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OUTRAS PROTEÍNAS SECRETADAS NÃO

4.3.4. Categoria V: possíveis proteínas virais

Recuperamos 7 CDS extraídas de 286 reads apresentando similaridade com proteínas virais. Recentemente, nosso grupo analisou o sialotranscriptoma anterior do R. microplus (Tecnologia SANGER, estratégia SMART) e evidenciou a presença de sequências que apresentavam homologia com proteínas não estruturais de vírus pertecente

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Gustavo Rocha Garcia à família Flaviviridae (210). Sabendo disso, diferentes grupos de carrapatos foram coletados de bovinos de várias regiões do Brasil e, posteriormente, foram analisados e confirmou-se à presença de sequências específicas homóloga à proteínas não estruturais de vírus Flaviviridae. Em adição, uma análise refinada dos transcritos derivados de culturas de células tratadas com extratos de carrapatos, sugere a identificação de um novo membro Flaviviridae (210) que o carrapato R. microplus alberga. Porém, necessita de mais estudos para saber se o R. microplus é o vetor desse novo vírus identificado.

Portanto, a identificação e anotação de novos transcritos virais é importante para identificação de novos vírus. Nesse sentido, é importante notar que três contigs presentes no sialotranscriptoma anterior do R. microplus (caracterizado por contig_2343, contig_390 e contigs_2934) (50) apresentam homologias com CDS nomeados como Rm-tb2-1978, RM-nr-103652 e Rm-NR-10.521 identificadas no presente sialotranscriptoma de R. microplus. Assim, seria importante avaliar se as sequências codificantes identificadas aqui poderia apontar para informaçôes relevante sobre novos patógenos trasmitidos pelo carrapato R. microplus.

Considerações gerais sobre o sialotranscriptoma

Em resumo, os transcritos presentes neste novo sialotranscriptoma de R. microplus aparecem diferencialmente expressos de acordo com a origem de refeição sanguínea, se hospedeiros resistentes ou suscetíveis, corroborando com outros estudos (211).

Aqui, das 121 famílias anotadas, 93 são diferencialmente expressas, destas 59 famílias são significativamente mais expressas em bibliotecas de RmR e 34 famílias em bibliotecas de RmS (Tabela 9). Apesar dessa diferença, a maioria das famílias da categoria S que apresentam funções associadas com a facilitação de obtenção sanguínea como família de proteínas contendo domínio kunitz, metaloproteases, cistatinas, domínio kazal, inibidor de carboxipeptidase, chimadanina, proteínas contendo cauda básica ou ácida, lipocalinas, bem como as famílias de proteínas associadas com a modulação da resposta imune do hospedeiro, como DAP-36 imunossupressora, evasinas e longicornsinas são significativamente mais expressas em bibliotecas de RmS.

Já em relação às famílias associadas com a fixação do carrapato, como cimento, cutícula, cola, seda e elastina são significativamente mais expressa em bibliotecas de RmR

(Tabela 9). Assim, em conjunto, sugerimos que os RmR estão tentando se manter fixos na pele desse hospedeiro, enquanto que os RmS fazem isso mais facilmente e apresentam maior eficiência na modulação das respostas inflamatória, imune e hemostática.

Outra observação importante sobre a biologia do carrapato refere-se a famílias de proteínas secretadas em bibliotecas de larvas não alimentadas. Nessas, foi observado que 36 famílias são diferencialmente expressas e, surpreendentemente, todos elas estão em LNARmR (Tabela suplementar 33). Além disso, os transcritos de categoria constitutivo, anotados como maquinaria de exportação de proteínas e maquinaria de síntese protéicas também estão significativamente mais expressos nesta biblioteca (Tabela 9). Assim, sugerimos que as larvas oriundas de fêmeas alimentadas em hospedeiros resistentes possuem maior quantidade desses transcritos devido à dificuldade que suas progenitoras enfrentaram em infestações anteriores quando infestaram esses hospedeiros resistentes, assim estas estão prontas para uma possível infestação nestes mesmos hospedeiros. Portanto, estes resultados sugerem que LNARmR têm uma capacidade de reprogramar a sua atividade de transcrição para se adaptar a cada situação. É digno de nota que, apesar de esses moduladores estarem abundantemente expressos em LNARmR, as infestações nesses hospedeiros resistentes muitas vezes não progridem.

Por fim, sugerimos que os carrapatos machos apresentam importantes funções durante às infestações de carrapatos. Os transcritos de R. microplus anotados como proteínas secretadas foram significativamente mais expressos em carrapatos machos, em relação aos outros estágios, e essa expressão diferencial acontecem independentemente da origem de refeição sanguínea do macho (Tabelas suplementares 34 e 35). Das 55 famílias de transcritos diferencialmentes expressos em carrapatos machos, 43 famílias foram significativamente mais expressas em MRmS e apenas 12 famílias apresentaram expressões mais elevadas em MRmR (Tabela suplementar 33). Além disso, a expressão de transcritos anotados como maquinaria de exportação de proteínas e maquinaria de síntese protéica também apresentaram aumentos significativos em bibliotecas de RmS (Tabela 9), principalmente em ninfas e machos alimentados nesses hospedeiros suscetíveis (Tabela suplementar 33).

Em conjunto, estes resultados sugerem que os carrapatos machos são essenciais para uma eficiente infestação e podem ser o principal responsável pela modulação das respostas dos seus hospedeiros, especialmente em hospedeiros suscetíveis. Em adição, os resultados mostram uma abundância de transcritos expressos por machos associados com

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Gustavo Rocha Garcia peptídeos antimicrobianos, imunossupressores, antiinflamatórios e antihemostático. Portanto, estes carrapatos machos podem ser alvos de futuras intervenções para controlar a infestação de carrapatos em bovinos.

4.4. DIGE

Outra estrátegia utilizada para identificação e busca de possíveis alvos vacinais contra o carrapato R. microplus empregada neste estudo foi a análise diferencial em gel 2D-DIGE. Esta tecnologia permite o estudo de proteínas diferencialmentes expressas em duas amostras diferentes, por exemplo, LNARmR e LNARmS; GSNRmR e GSRmS; e GSFRmR e GSFRmS. A identificação de proteínas diferencialmente expressas nessas amostras salivares de carrapatos alimentados em hospedeiros resistentes ou suscetiveis pode ser fundamental para seleção de novos alvos para compor uma vacina multicomponente anticarrapato.