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SUMÁRIO 1 Introdução

4. Materiais e Métodos

4.5. Mapa de uso e ocupação e determinação do CN (Curve Number)

4.5.3. Cenário de base e cenário futuro

A construção de cenários lida com previsibilidade e a dicotomia: porvir determinístico (que se poderia antecipar conhecendo-se as leis gerais da natureza e o estado presente ou passado do mundo) e o futuro imprevisível, impossível de ser antecipado pelos homens. Para a concepção de cenários o futuro não é determinado, pois é aberto a influências, e ocorre na conjunção entre liberdade, necessidade (consequência da trajetória histórica) e vontade (manifestada na intenção, no sistema de ideias e valores que se comunga). Como tecnologia, os cenários auxiliam na tomada de decisão capaz de influenciar o futuro, de construir a realidade desejada. Cenários não têm, portanto, finalidade de prever o futuro, mas melhorar e sistematizar a observação do ambiente através de uma postura antecipatória.

Definiu-se, no cenário de base, que a bacia do Córrego do Mineirinho seria ocupada apenas pela classe ‘mata’, classificada sob valor de CN 60 - mata em condição hidrológica razoável, como a classificação apresentada por USDA (1986). O cenário de base foi construído para servir de referência aos outros dois, o atual e o futuro. Considerou-se que simular a condição pré-urbanização era importante por dois motivos: primeiro, para comparar as alterações de carga e volume de escoamento entre o cenário atual e futuro, com as alterações ocorridas entre um passado no qual a bacia ainda apresentava cobertura natural, e o estado de ocupação atual; o outro fator pelo qual se optou pela escolha do cenário de base foi que ele permitiria analisar as respostas dos dois modelos frente a uma situação sem ocorrência de áreas impermeáveis. Nos cálculos, os modelos consideram as áreas permeáveis e impermeáveis de modo distinto. O L-THIA funciona de modo distribuído, para as áreas permeáveis como para as impermeáveis. Por outro lado, o SWMM opera por meio de dois parâmetros, a porcentagem de área impermeável, e o valor médio de CN para áreas permeáveis. Assim, pretendeu-se, com o cenário de base, processar ambos os modelos sob condições de uso e ocupação estritamente idênticas, visto que, neste cenário, a porcentagem de área impermeável inserida no SWMM seria igual a 0 (e o L-THIA não leva em consideração este parâmetro), e o CN médio das áreas permeáveis utilizado pelo SWMM

seria igual ao valores de CN distribuídos, forma pela qual o L-THIA considera este parâmetro.

O cenário teve como objetivo fornecer uma representação esquemática de um porvir plausível para bacia do Córrego do Mineirinho, no que tange a ocupação do solo, A elaboração do cenário fundamentou-se na reflexão sobre os condicionantes da realidade atual capazes de indicar tendências de futuro. Os condicionantes considerados de relevância foram: o histórico da urbanização da bacia e as diferentes lógicas de ocupação no decorrer do tempo, e o Plano Diretor, pois é um documento que se configura como um ponto de inflexão na apropriação do espaço. Além disso, a implantação do Campus 2 da Universidade de São Paulo foi considerado influente no processo de alteração do uso e ocupação do solo, pois se constitui em um forte indutor de crescimento. As construtoras de condomínios fechados também são atores importantes nesse processo, visto que, em boa parte das áreas não loteadas da bacia, está prevista a construção desse tipo de empreendimento.

Para o cenário futuro, foi considerada a conversão de boa das parcelas ociosas, ocupadas por gramíneas e solo exposto, em áreas residenciais, baseando-se na Figura 5, extraída da apresentação da revisão do Plano Diretor do município, disponível no site da prefeitura. A Figura 5 apresenta a situação da ocupação das áreas do município, os empreendimentos implantados, em implantação, aprovados, ou em fase de análise pelo poder público.

Figura 5 - Expansão urbana na bacia do Córrego do Mineirinho. Fonte: PMSC (2011).

A porcentagem de área permeável fixada para esses novos loteamentos foi a preconizada pelo Plano Diretor, ou seja, 15% para as Zonas 1 e 2, e 20% para Zona 4B. Houve também a consideração de que todos os terrenos baldios seriam ocupados, com grau de impermeabilização semelhante ao do arredor. Além disso, foram observadas as porcentagens destinadas às vias e às áreas de lazer e institucional, previstas pelo Plano Diretor. Da extensão total do empreendimento, 16% devem ser destinados à construção das vias, 10% para implantação de áreas de lazer e 8%, às áreas institucionais.

A classe ‘agricultura’ foi transformada em área residencial. Esta consideração é razoável já que, o Plano Diretor do município, a Zona 4B, onde ocorrem os terrenos agrícolas, apresenta como característica forte tendência à expansão urbana, com diretrizes no sentido de regulamentar e disciplinar os empreendimentos que incorrerão em mudança do uso do solo rural, e integrá-los à malha urbana existente. Porém, por estar contida a Zona 4B na Macrozona de Uso Multifuncional Rural, a porcentagem de área impermeável foi menor que o definido para os outros loteamentos futuros, e, ademais, foi considerado os 20% referentes à Reserva Legal.

Quanto à classe ‘mata’, definiu-se um desenho otimista do futuro, no qual houve a assunção de que a mata ciliar obedecerá ao previsto em legislação, exceto nas regiões da bacia

onde isto era infactível, pela existência de vias, residências, ou outras benfeitorias consolidadas. Este otimismo foi calcado na observação das mudanças ocorridas na bacia, em especial, no que se refere à conservação da mata ripária. O estado de conservação destas áreas foi muito pior, e hoje, podem-se notar os resultados da recuperação. É verdade que, em muitos trechos, a situação é ainda muito precária, mas, de toda forma, optou-se por uma postura mais otimista. Além disso, considerou-se os 20% de Reserva Legal nas sub-bacias 1 e 4, que tem parte de seus territórios enquadrados na zona na Zona 4B, da Macrozona Multifuncional Rural, pois, para fins de planejamento e de controle da ampliação das cheias e da produção de poluição difusa, o estabelecimento e a manutenção de espaços vegetados na bacia é de crucial importância.