• Nenhum resultado encontrado

2.3 Determinantes do Endividamento a Curto Prazo (ECP) e Hipóteses da

2.3.2 Categorias dos Determinantes do Endividamento a Curto Prazo

2.3.2.1 Categoria – Determinantes da TCA

De acordo Segunda (2014), uma das principais previsões da literatura sobre a maturidade da dívida é que o custo de agência é o factor mais influente na escolha do tipo de endividamento, preconizando que quanto maior os custos de agência, menor a maturidade da dívida.

Conforme Rebelo (2003) a investigação empírica sobre as hipóteses sugeridas pela TCA demonstram irrelevante anuência à realidade, evidenciando, geralmente, relações inversas às propostas.

Conforme Myers (1977) e Barnea et al. (1980), o problema de agência pode ser mitigado por meio da emissão de DCP. Com base nesta afirmação, selecionamos, dentre aqueles enunciados pela TCA, dois determinantes, nomeadamente: crescimento e dimensão, que serão explanados a seguir.

2.3.2.1.1 Crescimento

O crescimento da empresa por meio do volume de vendas é um dos principais fatores da demanda por financiamento de curto prazo, visto que as fontes internas podem não ser suficientes para atender às novas exigências de ativos correntes (Kwenda e Holden, 2014). Os autores acrescentam que o nível de ativos correntes aumenta com o crescimento do volume de vendas a fim de aumentar a produção, logo, empresas com alto níveis de

Determinantes do Endividamento a Curto Prazo das PME: Evidência empírica das PME portuguesas no período de 2010 a 2016

21

crescimento de vendas tendem a usar mais endividamento. Para Scherr e Hulburt (2001), empresas que apresentaram um significativo padrão de crescimento no passado tendem a continuar crescendo.

Não é unânime a opinão dos autores sobre a relação existente entre o ECP e o crescimento. Por exemplo, Myers (1977) pondera a possibilidade de existir uma relação negativa entre o crescimento e o ECP, desde que a empresa possua elevados níveis de cash-flow. Já de acordo com Rebelo (2003), o crescimento positivo das vendas proporciona um aumento no nível de ECP. Em contraste, o estudo de Kwenda e Holden (2014) não encontrou qualquer evidência de que o crescimento negativo das vendas exerça influência sobre o ECP, exercendo, provavelmente, somente alguma influência significativa sobre o rating (de crédito) de uma empresa.

Logo, pode-se esperar que o crescimento apresente uma influência positiva com o ECP das PME portuguesas. Pelo exposto, identificamos a primeira hipótese empírica:

2.3.2.1.2 Dimensão

A menor dimensão das empresas potenciam os problemas de agência entre gestores e credores (Correia, 2012). Além disso, as PME apresentam maiores assimetrias de informação, maior oportunidade de crescimento e maiores dificuldades de acesso à DLP (Antoniou et al., 2006).

Nakamura et al. (2011) indicam que a dimensão da empresa e seu nível de risco podem ser considerados como fatores de retenção do problema de agência. Assim, empresas de menor dimensão enfrentam mais problemas de agência entre acionistas e credores que as de maior dimensão, o que contribui para maiores custos relacionados com a dívida, como por exemplo, maiores juros entre acionistas e obrigacionistas (Smith e Warner, 1979). Todavia, tais incentivos caros podem ser reduzidos, até certo ponto, pelo uso do ECP (Barnea et al., 1980).

Titman e Wessels (1988) apud Ferreira (2015:39) sugerem que a dimensão da empresa influencia diretamente e positivamente o endividamento de duas maneiras: a) “grandes empresas usam uma estratégia de diversificação das áreas de negócio, o que

Hipótese 1 (H1): “o crescimento está positivamente relacionado com o

22

permite obterem fluxos financeiros com menor volatilidade”, alem de contribuir para a diminuição do risco de falência; b) “os custos fixos de falência representam uma pequena proporção do valor global das grandes empresas”, o que contribui para diminuir o custo total do endividamento.

Scott (1976) defende que a maturidade do endividamento esta diretamente relacionado à dimensão da empresa, no qual empresas de maior dimensão apresentam valores de activos mais elevados que poderão ser utilizados como garantia de crédito. Já Warner e Gruber (1977) defendem que em empresas de menor dimensão, os custos de falência tendem a ser mais expressivos que em empresas de maior dimensão.

Para Smith e Warner (1979), os conflitos de interesse entre os credores e os acionistas, em função da assunção de riscos e diluição de direitos, são potencialmente superiores em empresas de menor dimensão, sendo que uma forma de reduzir tais conflitos é por meio de ECP (Nakamura et al., 2011).

Titman e Wessels (1988) fornecem evidências de que as PME tendem a usar mais ECP que as empresas de maior dimensão. Segundo Diamond (1991) o maior nível de ECP das PME também é motivado pelas elevadas taxas de falência observadas em empresas de menor dimensão. Para Correia (2012), as características específicas das empresas de menor dimensão também favorecem a emissão do ECP. Segundo Barcley e Smith (1995), empresas de menor dimensão e com mais oportunidades de crescimento apresentam pouco ECP.

Apesar de a teoria predizer uma relação positiva entre a maturidade da dívida e a dimensão da empresa (Correia, 2012), os resultados dos testes empíricos dos estudos pesquisados não são consistentes quanto à relação do ECP com a dimensão das empresas. Por um lado, alguns estudos empíricos, como de Barcley e Smith, (1995), Stohs e Mauer (1996), Ozkan (2000), Rochman e Laureano (2009) e Fan et al. (2012) confirmam a existência de uma relação positiva entre a dimensão e a maturidade da dívida; Antoniou et al. (2006) também corroboram com esse resultado para o Reino Unido, mas, não encontram significância estatística no caso da Alemanha e da França. Por outro lado, os trabalhos de Guedes e Opler (1996), Scherr e Hulburt (2001), García-Tueruel e Martinez- Solano (2003), García-Teruel e Martínez-Solano (2010), demonstram uma relação negativa entre maturidade da dívida e dimensão da empresa.

Assim, conforme o exposto acima, podemos entender que quanto menor a dimensão da empresa, menor a maturidade de suas dívidas, o que implica que empresas de

Determinantes do Endividamento a Curto Prazo das PME: Evidência empírica das PME portuguesas no período de 2010 a 2016

23

menor dimensão e que apresentam problemas de agência tendem a usar mais o ECP. Neste contexto, surge a segunda hipótese empírica: