onde os lanches precisam ser rápidos e práticos. Nesses casos são realizadas as trocas de preparações de um dia para o outro, sempre procurando manter a combinação do cardápio original. No geral, a alimentação da escola segue o cardápio elaborado pela nutricionista, além disso, todas as alterações constam no demonstrativo mensal da alimentação escolar e são repassadas à nutricionista.

Como já mencionado, na rede pública municipal de educação básica não é permitido aos alunos levarem alimentos para a escola e não há cantina ou “barzinho” nas escolas. Quando indagados sobre o assunto, 100% dos estudantes responderam que não levam lanche para a escola, ou seja, a única alimentação oferecida na escola é a que provém do PNAE. Esse fato confirma as declarações fornecidas pelos agentes entrevistados, que afirmam que essas ações foram adotadas com o intuito de garantir a segurança sanitária e a qualidade nutricional dos alimentos consumidos dentro da escola, além de assegurar que todos os estudantes tenham acesso à mesma alimentação, sem distinções ou constrangimentos.

Uma das questões do questionário tinha como intuito identificar o grau de importância da alimentação escolar para os alunos, ou seja, se a possibilidade de realizar, pelo menos, uma refeição na escola faria alguma diferença no contexto e cotidiano dessas crianças. Sobre isso, 42,9% dos estudantes responderam que a alimentação escolar é importante e 57,1% que é muito importante. Esses dados evidenciam a relevância do PNAE no ambiente escolar, pois para muitas crianças e adolescentes, talvez, essa seja a principal garantia de acesso à alimentação. Pelas nossas percepções, durante as visitas à Escola Rosa, e também pelo contexto social em que essas crianças estão inseridas, acreditamos que essa não seja a realidade dos alunos que frequentam essa escola, mas pode ser a de outros que estão em situação de vulnerabilidade social.

Para além dessas questões, a alimentação escolar também é importante para aqueles alunos que não têm o hábito de se alimentar antes de sair de casa, principalmente no período da manhã, pois alguns não realizam o desjejum. Se considerarmos que muitos utilizam o transporte escolar e que ficam de 5 a 6 horas fora de casa, a alimentação fornecida na escola no meio da manhã ou da tarde é extremamente importante para suprir as necessidades

nutricionais dessas crianças. Aliado a isso, alguns estudos como o de Salim e Bonfim (2017) e Silva (2013) comprovam que o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem também estão relacionados com uma alimentação saudável.

Com relação à atuação da nutricionista no PNAE, 100% das crianças responderam que sabiam que o município conta com esse profissional para cuidar da alimentação escolar. Já em relação ao trabalho desenvolvido pelo CAE, 57,1% dos estudantes responderam que sabiam da existência do conselho e 42,9% afirmaram não ter conhecimento sobre o CAE. Possivelmente o trabalho da nutricionista tem maior visibilidade pelos estudantes, pois ela realiza visitas frequentes nas escolas e desenvolve outras atividades com os estudantes como a avaliação antropométrica, testes de aceitabilidade e ações de educação alimentar e nutricional. Já a atuação do CAE é mais restrita nas escolas, geralmente os conselheiros realizam visitas uma vez ao ano e não atuam diretamente com os alunos.

Entretanto, seria interessante que o trabalho do CAE fosse divulgado para toda a comunidade escolar, pois poucas pessoas sabem da importância e função do conselho como órgão de fiscalização e controle na execução do PNAE.

Na última parte do questionário, os estudantes deveriam avaliar o seu grau de satisfação em relação a diversos aspectos que envolviam o Programa Nacional de Alimentação Escolar no município Rio, conforme demonstrado na figura abaixo.

Figura 05 – Grau de satisfação dos alunos em relação a alguns aspectos do PNAE no Município Rio.

De acordo com os dados apresentados na figura 05, observa-se que os itens que obtiveram o grau de satisfação mais elevado foram: “variedade da alimentação escolar”; “horário e tempo para realizar a refeição” e “equipe da alimentação escolar”, todos com pontuação média de 3,86. Em seguida, aparecem as dimensões: “estrutura do refeitório e da cozinha”; “tamanho da porção e/ou quantidade de comida” e “qualidade da alimentação escolar” com 3,71 pontos cada. Ambas as variáveis “possibilidade de repetir a comida” e “sabor, aparência e cheiro da alimentação escolar” apresentaram índice de 3,43. Os itens “limpeza dos utensílios e ambiente (refeitório e cozinha)” e “cardápio da escola” apresentaram pontuações aproximadas, 3,29 e 3,28, respectivamente. Por fim, a variável que apresentou o menor índice de satisfação foi “informações sobre alimentação escolar” com 2,29 pontos.

Considerando-se que quanto maior a proximidade do valor 4, maior o grau de satisfação dos alunos, percebe-se que a maioria das variáveis apresentaram um índice elevado de satisfação, ou seja, no geral, os estudantes estão satisfeitos com a política de alimentação escolar implementada no município Rio. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Bittencourt (2007) em sua pesquisa de mestrado, a qual avaliou a efetividade do PNAE no município de Guaíba. Em seu estudo, Bittencourt (2007) demonstra que os alunos também expressaram um bom nível satisfação em relação ao programa de alimentação escolar desenvolvido naquele município.