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3.2 D EFINIÇÃO CONSTITUTIVA E OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS ( CATEGORIAS DE ANÁLISE )

3.2.2 Categoria de análise: capital e desempenho econômico-financeiro

O capital representa a solidez financeira da empresa e os índices geralmente utilizados para a sua análise consistem em índices de lucratividade e índices que mostram a relação entre o passivo circulante e o exigível a longo prazo e o patrimônio líquido. (GITMAN, 2002).

Com base na análise das demonstrações financeiras, é possível a análise de dois aspectos principais: situação financeira e situação econômica da empresa. A análise da situação financeira, de acordo com Matarazzo (2008), compreende a análise da estrutura de capitais e a análise dos índices de liquidez enquanto que a análise da situação econômica engloba a análise dos índices de rentabilidade.

As definições constitutivas de cada grupo dos índices econômico-financeiros são expostas a seguir:

a) índices de liquidez: “Visam fornecer um indicador da capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades” (SILVA, 2008a);

b) índices de endividamento: Representam a estrutura de capitais de uma empresa, refletindo a composição das fontes de financiamento. Os indicadores refletem as decisões estratégicas de financiamento de uma empresa. (SILVA, 2008a);

c) índices de rentabilidade: “mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa”. (MATARAZZO, 2008).

Na dimensão capital, analisa-se também um item relacionado à análise da gestão de caixa (análise do giro), comparando-se o prazo médio de pagamento com o prazo médio de recebimento, com o objetivo de avaliar a qualidade da gestão do caixa da empresa.

Os Quadros 3.1 e 3.2 mostram, respectivamente, as definições constitutivas e operacionais dos indicadores da dimensão capital utilizados na presente pesquisa, classificados nos grupos descritos - liquidez, endividamento, rentabilidade e giro.

Índices / Grupos Definição constitutiva Grupo: Liquidez (Silva, 2008a)

Liquidez Geral Indica quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e longo prazo, para fazer face às suas dívidas totais.

Grupo: Endividamento (Matarazzo, 2008)

Endividamento Geral Expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os fundos totais

Grupo: Rentabilidade (Matarazzo, 2008)

Margem Líquida Mostra a relação entre o Lucro Líquido e as Vendas Líquidas

Grupo: Prazos Médios (Matarazzo, 2008)

Prazo Médio de Recebimento Refere-se ao prazo médio que a empresa aguarda para receber o dinheiro das vendas efetuadas

Prazo Médio de Pagamento Refere-se ao prazo médio que a empresa paga os seus fornecedores

Quadro 3.1 - Definição constitutiva das variáveis

Fonte: elaborado pela autora com base na abordagem de Matarazzo (2008) e Silva (2008a).

Os índices apresentados fundamentaram-se na literatura da área, sendo que a situação financeira de uma empresa pode ser avaliada a partir da mensuração desses índices. Na seqüência, no Quadro 3.2, apresenta-se a definição operacional desses itens, nas dimensões apresentadas.

Índices / Grupos Definição operacional

Grupo: Liquidez

Liquidez Geral É o quociente entre a soma do Ativo Circulante com o Ativo Realizável a longo prazo e a soma do Passivo Circulante com o Passivo Exigível a longo prazo

Grupo: Endividamento

Endividamento Geral É o quociente entre a soma do Passivo Circulante com o Passivo Exigível a longo prazo e o Ativo Total

Grupo: Rentabilidade

Margem Líquida É o quociente entre o Lucro Líquido e a Receita Operacional Bruta – ROB

Grupo: Prazos Médios

Prazo Médio de Recebimento Número de dias, em média, para o recebimento das vendas Prazo Médio de Pagamento Número de dias, em média, para o pagamento aos

fornecedores Quadro 3.2 - Definição operacional das variáveis

Fonte: elaborado pela autora com base na abordagem de Matarazzo (2008) e Silva (2008a).

Tem-se, no Quadro 3.2, a definição operacional dos itens para o fator capital, conforme o conceito adotado na presente pesquisa. Para formular a escala de avaliação de cada item, utilizaram-se as abordagens e conceitos de análise de índices financeiros, destacando-se a análise horizontal e a projeção de índices financeiros.

O procedimento adotado para a elaboração da escala vai ao encontro das abordagens de especialistas da área, que destacam a importância da análise do índice padrão para a análise financeira. Segundo Silva (2008a, p. 312), “um índice padrão é um referencial de comparação”, que pode ser interno (meta a ser alcançada) ou externo (comparação com outras empresas). Assim, podem ser utilizados diversos tipos de comparação ou padrões. Na presente pesquisa, utiliza-se o padrão interno, comparando-se com um valor considerado aceitável e analisando-se a evolução da empresa naquele índice.

Dessa forma, a escala de avaliação para os itens de liquidez e endividamento foi elaborada com base na seguinte questão:

A empresa apresenta, para determinado índice financeiro, valor superior ao limite mínimo considerado aceitável?

Como no primeiro teste utilizaram-se dados dicotômicos, para a resposta sim das questões mencionadas, foi atribuído o código 1 (um) e para a categoria não, atribuiu-se o código 0 (zero).

A forma de avaliação dos itens referentes ao fator capital fundamentou-se nos aspectos descritos a seguir:

a) índice de liquidez geral: alguns autores sugerem que o índice deve ser superior a 1,0 ou 1,5, conforme salienta Silva (2008). De acordo com a Resolução 1851 do BRDE, conforme ressalta Túlio (2006), o índice não deve ser inferior a unidade. Dessa forma, os valores sugeridos servem como limite mínimo. Uma pesquisa citada por Caouette et al (2009), sobre as estatísticas do índice ZETA®, referente ao período de 1993 a 2005, destaca a média do índice de liquidez para o grupo quebrado e para o grupo não-quebrado. No primeiro grupo, a média é 1,73 e, no segundo grupo, a média é 2,21. Como se utiliza, em um primeiro momento, o modelo dicotômico, optou-se pelo corte no valor de 2,0, com o intuito de avaliar as empresas que se encontram em uma situação financeira favorável.

b) endividamento geral: o grau de endividamento não poderá ser superior a 60%, conforme ressalta Túlio (2006), com base na Resolução 1851 do BRDE. A pesquisa citada por Caouette et al (2009), que se refere ao período de 1993 a 2005, destaca a média do índice de capitalização (inverso ao endividamento geral) para o grupo quebrado e para o grupo não- quebrado de 0,10 e 0,41. Realizando-se uma comparação com o índice de endividamento, percebe-se que para o grupo não-quebrado o valor máximo de endividamento seria de 59%. No período compreendido entre 1981 e 1993, o índice de capitalização para o grupo não- quebrado é de 58%. Considerando-se os valores mencionados como limite máximo admitido,

tendo em vista que se utilizou o modelo dicotômico, adotou-se o corte no valor de 40%. Nesse caso, as microempresas e empresas de pequeno porte deveriam ter uma participação maior do capital próprio.

c) índice de lucratividade: ressalta-se que para a avaliação deste índice, avalia-se se haverá crescimento na lucratividade geral para o primeiro ano projetado em relação ao último ano, considerando, também, o impacto da concessão do financiamento.

d) prazos médios de pagamento e recebimento: como os prazos médios variam nos setores de atividade, analisa-se a qualidade do ciclo de caixa da empresa, comparando-se se o prazo médio de pagamento é maior que o prazo médio de recebimento.

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