• Nenhum resultado encontrado

Categoria Inicial – Importante para a implementação

CAPÍTULO 4: RESULTADOS

4.2 CONTEXTO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO

4.2.3 Categoria Intermediária – Percepção de sua própria atuação discricionária

4.2.3.1 Categoria Inicial – Importante para a implementação

Essa categoria expressa às percepções de si em relação à discricionariedade, ou seja, o que cada entrevistado pensa sobre a sua autonomia em poder fazer escolhas e decidir pelo que considera mais adequado em relação ao PROEJA. Os professores não exitaram em dizer se perceberam ou não a sua atuação como importante para a implementação do PROEJA. Sobre essa temática houve, no total, nove referências de oito entrevistados. O gráfico abaixo expressa a distribuição dessas referências pelos professores entrevistados.

Gráfico 05 – Categoria Importante para a implementação

Fonte: elaboração da autora

Das oito entrevistas analisadas, sete delas contém trechos onde os professores responderam afirmativamente à questão: Você percebe a sua atuação no programa como importante para a qualidade da implementação? Seguem algumas das respostas.

Para a implementação do PROEJA, sim. Quando eu tomei ciência do que era o meu lado gestor foi assim decisivo. O fato de eu estar lá como gestor, sendo que eu tinha um passado, um conhecimento prático, isso foi decisivo para a implementação. (HCB 01/2016).

Primeiro, só para você ter uma ideia, quando nós trabalhamos no PDI, fizemos várias audiências e os Campi queriam extinguir o PROEJA, não querem ofertar. Eu tive que fazer o quê? Eu peitei o pessoal do meu

Campus, baixei uma portaria que todos os departamentos têm que criar

pelo menos um curso PROEJA. (NIS 01/2016).

Com certeza, se eu não repassei ou contribui, porque ninguém repassa, mas contribui para que as pessoas tenham conhecimento, é porque não pude. (RC 12/2015).

Sim, a minha atuação como professor é fundamental, é muito importante, principalmente nisso que eu falei para você. Quando o professor começa a fazer a leitura de qual clientela ele atende, como que ele pode traçar os objetivos para ministrar essa disciplina com os alunos do PROEJA. O que deve ser feito é não criar estereótipos que aquilo lá é difícil, é complicado, de que esses alunos não aprendem. A gente tem que procurar quebrar isso. (IAS 12/2015).

Bom, eu acredito que sim, dentro da minha disciplina, como eu falei para você, a turma não é homogênea e eu me esforcei para fazer com que eles

permanecessem. Às vezes eu comprava material do meu bolso para ofertar aos alunos e ajudar na aprendizagem, porque a dificuldade era grande, principalmente financeira. Eu acho assim, para a implementação do PROEJA, não depende só de mim, para essa implementação depende do conjunto governo, instituição, professor. Mas a atuação do Professor, claro que é fundamental. (BIDM 12/2015).

No primeiro trecho, o entrevistado deixa claro que considera sua atuação como gestor muito importante para implementação, uma vez que a decisão pela escolha dos cursos que seriam ofertados no PROEJA, foi decisão sua e a partir daquilo que ele considerava importante, ou seja, escolhas feitas sem nenhum estudo ou critério técnico. Ele entendeu que por sua experiência prática na área de engenharia, os cursos que deveriam ser ofertados seriam Edificações, Eletrotécnica e Refrigeração.

No segundo trecho, o entrevistado também reconhece sua atuação fundamental para a continuidade do programa. Ele relata que teve de enfrentar os docentes de seu Campus, baixando uma portaria para garantir a continuidade do PROEJA.

Já o último trecho chama bastante atenção, pois o professor, reconhecendo a dificuldade financeira de seus alunos e comprometido com a execução do programa escolheu comprar material com recursos próprios. Ele poderia não fazer isso, pois não era sua obrigação, mas tomou esta decisão, porque julgou ser a melhor naquele momento e isso contribuiu para o bom atendimento daquela clientela naquela disciplina.

Em todos os exemplos acima os entrevistados tiveram que tomar decisões, pois o texto da lei que criou o programa deixou lacunas para serem resolvidas na base. Todos, de uma forma ou de outra, agiram com discricionariedade.

Segundo Lotta (2010), os pesquisadores de políticas públicas têm abordado

essas decisões tomadas pelos implementadores como exercício da discricionariedade, considerando que esses agentes têm grande impacto sobre as políticas públicas implementadas devido à autonomia que possuem no momento da implementação. Um dos entrevistados relata a importância de sua ação, demonstrando uma consciência de que errou, mas que suas decisões e ações foram importantes no início do programa para conseguir trazer e manter os alunos em sala de aula.

Considero importante sim. Digo assim, errei muito, muita coisa poderíamos acertar, mas acho que acertei bastante. Eu vou resumir, se não houvesse um corpo a corpo, se não houvesse um pensamento social desse projeto, não iria pra frente, não iria. Dizer que o governo lançou isso, que era bonito que era perfeito, tal, mas se não tivesse esse corpo a corpo, essa ideia de conversar, essa ideia de buscar os alunos, conversar no dia a dia, associar junto com o pessoal da escola. A gente trazia a turma de alunos mais novos a noite para socializar com eles, porque no intervalo ficava PROEJA pra cá, integrado pra lá. Nós fomos à sala de eventos e perguntamos se eles não tinham um evento para apresentar para a turma do PROEJA. Aí a gente conseguia a sala de projeções e eles faziam. (EMF 12/2015).

Além da importância dada a sua atuação discricionária, houve entrevistado com visão otimista sobre essa atuação, acreditando que sim, o professor pode fazer toda a diferença no programa, pois

Sim, o professor tem nas mãos a possibilidade de fazer a diferença. Quando está em sala de aula, é ele quem comanda, é ele quem decide a melhor estratégia, o caminho mais fácil para o aluno avançar. Ele tem que saber a linha que está atuando, o que ele tem nas mãos para poder ensinar, a forma adequada de trabalhar, e principalmente metodologias diferenciadas. (AFS 12/2015).

Como mencionado anteriormente, o professor tem autonomia em sua profissão, e por isso, em sala de aula ele pode utilizar das estratégias que julgar mais adequadas. Relatos como esses ficam mais evidentes na análise da próxima categoria.