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CAPÍTULO 4 SIGNIFICADOS DA FORMAÇÃO PEDAGÓGIGA

4.2 Significados da Formação Pedagógica para a Docência

4.2.2 Categoria 2: Motivos da Busca pela Formação Pedagógica

O objetivo da categoria de análise dos motivos que levaram esses professores a buscarem por essa Formação Pedagógica mostra seus resultados: o curso não tem caráter de uma formação específica de uma área do conhecimento científico, isso eles já tinham como bacharéis ou tecnólogos, mas é o meio de qualificação para o reconhecimento da importância da atuação do professor que cumpre a legislação. Essa exige da função docente conhecimentos pedagógicos que estabelecem conexão

entre o que se faz e o que se aprende, a partir da Formação Pedagógica do Parfor da UTFPR.

Os motivos que advêm dos cursistas para a realização do curso são apontados por suas necessidades enquanto profissionais da educação básica sem formação adequada. A falta da formação pedagógica o define como professor leigo para atuar no magistério da educação básica. O professor, ao escolher realizar o curso, admite que sua graduação não lhe deu a oportunidade de desenvolver a formação pedagógica, como ocorre em cursos de licenciaturas.

Pelo curso do Parfor, ele tem o entendimento do processo de ensino- aprendizagem para a docência. O interesse dos 13 professores sujeitos da pesquisa em realizar a formação inicial é para deixar de ser leigo, passando a ser qualificado para sua atuação, motivo esse constatado na Tabela 2.

Tabela 2 - Motivos para realizar o curso de Formação Pedagógica do Parfor da UTFPR Assuntos levantados

Dos 13 professores

n. %

Exigência do gestor(a) da escola que você atua para atender o Projeto

Político Pedagógico 1 7,7

Aproveitamento da oportunidade de realizar um curso emergencial, de

Formação Pedagógica, fomentado pela Capes/Educação Básica 8 61,5 Ampliação de conhecimentos

10 76,9

Correção de deficiências de formação anterior

4 30,8

Aprimoramento da carreira docente 10 76,9

Adequação da formação à(s) sua(s) disciplina(s)/área de atuação 5 38,5 Correção de desvio de cargo/função

- -

Melhoria do desempenho do Projeto Político Pedagógico da escola onde

atua 2 15,4

Desejo de mudança de cargo na escola ou no Sistema de Ensino

1 7,7

Melhoria da competitividade no mercado de trabalho 7 53,8

Obtenção de trabalho qualitativamente melhor 5 38,5

Aproveitamento do apoio financeiro para deslocamento e alimentação

- -

Outros motivos da realização do curso

1 7,7

Na Tabela 2, os cursistas tinham que assinalar cinco motivos, em ordem de prioridade, que os levaram a se inscrever na formação do Parfor. Os resultados são demonstrados pela quantidade de participantes que marcaram cada item e a porcentagem correspondente. Os itens abordam assuntos de exigência do gestor, melhoria do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, preocupação em melhoria de trabalho, carreira docente e formação adequada para a atuação em sala de aula.

Por um lado, os itens mais ressaltados são considerados prioritários: ampliação de conhecimentos e aprimoramento da carreira. Os dados mostram 76,9%, sendo os 10 participantes dos 13 cursistas. Por outro lado, revela-se que o apoio ou bolsa de estudos para deslocamento e alimentação e a correção de desvio de cargo ou de função não foram marcados pelos participantes como motivos relevantes para procurar o curso de Formação Pedagógica.

Aproveitar as oportunidades revela que a escolha do curso no momento oportuno para o aprimoramento profissional. Eles ficaram sabendo do curso por meio das escolas de educação básica, ingressando na Formação Pedagógica em 2011, totalizando 61,5% dos 13 participantes que marcaram esse item como sendo um dos motivos que o levaram a buscar à formação.

Sete cursistas, 53,8%, apontaram o motivo da melhoria da competitividade no mercado de trabalho para a realização do curso. Os professores reconheceram que seu aprimoramento na carreira docente depende de sua disposição para realizar uma formação em serviço, para ter a formação compatível com as disciplinas ou áreas de conhecimento em que atuam na educação básica.

Os assuntos levantados sobre a adequação da formação à disciplina da área de atuação do professor cursista na educação básica e o interesse de desempenhar um trabalho qualitativamente melhor em sala de aula foram apontados por cinco respondentes, respectivamente 38,5% do total. Com isso, eles enfatizaram a formação que gera valorização profissional, tendo em vista que adquirem novos conhecimentos que se articulam aos saberes da prática e eles poderão desenvolver seu trabalho docente com mais competência pedagógica e científica em sua carreira docente.

Entretanto, a desvalorização é percebida nos dados fornecidos pelos cursistas. Pimenta (1999) considera que deve haver a superação da fragmentação dos saberes

da docência. Os motivos para a realização do curso são informações que apresentam 30,8% e 38,5% referentes à deficiência na formação e à importância de adequar-se à formação em que atuam em sala de aula.

Constata-se que o professor teve interesse em aprimorar seus conhecimentos complementando sua formação científica e pedagógica que devem considerar também “[...] a prática social como ponto de partida e como ponto de chegada [que] possibilitará uma ressignificação dos saberes na formação de professores” (PIMENTA, 999, p. 25). Fato é que os professores cursistas reconheceram as lacunas na sua formação e optaram por cursar a Formação Pedagógica em serviço, mediante uma política emergencial de capacitação.

A relevância da realização do curso foi destacada por oito sujeitos, o equivalente a 61,5% dos 13 pesquisados. O motivo do ingresso na Formação Pedagógica se deu pela oportunidade de terem sido informados da formação, por meio da escola da rede pública da educação básica. A participação dos interessados na política pública de qualificação profissional gerou melhoria para a educação, a partir dos interesses conjugados entre o Plano, a escola e os professores.

Souza (2014) destaca que para que uma política pública atinja seu objetivo é necessário que os grupos de interesse se envolvam. Eles têm o direito de se matricularem nos cursos, inscrevendo-se voluntariamente. Com as iniciativas do governo no seu interesse em gerar políticas educacionais para a formação de professores, entes federados, instituições formadoras e escolas de educação básica se unem para a efetivação formativa:

Assim, são objeto de interesse e de análise da política educacional as iniciativas do Poder Público, em suas diferentes instâncias (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e espaços (órgãos centrais e intermediários do sistema e unidades escolares). Sua esfera de abrangência é ampla [...] chegando à sala de aula (VIEIRA, 2009, p. 24).

Nessa relação de interesses para melhoria da educação, o grupo de discussão e as respostas ao questionário, conforme Tabela 2, abordaram o grupo de interesse das escolas que pressionou um professor, 7,7%, para realizar o curso para atender o PPP. Os demais demostraram interesse voluntário em ingressar na Formação Pedagógica. Eles ficaram motivados nessa realização para se adequarem ao que prescreve a legislação e melhorarem sua prática de ensino.

A Coordenadora do curso relatou no grupo de discussão que “os que permaneceram no curso relataram que houve progressão na carreira, inclusive para a gestão, em virtude desses conhecimentos adquiridos ao longo do curso”. Pensando nisso, um participante manifestou o seu desejo pela formação, objetivando a mudança de cargo na escola.

O motivo da busca pela correção de desvio de cargo ou de função não foi indicado por nenhum participante. A obtenção de qualidade no trabalho, por meio da formação, foi destacada por 38,5% dos participantes. Essa qualidade pressupõe a melhora dos salários. A Lei n. 11.494/2007 estabelece que o piso salarial do professor é atualmente de R$ 2.298,00.

Na Categoria 1 ficou registrado que, dos 13 professores, apenas sete recebem o Piso. Cinco deles ganham abaixo, sendo que um professor não respondeu a essa pergunta. Sobre essas comparações, Araújo (2016) aborda que a Meta 17 do PNE de 2014 ainda não foi atingida. A defasagem do salário do professor em relação ao demais profissionais está em torno de 54%. Desse modo, essa meta estabelece que até o final de 2020, os professores devem ter um salário equiparado aos demais profissionais liberais com escolaridade equivalente.

A desvalorização do professor é consequência de políticas públicas que não se preocuparam em resguardar os direitos desse profissional, como dispõe a EC 95 de 2016 que não aborda a Meta 17 do PNE para a valorização do professor em relação ao seu salário e a sua carreira. A defasagem afeta a vida desses profissionais, gerando dificuldades para a realização do curso de Formação Pedagógica, como aquelas relatadas na Categoria 3.