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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.4 PERDAS EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA Segundo a terminologia da IWA:

3.4.1 Causas principais e consequências ao sistema

Sistemas de distribuição de água com o passar do tempo deixam de se tornar eficiente devido ao envelhecimento físico e funcional. Assim, a falta de planejamento e manutenção adequada, associado à escassez de recursos financeiros vem progressivamente reduzindo a eficiência dos sistemas de distribuição de água. Esses efeitos de ‘envelhecimento’ natural dos sistemas podem ser sentidos através dos altos índices de perdas de água. Em que altas pressões acabam gerando rupturas, aumento das despesas com manutenção e aumento significativo do consumo energético. Para evitar essas situações, empresas vêm

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ALEGRE, H. et al. Performance Indicator for Water Supply Services - 3ªEd. U.K: IWA Publishing, 2006.

buscando atender as diversas questões na gestão operacional de todo o sistema (VENTURINE e BARBOSA, 2002). A importância das perdas pode ser demonstrada através de diversas dimensões como na Tabela 2.

Tabela 2 - Dimensões das perdas.

Econômico financeira Perdas de faturamento.

Técnica Anulação da ideia de redes totalmente estanques.

Ambiental Água como recurso finito.

Saúde pública Pontos onde existem fugas são

potenciais fontes de contaminação.

Social Principalmente se o custo da água

incorporar as perdas.

Fonte: Adaptado de ALEGRE7 et. al. (2005, apud SOUZA, 2011).

Os vazamentos e as perdas físicas ao longo da rede de distribuição, segundo a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental - SNSA8 (2010 apud MEDINA e REIS, 2011) podem chegar até 80% da vazão distribuída. Além do desperdício do recurso natural, que vem sofrendo grandes pressões devido ao enorme uso, há uma grande perda econômica. Perdas que atrapalham os investimentos em ampliações ou melhorias do serviço, perdas de energia utilizada para transporte, riscos para a saúde (caso algum poluente ou agente patogênico possa ingressar na água da rede), riscos geológicos e comprometimento estrutural de obras como pavimentos, edifício e outros.

No Brasil as perdas físicas podem chegar, em média, em torno de 50% do volume de água tratada e distribuída, devido a diversos fatores como valores extremos de pressão nas redes; rupturas nas tubulações; desperdícios; vazamentos em tubulações e conexões; medidas inferiores as reais em hidrômetros; consumo público não registrado ou conexões ilegais; etc. Considera-se ainda que além da variação comum que há na rede devido a variação da demanda, as perdas contribuem para tal, ocasionando na variação da eficiência hidráulica na rede na

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ALEGRE, H.; COELHOR, S. T., ALMEIDA, M. C. A.; VIEIRA, P. 2005. Controle de perdas em sistemas públicos de adução e distribuição. Ed. Instituto Regulador de Águas e Resíduos. 2005. 8

SNSA - Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Sistema Nacional de Informações sobre saneamento: diagnóstico dos serviços de água e esgotos. Ministério das Cidades, Brasil, 2010.

qual durante o dia tem-se o consumo elevado e baixa pressão; e durante a noite, consumo baixo e alta pressão (SILVA, F. et. al., 2007).

Devido às alterações nas condições hidráulicas de uma rede de distribuição promovem-se situações não previstas em projeto, como transientes hidráulicos, alterações de qualidade da água e aumento no custo de operação (ARANHA e SILVA, 2009). Assim, ações importantes, juntamente com as outorgas e cobrança do uso, a regularização tarifária e a prestação de serviços com o intuito do uso eficiente da água, vêm sendo desenvolvidas para o combate à perda de água, entre outros, como:

International Water Association - IWA: agência que busca através de padronização de conceitos e métodos dos termos relacionados a companhias de serviços de abastecimento de água (SOUZA, 2011).

 Programa Nacional de Combate e Desperdício de água - PNCDA: instituída em 1997 com o objetivo de promover o uso racional do recurso nos sistemas de abastecimento com a finalidade de proporcionar uma melhor produtividade nestes e assim aumentar investimentos para a sua ampliação (ARANHA e SILVA, 2009; SOUZA, 2011).

 Sistema Nacional de Informações de Saneamento - SNIS: sendo um diagnóstico com informações de prestadoras de serviços que indicam o desempenho (SOUZA, 2011).

 Programa de Qualificação e Certificação em Detecção de Vazamentos Não visíveis de Líquidos sob Pressão: criado em 1999-2000 (SOUZA, 2011).

A viabilidade econômica na implantação de medidas alternativas de controle realizou-se no trabalho de Aranha e Silva (2009) ao confrontar os dados de custo despendido com a água perdida e o investimento na redução do volume de água perdida.

No trabalho de Souza et. al. (2007) destaca-se uma visão diferente sobre os vazamentos relacionados à proteção hidráulica que há na rede de distribuição na sua ocorrência. Em sua metodologia utilizou-se redes disponíveis em literatura e determinaram-se vazamentos em pontos da rede com a finalidade de avaliar o comportamento da pressão. Considerando que menores pressões resultariam na diminuição dos danos causados pelas altas pressões e/ou vazamentos. Para o estudo, utilizaram uma representação hidráulica com o enfoque das perdas serem

uma proteção da rede. Assim, tenta-se quantificar se o aumento do custo de energia e o volume de água perdida nos vazamentos compensam os custos operacionais de reparo e substituição da tubulação danificada.

Devido a Região Metropolitana do Recife possuir um volume de água não contabilizada em torno de 50% do volume distribuído estudos foram realizados no sistema. Assim, devido a operação deficiente sob o ponto de vista técnico, como descontinuidade de fornecimento e o comprometimento financeiro das empresas, Araújo e Montenegro (2002) propuseram um estudo. Com a finalidade de identificar, qualificar e quantificar as perdas existentes.

No mesmo trabalho, toma-se como foco o estudo do setor remembrado de rede de abastecimento do distrito de Cruz de Souza, município de Igarassu – PE, que possui o sistema abastecido por um poço artesiano. Para tal trabalho, realizou- se instalação de dispositivos de medição de vazão, volume e detecção de vazamentos. Além de cadastros técnicos e comerciais da concessionária COMPENSA (Companhia Pernambucana de Saneamento).