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CAPÍTULO II Mudanças Climáticas

2.1 Cenário atual das Mudanças Climáticas

As mudanças climáticas têm se constituído em um dos grandes fenômenos da atualidade passando a estar entre os principais temas de muitos encontros a nível mundial. Têm atingido direta e indiretamente diversos lugares sendo ocasionada por vários fatores que de uma forma mais ampla estão relacionados com as ações antrópicas (ALEIXO et al, 2010).

É importante, entretanto, a diferenciação entre clima e mudanças climáticas. Jumpa, (2012), menciona que o clima se refere as características naturais de uma determinada região, levando-se em consideração os aspectos de formação. Também pode ser caracterizado como a síntese do tempo em um local por um período de 30-35 anos bem como das observações de suas características atmosféricas por um longo período (AYOADE, 1996).

O clima está presente em um sistema de alta complexidade, o sistema climático, que evolui com o passar do tempo sob constante influência de suas dinâmicas internas e de fatores externos. Atmosfera, biosfera, criosfera, hidrosfera compõem este sistema interagindo e produzindo o efeito estufa de forma natural que, sem o qual, a Terra culminaria em um ambiente inóspito (JUMPA, 2012). Cabe ressaltar que a atmosfera não é estática e desta forma está constantemente passando por transformações.

Mudanças climáticas, por sua vez, faz relação com as modificações das propriedades do clima por um período de tempo maior, décadas ou séculos, em que são avaliados os históricos

de climas passados e presentes, os fenômenos envolvidos, suas causas e consequências (AYOADE, 1996).

As mudanças climáticas podem acontecer em decorrência de fatores internos e/ou externos, sendo que os fatores internos ocorrem na camada denominada de sublitosfera, não seguem um padrão linear, são complexos e não constantes, geralmente associados as atividades naturais como movimento das placas tectônicas, atividades vulcânicas entre outras. Já o segundo, os fatores externos, salvo exceções a exemplo da radiação solar, “são antropogênicos e relacionados a emissões de gases-estufa por queima de combustíveis fósseis, principalmente carvão e derivados de petróleo, indústrias, refinarias, motores, queimadas etc.” (SILVA; PAULA, 2009, p. 42). E complementam dizendo que,

Grande parte da comunidade científica acredita que o aumento da concentração de poluentes antropogênicos na atmosfera é a causa principal do efeito estufa, consequentemente do aquecimento global. Independente de sua causa, o efeito estufa antrópico ou a recuperação natural do clima após três séculos (séculos XVII a XIX) de baixas temperaturas durante o período da “Pequena Idade do Gelo” tem ocasionado efeitos devastadores nos ecossistemas (SILVA; PAULA, 2009, p. 47).

Contudo, “as emissões antrópicas aumentam as concentrações dos GEE na atmosfera, resultando em um aquecimento planetário proporcional a elas” (KRUG et al., 2019, p. 03), a exemplo da queima de combustíveis fósseis, cujo objetivo principal é o enriquecimento de capital, o ganho econômico, que emergiu com o advento da revolução industrial. Com esse aumento, o que pode ocorrer são transformações dentro do sistema e que consequentemente levam a modificações no clima. Conforme o documento Água Brasil (2015) a modificação do clima está sujeita a diversas variáveis como temperatura, concentração de água em diferentes estados, vapor de água atmosférico, pressão atmosférica e ventos.

Santos (2009) enfatiza que, se a revolução industrial, em meados do século XVIII, trouxe consigo melhorias para a qualidade de vida de grande parte da população por meio da facilidade de acesso a recursos básicos como a água, energia e a medicina, por outro lado, também foram criados um conjunto de desafios a serem solucionados na esfera ambiental. Segundo o autor, esses desafios são em decorrência das alterações climáticas antropogênicas.

A origem do problema encontra-se principalmente na problemática da energia, designadamente na dependência à escala global dos combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás natural. A combustão destes recursos naturais não-renováveis produz dióxido de carbono (Co²) que é lançado na atmosfera e nela permanece um tempo variável, mas que em média é da ordem de 100 anos. O Co² é um gás com efeito de estufa, ou seja, que absorve a radiação infravermelha, pelo que a sua acumulação na atmosfera tende a aumentar a temperatura média global da troposfera (SANTOS, 2009).

Se as mudanças climáticas possuem como causas principais o aumento na concentração de gases de efeito estufa (GEE), uma de suas consequências trata-se do aquecimento global, “isso se deve a que esses gases têm o potencial de absorver o calor emitido pela Terra na direção do espaço e reemiti-lo, aquecendo o planeta” (KRUG et al., 2019, p. 03), o que faz com que o sistema climático acumule mais energia.

Corroborando que as mudanças climáticas estão tomando proporções preocupantes, Jumpa (2012) menciona que diversos países já conseguem senti-la, outros, entretanto, já sofrem em níveis crescentes com as mudanças ocorridas. Desta forma, entre os principais fenômenos percebidos podemos mencionar o aumento no volume de chuvas esperados para vários dias ocorrendo em um único dia, deixando como consequência, rastros de inundações e destruições, arrastando pessoas e tudo o que consiga carregar, diferenças nas temperaturas, níveis dos oceanos elevados, entre outros.

Nesse contexto das influências das ações antrópicas sobre as mudanças climáticas, torna-se de fundamental importância a inserção dessa temática em todos os movimentos sociais e meios de formação. Os movimentos sociais, entretanto, possuem essa preocupação em suas pautas, a exemplo do MST (2010; 2016) ao adotarem formas de produção de alimentos, que fazem parte da construção dos saberes Camponeses, e que se contrapõem ao modelo capitalista do agronegócio, por meio da não utilização de combustíveis fósseis e o uso exacerbado de agroquímicos em suas produções (VERGES, 2017).

Blank (2015, p. 3), menciona que o relatório produzido pelo IPCC apontou que “a conservação da cobertura vegetal original e o combate ao desmatamento também devem ser utilizados como ações mitigadoras para o aquecimento global”, pois estas práticas atuam minimizando ou até mesmo eliminando mudanças ambientais que possuem grandes potenciais para causarem danos ambientais. Além disso, a emissão de gases poluentes está entre as principais causas do efeito estufa e consequentemente das mudanças climáticas sendo que “o Brasil é o quarto maior emissor de gases de efeito estufa no mundo e mais de dois terços da sua taxa de gases emitidos (62%) são provenientes do desmatamento das florestas tropicais” (BLANK, 2015, p. 3).

Diante desta complexidade, é importante que não somente os governos mais que toda a sociedade se mobilize em vista a preservação do meio ambiente entendendo a complexidade deste fenômeno que são as mudanças climáticas, adotando práticas mais sustentáveis e mudanças em seus padrões de consumo. A legislação a nível mundial e local também possuem grande importância para promover ações que unam informação e leis que propiciem melhorias

na qualidade do meio ambiente e mitigação no combate as mudanças climáticas, conforme veremos a seguir.