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Categorias de análise

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3. METODOLOGIA DE PESQUISA

3.4. Análise dos dados coletados

3.4.2. Categorias de análise

As categorias de análise, segundo Franco (2005), representam “a classificação de elementos constitutivos de um conjunto, e um reagrupamento baseado em analogias: é o ponto crucial da análise de conteúdo” (FRANCO, 2005, p. 57). Segundo Vergara (2005), “categorizar implica isolar elementos para, em seguida, reagrupá-los” (VERGARA, 2005, p. 18). De acordo Gil (2008), este agrupamento visa organizar os dados coletados na pesquisa, conforme assinala:

“As respostas fornecidas pelos elementos pesquisados tendem a ser as mais variadas. Para que estas respostas possam ser adequadamente analisadas, torna-se necessário, portanto, organizá-las, o que é feito mediante o seu agrupamento em certo número de categorias” (GIL, 2008, p. 157)

Focalizando a indústria automobilística, o marco teórico em que se apoia a presente pesquisa, num primeiro momento, contempla os arranjos estruturais adotados pelas organizações com vistas a alcançar seus objetivos e, em etapa posterior, reúne informações de diferentes autores acerca das transformações no mundo do trabalho num contexto da dinâmica atual do mercado. Tendo isto em vista, foram definidas as seguintes categorias e subcategorias de análise, por meio das quais os dados empíricos coletados foram organizados e analisados:

Quadro 4. Categorias e Subcategorias da Pesquisa

Categorias Definições teóricas Subcategorias

Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional implica posições a serem ocupadas, normas, regulamentos e um conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das partes ou unidades organizacionais de uma empresa. (Hall, 1984)

Fatores internos às organizações:

 Complexidade (subpartes do setor) (Hall, 1984);

 Formalização (procedimentos do setor) (Hall, 1984);

 Centralização (concentração de decisões) (Hall, 1984);

 Estrutura matricial (Zilber, 2002; Sbragia, 1978).

Fatores externos às organizações:

 Controle da poluição ambiental (Borchardt et al., 2011);

Globalização (Freyssenet et al 2004);

 Inovações tecnológicas (Carvalho, 2008).

Relações institucionais com outras organizações:

 Parcerias técnicas com fornecedores (Sacomano, Truzzi e Kirschbaum, 2010; Omar, 2011);

 Condomínios industriais (Vanalle e Salles, 2011);

Trabalho na Indústria

“[...] não há uma

tendência generalizante e uníssona, quando se pensa no mundo do trabalho. Há, isto sim, uma processualidade contraditória e multiforme. Complexificou-se, fragmentou-se e heterogeneizou-se ainda mais a classe-que-vive- do-trabalho” (Antunes, 2006, p. 62)

Organização do trabalho na indústria:

Fordismo: trabalho parcelado (Tenório, 2011)

Pós-fordismo: sociologia do trabalho, trabalho orgânico (Ramos, 2009; Pinto, 2012)

Importância do trabalho:

 Sentido de existência (Pagès et al.,1987);

 Trabalho decente (aspectos qualitativos do trabalho) (OIT, 2008; Abramo, 2011);

Relações de trabalho na organização:

 Níveis de colaboração e cooperação entre os pares (Albornoz, 2002; Mey, 2001; Backes; 2012);

 Prática de controle sobre o trabalho (Faria e Bruning, 2013; Carvalho e Vieira, 2007);

 Relações de poder no trabalho (Faria e Meneghetti, 2001; Faria e Ramos, 2012).

Vínculos de trabalho na organização:

 Instabilidade (Leite, 2004);

 Precarização (Antunes, 2005; Druck e Franco, 2011);

 Terceirizações e trabalhos temporários (Castro, 1995; Alves Filho, Nogueira e Bento, 2011; Kindi, 2013);

 Trabalho atípico (influência de sindicatos, representantes) (Neves (2011).

Fonte: Elaborado pelo autor

A análise do conteúdo levantado na pesquisa de campo seguiu os critérios estabelecidos por Franco (2005), por meio da estratificação dos depoimentos em unidades de contexto (Quadro 5) e de registro (Quadro 6). Desta forma, foi possível agrupar (GIL, 2008) as respostas e elaborar os quadros sintéticos dos achados em cada subcategoria. Esta etapa da análise de conteúdo sucedeu os procedimentos iniciais estabelecidos por Vergara (2005): definição dos meios para coleta, leitura do material selecionado e definição das categorias e subcategorias de análise. A seguir são apresentados exemplos dos quadros elaborados para unidades de contexto e de registro para uma das subcategorias:

Quadro 5. Exemplo de unidade de contexto

SUBCATEGORIA ENTREVISTA_8 (E-8)

Fatores internos às organizações:

Complexidade

"[...] tem um gerente e embaixo do gerente tem três coordenadores. Um

coordenador da parte de processo, ligado às folhas de processo, redução do tempo,

implantação de modificações na linha... Tem a equipe de ferramentas por onde já passaram vários supervisores e tinha a equipe de borda de linha que já está acabando" (E-8)

Formalização

"Bom, tem diversas atividades, né. Falando no geral, o engenheiro de processo é por gerenciar o processo, as fichas de alterações no processo ou alterações do produto que gerem impacto no processo" (E-8)

Centralização

"[...] recorremos ao chefe, tecnicamente, e ele toma outras decisões de acordo com as

circunstâncias [...] existe uma reunião que eles chamam de RD, reunião de decisão. Geralmente as questões são levadas pra lá e, a não ser que seja algo que impeça a

montagem do produto, a decisão é tomada no sentido de se ter um menor investimento, ou um menor gasto" (E-8)

Estrutura matricial

"[...] na vida série me reportando a um líder e no projeto me reportando a outro. Mas às vezes eu recebia ordens dos dois e não conseguia atendê-los ao mesmo tempo [...] Até que teve um determinado ponto que a gente se reuniu numa sala e eu fiz uma reclamação formal: 'Olha, eu sou pago para atendê-los, mas não consigo fazer isso ao

mesmo tempo. Então eu peço que vocês definam a ordem, a sequência que vocês querem no trabalho, para que eu consiga atendê-los [...] Mas não foi algo tranquilo, foi

ruim'" (E-8) Fonte: Elaborado pelo autor

Quadro 6. Exemplo de unidade de registro

SUBCATEGORIA ENTREVISTADO_8 (E-8)

Fatores internos às organizações:

Complexidade uma gerência, três coordenadores, equipes Formalização múltiplas atividades

Centralização recorrer ao chefe, decisão compartilhada Estruturas matriciais hierarquias paralelas, conflito de demanda Fonte: Elaborado pelo autor

Os procedimentos ilustrados nos Quadros 5 e 6 foram replicados para todas as entrevistas, como também para as demais subcategorias analisadas. Desta forma, foi possível estabelecer a comparação (VERGARA, 2005) entre os relatos coletados junto aos sujeitos selecionados e o marco teórico que referenciou as análises interpretativas da pesquisa.

Os documentos coletados também foram analisados em conformidade com o marco teórico. A descrição da estrutura organizacional contida nos organogramas levantados na organização foi comparada com os estudos teóricos sobre os novos arranjos estruturais do campo automotivo.

Os dados cuja informação teve caráter institucional – ou seja, unidades da empresa, número de profissionais, participação de mercado etc. – serviram de base para a caracterização do Grupo ALFA dentro do segmento em que atua. Assim como os dados obtidos em anuários e publicações de confederações, associações e institutos de pesquisa do ramo automotivo.

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